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Grávidas e vacina contra covid: o que é preciso saber

A morte de uma grávida após receber vacina mudou o calendário das gestantes, mas vírus ainda é o maior risco

Vacina em grávidas

Veja o que muda para grávidas que tomaram a primeira dose da AstraZeneca e para as que ainda não se vacinaram | Foto: Getty Images

De janeiro a maio, 6.416 ocorrências de síndrome respiratória aguda grave em grávidas foram registradas no Brasil: 4.103 dos casos foram confirmados como covid-19. Desses, 505 evoluíram para a morte, 475 em decorrência da covid-19. É muito.

Desde a chegada da AstraZeneca no país até o dia 10 de maio, mais de 15 mil grávidas receberam a vacina hoje produzida pela Fiocruz. Desse grupo de vacinadas – cujos números ainda não foram atualizados -, só existe a confirmação da morte de uma gestante e seu bebê.

A morte da gestante em maio, no Rio de Janeiro, alguns dias depois de receber a AstraZeneca, levou a mudanças no calendário de vacinação desse grupo.

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Relembre o caso

A grávida faleceu em decorrência de um acidente vascular muito raro, chamado Síndrome de Trombose com Trombocitopenia (TTS).

Embora ainda não haja comprovação da relação entre a vacina e a trombose, o calendário de vacinação para gestantes e mães recentes (com partos realizados em até 45 dias) com a AstraZeneca foi, em um primeiro momento, solicitada pela Anvisa e acatada pelo Ministério da Saúde.

Depois da avaliação da câmara técnica que assessora o Programa Nacional de Vacinação, o imunizante Oxford-AstraZeneca voltou a ser indicado às gestantes e jovens mães, mas não a todas, nem da mesma forma.

Trombose em grávidas pode ter outra causas

“A TTS é muito rara, embora alterações vasculares sejam comuns em grávidas e podem ter muitas origens”, diz Mônica Levi, diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).

“Não podemos, porém, ficar indiferentes ao fato de a AstraZeneca e todas as demais vacinas contra covid-19 não terem sido testadas em gestantes, o que sempre exige atenção redobrada nas decisões.”

A especialista não tem dúvida, porém, que o benefício de receber a vacinação é muito maior que a possível reação adversa, já que a covid-19 é comprovadamente mais grave e letal em gestantes do que possíveis reações adversas. Em 2021, o risco de morte de gestantes por covid-19 foi 20 vezes maior do que a TTS, por exemplo.

“É importante ter em vista que o grande risco para as gestantes e seus bebês é a covid-19”, enfatiza Levi.

A Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia, a Sociedade Brasileira de Pediatria e Associação Médica Brasileira, com a SBIm divulgaram na última semana comunicado alertando sobre a importância da imunização de gestantes:

“A Febrasgo, a SBIm, a SBP e a AMB reforçam que a Covid-19 em gestantes  está associada a risco elevado de morbidade e mortalidade materna, além do maior risco de prematuridade e óbito fetal”, diz a nota.

Informações atualizadas sobre mitos e verdades sobre a vacina para grávidas podem ser acompanhadas no site da Sociedade Brasileira de Imunizações.

Como fica a vacina para as grávidas

A AstraZeneca é uma das três opções de vacina contra a covid-19 no Brasil. Com a redução da produção da Coronavac, ela se torna opção importante no programa de imunização.

O Departamento de Saúde do Reino Unido divulgou nesta segunda-feira, 24, a eficácia da AstraZeneca na proteção conta a variante da Índia e identificada no Maranhão, a  B.1.617.

A recomendação agora para as grávidas que receberam a primeira dose da AstraZeneca é aguardarem, se possível em isolamento, o fim do período de 45 dias depois do parto para tomarem a segunda dose da mesma vacina.

Grávidas sem doenças pré-existentes, podem continuar recebendo as outras opções de imunizantes, Coronavac e Pfizer, seguindo o calendário e intervalos tradicionais, com concordância entre médico e paciente. O Ministério da Saúde só recomenda a vacinação às gestantes com doenças crônicas e comorbidades com Coronavac e Pfizer .

Às gestantes com comorbidades ou em condição de exposição (profissionais de saúde, trabalhadoras de serviços essenciais), recomenda-se também a vacinação com Coronavac e o imunizante da Pfizer.

Sintomas que pedem atenção em gestantes que receberam a AstraZeneca:

  • Inchaço em perna
  • Dor abdominal persistente
  • Sintomas neurológicos, como dor de cabeça de forte intensidade, visão borrada, dificuldade na fala ou sonolência.
  • Pequenas manchas avermelhadas na pele (além do local em que foi aplicada a vacina)

O sintomas acima devem ser observados a partir do 4.o até o 28.o dia após a aplicação do imunizante.

Fontes: Ministério da Saúde, Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e Associação Médica Brasileira (AMB)  

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