Ibovespa recua 1,02% e fecha semana em 115,8 mil pontos; dólar cai a R$ 4,87
Com novas quedas nas duas últimas sessões, Bolsa termina a semana em ligeira alta de 0,37%, em dia de tensão com alerta do Fed sobre juros nos EUA
25/08/2023Mesmo em baixa nas duas últimas sessões da semana, o Ibovespa conseguiu acumular leve ganho no período, o primeiro desde o trecho entre 17 e 21 de julho, quando havia avançado 2,13%. De lá para cá, foram quatro perdas semanais, sequência interrompida nesta sexta-feira por ganho de 0,37% desde a última segunda-feira. Dólar fecha a sexta-feira em queda de 0,09%, cotado a R$ 4,8756.
Os ajustes negativos de quinta e sexta foram menores do que a alta que os precedeu, na terça (+1,51%) e quarta-feira (+1,70%), após um início de semana ainda em baixa, de 0,85%. Nesta sexta-feira, a Bolsa caiu 1,02%, a 115.837,20, sem conseguir acompanhar a melhora ao longo da tarde em Nova York, onde os três principais índices de ações se firmaram em alta e subiram entre 0,67% (S&P 500) e 0,94% (Nasdaq) na sessão.
Saiba mais
- Mercado vê relaxamento monetário mais distante nos EUA após fala de Powell
- Onde investir em agosto, para aproveitar a onda de corte dos juros
- Como operar na bolsa de valores com a segurança da Safra Corretora
Nesta sexta, as principais ações do Ibovespa voltaram a operar em bloco no negativo, com destaque ainda para o setor financeiro, onde as perdas entre os grandes bancos chegaram a 1,58% (Itaú PN) no fechamento do dia, também ruim para Petrobras (ON -0,79%, PN -0,68%), apesar do avanço acima de 1% para o Brent nesta sexta-feira. Vale ON chegou a ensaiar leve alta, mas fechou o dia em baixa de 0,21%, avançando 1,39% na semana, mas ainda cedendo 7,96% no mês, em meio a preocupações quanto ao ritmo de atividade econômica na China. No ano, Vale ON cai 26,81%.
Em agosto, mês em que esteve bem mais conectado ao cenário externo do que ao doméstico, o Ibovespa cede até aqui 5,01%. Do dia 18, sexta-feira passada, para cá, o índice tem mostrado estabilização, após a série histórica de 13 perdas diárias, entre 1º e 17 de agosto, a mais longa desde o começo de 1968. Apesar de extenso, o grau da correção foi discreto, com o Ibovespa tendo recuado 5,71% no mês até o dia 17. Desde o dia seguinte, 18, em seis sessões, mostrou três altas e três baixas, com a desta sexta – mas com ajustes negativos que vinham se mantendo inferiores a 1%, por sessão.
Assim, o índice se lateraliza, tendo suportado o teste dos 114 mil pontos – na mínima do intervalo, no dia 21, foi a 114.066,51 pontos no intradia, menor nível desde 6 de junho, então a 112.695,60 pontos durante aquela sessão. Nesse contexto, o giro financeiro voltou a se enfraquecer, a R$ 18,7 bilhões nesta sexta-feira, em que o índice da B3 oscilou dos 115.396,62 aos 117.252,11, saindo de abertura aos 117.025,02 pontos. No ano, o Ibovespa sobe 5,56%.
Destaques do pregão no Ibovespa
Na ponta do índice nesta última sessão da semana estiveram São Martinho (+4,02%), SLC Agrícola (+1,89%) e Raízen (+1,61%), com Pão de Açúcar (-7,23%), CVC (-6,58%) e MRV (-5,58%) no lado oposto.
