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Após festas, casos de covid e gripe disparam no Brasil

País tem aumento de mais de 300% na média móvel de casos de covid, e os hospitais de vários estados enfrentam filas de pacientes com sintomas

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Fila de pacientes no pronto socorro do hospital São Camilo na Zona Oeste de São Paulo | Fotoarena/Estadão Conteúdo

O Brasil notificou 27,5 mil novos casos de covid-19 na quarta-feira, 5, elevando a média móvel de testes positivos nos últimos sete dias para 12,3 mil. O novo índice representa um aumento de 318% em relação ao registrado há exatas duas semanas e acende o alerta de especialistas e gestores que, preocupados com as aglomerações nas festas de fim de ano e o surto de influenza que atravessa o País, temem uma sobrecarga dos sistemas públicos de atenção primária à saúde.

Os Estados com as maiores populações do País têm registrado aumento de infecções e internações por covid-19 e influenza. São os casos de São Paulo, Rio, Pernambuco, Bahia, Rio Grande do Sul e Minas Gerais. Em alguns locais, já há fila por vaga em UTI.

Não bastassem duas variantes altamente transmissíveis de covid (ômicron e delta) e influenza (H3N2, batizada Darwin), o ataque hacker às plataformas do Ministério da Saúde no final de novembro ainda reverbera no apagão de informações primordiais para o desenvolvimento de políticas públicas.

É o caso do Sistema de Vigilância Epidemiológica da Gripe (SIVEP-Gripe), que retomou as notificações, mas ainda não restabeleceu o acesso aos dados abertos de internações por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), referentes em sua maioria à gripe e ao coronavírus.

“Como não há nenhum acesso a esses dados completos, ficamos completamente de mãos atadas e olhos vendados. Dependemos muito dos sistemas locais de cada município, o que torna tudo mais difícil para avaliar o cenário nacional”, explica Marcelo Gomes, coordenador do Infogripe, da Fiocruz, e pesquisador em Saúde Pública.

Pacientes com sintomas de gripe e covid enfrentam filas em hospitais

Apenas em São Paulo, a média móvel de hospitalizações diárias por SRAG mais que dobrou no último mês, chegando a 566 pacientes de covid ou influenza na última terça-feira. Já nesta quarta, outros quase 3 mil casos de coronavírus foram registrados no Estado, um indicativo de que o índice pode aumentar ainda mais nos próximos dias.

No Rio de Janeiro, o número de casos confirmados da covid-19 disparou desde meados de dezembro. No último dia 16, foram feitos apenas dezesseis novos registros, contra 435 há dois dias. Nesta quarta-feira, 5, a taxa de positividade de testes para a doença foi de 17%. No início do mês passado, essa taxa era 1%.

O teste genético que determina a variante do coronavírus é mais difícil de ser feito e mais demorado. Em todo o Estado, há 312 casos suspeitos sob testagem. Também não se sabe ainda o número de infecções simultâneas pela covid e pelo vírus da gripe.

Apesar de alarmante, a situação configura uma crise menor do que as duas primeiras ondas de covid que lotaram leitos de UTI pelo País em 2020 e 2021. No Rio, a taxa de ocupação das enfermarias na rede estadual está em 8%, enquanto a de UTIs Covid-19 é 9,7%. Nas unidades municipais há 24 pessoas internadas pela doença.

O Distrito Federal, que já considera ter transmissão comunitária da variante ômicron, também espera maior procura pelos sistemas de atendimento primário à saúde e “total relação com o rechaço das festividades de fim de ano”, mas descarta, pelo menos por ora, impacto nas mortes e internações, que ocupam apenas 47% dos leitos de UTI-Covid. A média diária de testes positivos para o coronavírus, entretanto, saltou de 65 para 365 entre dezembro e janeiro.

O Rio Grande do Sul, que passa por cenário similar e teve aumento de 740% na média diária de novos casos registrados nas duas últimas semanas, também segue a tendência de casos leves, com a maioria dos casos expressando sintomas como febre e mal estar.

Em Pernambuco, a preocupação vem do aumento expressivo na procura de unidades de saúde em praticamente todos os municípios. De acordo com dados oficiais divulgados na terça, 265 pessoas com doenças respiratórias graves aguardavam vagas de UTI e de enfermaria na rede pública. O tempo médio de espera para um leito pode variar de dois dias a uma semana. (AE)

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