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Grandes navios, enormes prejuízos

O transporte marítimo evolui e produz embarcações cada vez maiores, mas em caso de acidentes as perdas são gigantescas

ever given visto de cima

O cargueiro Ever Given encalhou e travou a maior hidrovia do mundo, causando um enorme congestionamentos de navios | Foto: Reprodução

O navio de contêineres Ever Given, um dos maiores do mundo, ficou seis dias encalhado no Canal de Suez, bloqueando o tráfego marítimo através da principal via de comércio global até ser liberado nesta segunda-feira, 29.

Alguns analistas falam em prejuízo de mais de US$ 10 bilhões por dia ao comércio marítimo, sem falar na desorganização da cadeia produtiva em muitos países.

Navios de várias partes do mundo carregados de mercadorias de todos os tipos tiveram de aguardar uma demorada operação para desencalhar o cargueiro gigante, um dos maiores do mundo. Alguns optaram por dar a volta na África, em um percurso duas semanas mais demorado e muito mais custoso.

Com embarcações cada vez maiores, a indústria naval melhora a rentabilidade nos transportes marítimos. Mas, quando ocorre um acidente, o prejuízo é igualmente gigantesco.

Confira outros exemplos de grandes navios que entraram para a história pelos enormes prejuízos que causaram:

Stellar Banner

No dia 24 de fevereiro de 2020, o graneleiro VLOC Stellar Banner, com 294 mil toneladas de minério, partiu do porto de Ponta da Madeira, no Brasil, com destino a Qingdao, na China. O navio sofreu um tipo de acidente comum, provocado pela entrada de água nos porões de carga. Ficou parcialmente submerso ao norte de São Luís, Brasil, no dia seguinte à partida. Ninguém saiu ferido e o acidente não provocou poluição, mas no navio teve perda total e foi afundado a 170 km da costa.

Graneleiro Wakashio

O navio graneleiro japonês Wakashio encalhou em um recife de coral em 25 de julho de 2020. Cerca de 1.000 toneladas de combustível vazaram. A tripulação estava comemorando o aniversário de um marinheiro a bordo do navio e teria navegado perto de terra em busca de um sinal de Wi-Fi. O capitão e o vice-capitão foram presos.

Costa Concórdia

Costa Concórdia, abandonado pelo capitão Schettino em 2012 | Foto: Reprodução

O navio de cruzeiro Costa Concordia encalhou em rochas sub-aquáticas no dia 13 de janeiro de 2012. A embarcação seguia junto à costa da Isola del Giglio, na região da Toscana. 32 pessoas morreram. Após um solavanco e um corte de corrente elétrica, o comandante comunicou que havia uma avaria no gerador e que em breve a energia seria restabelecida. Na sequência, foi dada a ordem de abandonar o navio, que adernou e ficou com aproximadamente dois terços dentro da água. A memorável bronca do chefe da Guarda Costeira da Itália no capitão Francesco Schettino, comandante do Costa Concórdia, entrou para o folclore da navegação. Ele havia abandonado o navio e a ordem via rádio foi firme: “Vada a bordo, cazzo”. O capitão disse que foi arremetido na hora do choque e caiu no mar. Ele foi suspenso pela operadora Costa Crociere e ficou em prisão domiciliar até o dia 5 de julho de 2012. O navio começou a ser desmontado no porto de Gênova em maio de 2015.

Al Salam Boccaccio

No dia 3 de fevereiro de 2006, o navio de passageiros Al Salam Boccaccio 98, de bandeira egípcia, naufragou no Mar Vermelho quando seguia de Dubai, nos Emirados Árabes, para Safaga, no sul do Egito. Foi um dos maiores desastres marítimos do século XXI. Morreram 1.020 dos 1.400 passageiros. A causa teria sido um incêndio que começou na sala de máquinas.

Salem Express

O navio de passageiros Salem Express afundou depois de colidir com o recife Hyndman Reef, em 17 de dezembro de 1991, causando a morte de 1.400 pessoas.

Exxon Valdez

Exxon Valdez: um dos maiores acidentes ecológicos da história | Foto: Reprodução

O petroleiro Exxon Valdez ganhou notoriedade em 24 de março de 1989, quando um volume estimado entre 257 mil e 750 mil barris de petróleo que transportava esparramou no mar após uma colisão contra rochas submersas. O acidente aconteceu na costa do Alasca, depois de o navio encalhar na Enseada do Príncipe Guilherme. Ainda são estudadas as consequências do acidente sobre a fauna e flora marinha da região. As indenizaçóes e custos com limpeza assumidos pela Exxon acumulam mais de quinhentos milhões de dólares. Centenas de milhares de animais morreram nos meses seguintes ao vazamento do óleo. De acordo com as estimativas, morreram 260 mil pássaros marinhos, 2,8 mil lontras marinhas, 250 águias e 22 orcas, além da perda de bilhões de ovos de salmão. Foi o segundo maior derramamento de petróleo da história dos Estados Unidos. Na época, o navio pertencia à ExxonMobil. Em 2002, a União Europeia proibiu a utilização de navios petroleiros de casco simples e o Exxon Valdez foi convertido para trabalhar como graneleiro para transportar minérios. Em 2011, foi vendido a uma companhia de sucata da Índia, para ser desmantelado.

Doña Paz

No dia 20 de dezembro de 1987, o návio de passageiros filipino Doña Paz colidiu com o petroleiro Vector MT. As duas embarcações pegaram fogo. O Doña Paz afundou em águas infestadas de tubarões de Tablas Strait. 4.386 pessoas morreram. Apenas 24 sobreviveram. Dos 13 tripulantes do MT Vector, apenas dois sobreviveram. Muitos afirmam que Doña Paz transportava ilegalmente mais de 4.000 passageiros, quando o navio poderia suportar apenas 1.518 pessoas. Apenas 21 corpos foram recuperados. A revista Time afirmou que o naufrágio do Doña Paz foi o mais mortífero desastre marítimo do século 20.

Kiangya

O navio a vapor de passageiros chinês Kiangya afundou no rio Huangpu ao sul de Xangai, no dia 04 de dezembro de 1948, causando a morte de 2.750 a 3.920 pessoas. Apenas 700 a 1.000 pessoas sobreviveram, pois foram resgatadas por outras embarcações. O motivo do naufrágio foi uma explosão que ocorreu quando o navio atingiu uma mina deixada pela Marinha Imperial Japonesa na 2ª Guerra Mundial.

Le Joola

Em 26 de setembro de 2002, a balsa estatal senegalesa Le Joola naufragou ao largo da costa da Gâmbia. Com capacitade para 536 passageiros, transportava 1.927, mais de três vezes o limite. 1.863 morreram em um dos maiores acidentes da história.

Mont-Blanc

No dia 6 de dezembro de 1917 o navio de carga Mont-Blanc colidiu com o navio norueguês, SS Imo em Halifax, no Canadá. Ele carregava explosivos altamente voláteis. O acidente ficou conhecido como Halifax Explosion. Quase 2.000 pessoas morreram. A tripulação era formada por 40 marinheiros, mas havia cerca de 2.000 pessoas na costa de Halifax.

Titanic

O RMS Titanic deixou 1.517 mortos | Foto: reprodução

O RMS Titanic, lançado como a maior embarcação do mundo e também como “inafundável”, chocou-se um um iceberg e afundou no Atlântico Norte no dia 15 de abril de 1912. O acidente foi na viagem inaugural de Southampton, Reino Unido, para Nova York. No acidente morreram 1.517 pessoas. A tragédia motivou leis para melhorar a segurança do transporte marítimo.

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