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Risco fiscal e China fazem Ibovespa cair abaixo dos 112 mil pontos

Mercado teme que aumento provisório do IOF se torne permanente, e no exterior o risco de quebra da incorporadora chinesa Evergrande também afeta bolsas globais

Ibovespa

O aumento da alíquota do IOF sobre operações de crédito para empresas e pessoas físicas, anunciado ontem pelo governo, piorou o clima no mercado | Foto: Getty Images

Ibovespa passou por uma nova série de mínimas e perdeu os 112 mil pontos nesta sexta-feira, 17. O aumento do IOF foi um dos motivos da queda das ações, mas o exterior também pesou. A desconfiança de investidores passa por questões locais, entenda-se fiscal, e externas, especialmente no que diz respeito à China.

Bolsa: O Ibovespa encerrou a sexta-feira em queda de 2,07%, aos 111.439 pontos. O S&P 500 perdeu 0,91%, aos 4.433 pontos.

Câmbio: O dólar fechou o dia em alta de 0,41%, cotado a R$ 5,29. Já o euro subiu 0,08%, a R$ 6,20.

“São várias notícias influenciando. As ações da Vale -2,88% caindo com a queda do minério, medo de que na China a incorporadora chinesa Evergrande quebre, o que eleva o temor em relação ao desaquecimento global, de que isso se espalhe pelo mundo. No Brasil, tem o fiscal ainda incerto”, afirma Lucas Mastromonico, operador de renda variável da B.Side Investimentos, escritório plugado ao BTG Pactual.

Segundo ele, apesar de o aumento do IOF ser temporário, o mercado teme de que se torne permanente, pressionando mais a saúde da economia, que tenta recuperação.

Preocupação com quebra de empresa chinesa afeta o Ibovespa

Notícias internas, preocupações com China e o tom negativo no exterior embutem cautela à Bolsa brasileira. O aumento da alíquota do IOF sobre operações de crédito para empresas e pessoas físicas, anunciado ontem pelo governo, para ampliação do programa Bolsa Família, rebatizado de Auxílio Brasil, desagrada, à medida que, mesmo temporário, há o medo de que se torne permanente.

Isso porque a medida vem num momento em que a economia tenta se recuperar dos efeitos da pandemia – com alguns sinais até de fraqueza -, está com inflação elevada e endividamento recorde.

Além disso, impõe cautela a nova queda do minério de ferro (-4,91%) no porto chinês de Qingdao, enquanto o governo segue com a política de redução na produção de aço.

Ainda nesta seara, cita Samuel Cunha, sócio e economista da H3 Invest, o UBS cortou recomendação de ADRs de Vale.

Queda do preço do minério, aumento do IOF e risco fiscal preocupam

“Mesmo com os dados positivos do varejo americano ontem, o Fed deve reforçar semana que vem que pretende iniciar o processo de retirada dos estímulos logo, o que resultará em menos liquidez no mundo. Aqui, além da queda do minério, tem ainda o IOF. Tudo relacionado a aumento da carga tributária tende a desagradar, ainda mais visando uma medida populista”, diz.

Depois do viés de baixa, perto da estabilidade, as bolsas norte-americanas aprofundaram as perdas, depois da divulgação do índice de confiança do consumidor (preliminar) de Michigan, que mostrou alta a 71 em setembro, ante previsão de 72.

Prevalece o sinal de queda no exterior. As bolsas europeias e as de Wall Street operam majoritariamente em baixa nesta manhã, “reiterando o momento de reavaliação na renda variável, em meio aos recordes alcançados recentemente e aos questionamentos sobre o fôlego da retomada global”, avalia em nota o economista Silvio Campos Neto, da Tendências Consultoria.

Nem mesmo informação de que o conselho de administração da Vale aprovou o pagamento de R$ 40 bilhões em dividendos, alivia.

Ontem, o índice Bovespa fechou em baixa pelo terceiro dia seguida, com desvalorização de 1,10%, aos 113.794,28 pontos.

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