Ibovespa sobre e retoma os 118 mil pontos com esforço fiscal do governo
Bolsa fecha em alta de 1,1%, aos 118,4 mil pontos, mas ainda acumula queda de 2,9% em agosto; Dólar cai a R$ 4,85
29/08/2023O Ibovespa retomou a linha dos 118 mil pontos, ao conseguir o quinto fechamento positivo em um mês de muitas quedas. Apesar da extensão das perdas que se sucederam na maior parte do mês, a dimensão do ajuste negativo foi discreta, limitada agora a 2,90% em agosto. Nas últimas seis sessões, desde o dia 22, o índice alternou-se entre ganhos duplos e perdas duplas, obtendo assim quatro das cinco altas desde 1º de agosto, após ter enfileirado quedas em todas as sessões do mês até o último dia 17.
Nesta terça, a referência da B3 oscilou dos 117.123,70, da abertura, aos 118.493,13 pontos, na máxima do dia, fechando em alta de 1,10%, aos 118.403,61 pontos, com giro financeiro ainda moderado, a R$ 20,1 bilhões.
Na semana, o Ibovespa avança 2,22% nessas duas primeiras sessões, recolocando o ganho acumulado no ano a 7,90%. Com a recuperação aos poucos em andamento, o nível de fechamento, hoje, foi o maior desde 9 de agosto quando o Ibovespa mostrava patamar semelhante (118.408,77 pontos).
Em Nova York, o índice de ações com maior exposição à perspectiva de curto prazo para os juros americanos, o Nasdaq, que reúne as ações de tecnologia, consideradas como de “crescimento”, fechou nesta terça-feira em alta de 1,74%, andando à frente do índice amplo, o S&P 500 (+1,45%), e do tradicional Dow Jones (+0,85%).
Ações da Marfrig sobem e puxam o Ibovespa com anúncio de venda de unidades para a Minerva
No noticiário corporativo, o anúncio da venda de 16 unidades de abate da Marfrig, por R$ 7,5 bilhões, colocou a ação do frigorífico na ponta do Ibovespa, em alta de 10,70% no fechamento, à frente de CVC (+6,36%) e de Locaweb (+4,42%). Por outro lado, a Minerva, compradora das unidades da Marfrig, caiu hoje 18,26%, por temores quanto ao nível de endividamento da empresa, que pode aumentar com a operação, na visão inicial do mercado. Destaque negativo também para Pão de Açúcar (-4,18%) e Petz (-2,78%) nesta terça-feira.
Entre as ações de maior peso no Ibovespa, Petrobras ON (+0,37%) e PN (+0,22%) tiveram desempenho discreto na sessão, enquanto Vale ON avançou 3,19%, em dia bem positivo também para outros nomes do setor metálico, como Gerdau Metalúrgica (PN +2,67%, na máxima do dia no fechamento) e CSN (ON +1,84%). Entre os grandes bancos, destaque para Unit de Santander, em alta de 2,72% no fechamento desta terça-feira.
“Empresas ligadas ao crescimento chinês reagiram positivamente, com destaque para exportadores de commodities, como Vale. A semana ainda contará com uma bateria de dados econômicos, aqui e lá fora, com divulgação de inflação e desemprego nos Estados Unidos e PIB do segundo trimestre no Brasil”, observa Rachel de Sá, chefe de economia da Rico Investimentos.
“A política doméstica também não sai dos holofotes, como pudemos ver, ontem, no envio de um projeto de lei e de uma medida provisória com o objetivo de aumentar a arrecadação – uma tributando fundos offshore e outra aumentando a tributação sobre fundos exclusivos”, acrescenta Rachel. “O mercado fez leitura positiva sobre a busca do governo por mais receita, mostrando certo comprometimento em manter a estabilidade do fiscal”, diz Moliterno, da Veedha.
Dólar cai e fecha cotado a R$ 4,85 com debate fiscal
O dólar à vista apresentou queda firme na sessão desta terça-feira, 29, e fechou na casa de R$ 4,85, em meio ao sinal predominante de baixa da moeda norte-americana no exterior e ao recuo das taxas dos Treasuries. Dados abaixo do esperado de criação de vagas de trabalho nos EUA não apenas afastaram as chances de novas altas de juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) neste ano como ampliaram as apostas em corte dos FedFunds mais cedo em 2024.
No Brasil, as atenções seguem voltadas às medidas do governo para ampliação de receita e à peça orçamentária. No início da tarde, houve certo desconforto nas mesas de operação com a possibilidade de mudança da meta de zerar o déficit primário para 2024, como estabelecido no arcabouço fiscal. Isso fez o dólar desacelerar bastante o ritmo de queda e flertar por alguns momentos com a estabilidade.
Fala do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, descartado a possibilidade de mudança da meta fiscal e o aprofundamento da desvalorização da moeda americana lá fora, contudo, levaram o dólar novamente para baixo por aqui.
Com máxima a R$ 4,9020, registrada na primeira hora de negócios, e mínima a R$ 4,8495, a moeda encerrou a sessão cotada a R$ 4,8546, em queda de 0,42% – o que reduz a alta da divisa em agosto para 2,65%. No ano, o dólar ainda acumula desvalorização de 8,06%. Houve melhora da liquidez, que foi bem reduzida na segunda-feira. Principal termômetro do apetite por negócios, o contrato de dólar futuro para setembro movimento mais de US$ 12 bilhões. (AE)