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Gorilas com covid-19 preocupam cientistas

Contágio de animais por humanos levantam dúvidas sobre os riscos de o vírus circular na vida silvestre e retornar ainda mais perigoso

gorilas com covid

Animais do zoológico de San Diego se recuperaram, mas o caso levanta dúvidas sobre riscos futuros | Foto: Getty Images

No início deste ano, dois gorilas começaram a tossir no Zoo Safari Park de San Diego, nos Estados Unidos. Testes mostraram que o o vírus causador da covid-19 estava entre eles.

As autoridades locais acreditam que os animais foram contaminados por um dos cuidadores que provavelmente estava sem os sintomas da doença.

 Em poucas semanas, os animais doentes se recuperaram. Um deles recebeu medicamentos contra infecção e antibióticos, e provavelmente estaria morto se estivesse doente na floresta.

Para o noticiário da noite, foi uma história animal com um final feliz. Mas, para alguns biólogos e veterinários ouvidos pelo The New York Times, foi um sinal de que a pandemia pode ter consequências ainda mais graves para a humanidade a longo prazo.

A covid-19 é uma zoonose, ou seja, uma doença produzida por um vírus ou outro organismo que se espalhou em humanos a partir de um animal. O mais provável é que tenha vindo de um morcego.

Há vários registros de transmissão de covid-19 humanos para diferentes animais, e estudos laboratoriais mostraram que gatos domésticos também são suscetíveis à infecção e podem transmiti-lo a outros gatos. Cães são menos suscetíveis.

A Associação de Zoológicos e Aquários, juntamente com a Associação Americana de Veterinários de Zoológico, emitiu um alerta sobre a necessidade de distanciamento dos humanos em relação a grandes felinos.

O risco da propagação na natureza

Dois biólogos especializados em vida selvagem ouvidos pelo The New York Times alertam para o risco da propagação da doença entre os gorilas e macacos.

A exposição de macacos selvagens a vírus respiratórios humanos é especialmente preocupante, porque eles têm células respiratórias muito semelhantes às dos humanos.

Décadas de experiência de campo, bem como relatos na literatura científica mostram que a transmissão de vírus humanos para macacos pode trazer sérias consequências. No caso da covid-19 o perigo é a capacidade do vírus de infectar e ser transmitido não apenas entre primatas, mas também gatos e ratos e veados e outros animais.

O perigo é vírus entrar no ciclo silvestre e passar a circular infinitamente em populações de animais selvagens, voltando aos humanos com novas mutações.

Em cinco anos, quando grande parte da população mundial tiver sido vacinada contra o Covid-19, ainda restará milhões de pessoas não vacinadas, por teimosia ou falta de oportunidade, e o vírus continuará circulando na vida selvagem, mutando e evoluindo de maneiras que ninguém pode prever. Se isso acontecer, os especialistas poderão citar, mais uma vez, a lição de Charles Darwin escrita há mais de um século e meio: Nós também somos animais.

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