Na agenda doméstica desta sexta-feira, os investidores tomaram nota da prévia da inflação oficial de agosto, o IPCA-15, em leitura acima do esperado, e, em menor medida, do IDP, os investimentos diretos no País, que vieram em julho no menor nível para o mês desde 2018, a US$ 4,244 bilhões, apesar da melhora, na margem, em relação a junho. A fraca leitura em comparação a julho de 2022 (US$ 7,2 bilhões) vem no momento em que se monitora de perto os efeitos, sobre a conjuntura doméstica, de um cenário externo ainda desafiador, com juros elevados nos Estados Unidos e na zona do euro e grande incerteza quanto à performance da China.
Na agenda externa, a atenção esteve voltada, também desde a manhã, ao aguardado discurso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, no simpósio anual de Jackson Hole, nos Estados Unidos. O discurso mostrou que ainda há muita incerteza, nesse momento, na condução da política monetária. As declarações sugerem que a manutenção dos juros em patamar elevado por um período prolongado é preferível a subir ainda mais a taxa básica nos EUA.
Após a fala de Powell, no fim do dia veio o pronunciamento de outra autoridade monetária muito relevante, a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, que apontou que “apesar dos progressos, a luta contra a inflação ainda não está vencida”, defendendo que os juros sejam mantidos em níveis restritivos pelo tempo necessário para que a inflação convirja para a meta.
Dólar fecha semana cotado a R$ 4,87 após recado do Fed em Jackson Hole.
Após ter tocado R$ 4,90 no fim da manhã, sob impacto inicial do discurso do presidente do Federal Reserve (Fed, o BC norte-americano), Jerome Powell, no Simpósio de Jackson Hole, o dólar à vista perdeu força ao longo da tarde e encerrou a sessão desta sexta-feira, 25, em queda de 0,09%, cotado a R$ 4,8756. Na semana, a moeda apresenta desvalorização de 1,86% – o que reduziu os ganhos acumulados em agosto a 3,09%.
A movimentação do real ao longo do dia pode ser atribuída, em grande parte, ao ambiente externo. O dólar abriu em queda e desceu até a mínima de R$ 4,8581 na primeira hora de negócios, em meio ao avanço do minério de ferro e de commodities agrícolas, na esteira de anúncio de medidas do governo chinês de apoio ao setor imobiliário.
No Brasil, a alta de 0,28% do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) em agosto, no teto do intervalo de Projeções Broadcast, tirou força das apostas em corte mais agressivo da taxa Selic e deu suporte ao real. A maré virou com a aceleração dos ganhos da moeda norte-americana no exterior e do avanço das taxas dos Treasuries após Powell sinalizar necessidade de política monetária restritiva por mais tempo.
Ao longo da tarde, contudo, os dois vetores que abalavam o real – taxas dos Treasuries e apreciação do dólar no exterior – perderam força, com investidores digerindo discursos de outros dirigentes do Fed e ponderando a própria fala de Powell. Após tocar máxima aos 104,447 pontos, índice DXY – que mede o desempenho da moeda americana frente a seis divisas fortes – desacelerou bastante, operava no fim da tarde ao redor 104,100 pontos. Houve certa recuperação do euro e da libra com discurso duro contra a inflação da presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde.
Além disso, retornos dos Treasuries longos perderam fôlego na segunda etapa dos negócios, com o retorno do papel de 10 anos em baixa. Divisas emergentes pares do real, como peso mexicano e chileno, também ganharam força. Destaque para o rand sul-africano, com ganhos de cerca de 0,70% ante o dólar. As cotações futuras do petróleo subiram, com o contrato do Brent para fechando em alta de 1,24%, a US$ 83,95 o barril.
Após experimentarem perdas fortes na primeira quinzena de agosto, em um claro movimento de realização de lucros estimulado pela mudança de nível das taxas dos Treasuries, as moedas latinas esboçaram uma recuperação técnica nos últimos dias. Esse movimento se dá em meio a altas consecutivas do preço do minério de ferro e à expectativa de medidas mais assertivas do governo chinês evitar alastramento dos problemas no setor imobiliário. (AE)