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Bolsa tem 2ª alta do mês e recupera os 116 mil pontos; dólar cai a R$ 4,92

Bolsa sobe 1,51% após se descolar da cautela que prevaleceu nas bolsas americanas após rebaixamento da nota de crédito de bancos regionais

Ibovespa

Na semana, o índice passa a acumular leve ganho de 0,65%, vindo de perdas ao longo das quatro semanas anteriores | Foto: Getty Images

O Ibovespa voltou a ensaiar recuperação nesta terça-feira, em que chegou apenas ao segundo ganho diário deste agosto. A bolsa tem sofrido com a retração do investidor estrangeiro, segmento que já acumula saques líquidos na casa de R$ 10,6 bilhões no intervalo até a última sexta-feira, 18. Nesta terça, o Ibovespa subiu 1,51%, aos 116.156,01 pontos, conseguindo se descolar da cautela que prevaleceu em Nova York (Dow Jones -0,51%, S&P 500 -0,28%, Nasdaq +0,06%), especialmente nas ações de bancos americanos, após rebaixamento da nota de crédito da S&P para instituições financeiras regionais.

No dia, o Ibovespa oscilou dos 114.433,39, mínima que correspondeu à abertura, até os 116.285,57 pontos (+1,62%), com giro financeiro mais uma vez bem fraco, a R$ 20,7 bilhões. Na semana, o índice passa a acumular leve ganho de 0,65%, vindo de perdas ao longo das quatro semanas anteriores. No ano, ainda sobe 5,85%. Com a retomada da linha de 116 mil pontos, o Ibovespa volta ao nível de encerramento em que estava há uma semana, no fechamento do último dia 15, quando chegou à 11ª da série de 13 perdas diárias, a mais longa de que se tem registro na Bolsa, desde 1968. A alta desta terça foi a maior desde 21 de julho (+1,81%).

Embora o cenário externo, nebuloso para China como para Estados Unidos – as duas maiores economias do globo -, permaneça como principal fator para a falta de apetite por risco que tem prevalecido desde a virada de julho para agosto, a perspectiva de votação final do arcabouço fiscal, possivelmente ainda no período da noite na Câmara dos Deputados, contribuiu nesta terça-feira para alguma descompressão no câmbio e na curva de juros, o que ajudou o desempenho das ações.

Assim, com ativos de grande liquidez “amassados”, como os papéis de bancos (BB ON +2,26%, Itaú PN +1,56%, Santander Unit +1,25%, Bradesco ON +0,68%), o dia foi também de recuperação para as ações com exposição ao ciclo externo, especialmente Vale, que subiu nesta terça 2,25% (ON), à frente do setor metálico (destaque para Gerdau PN +1,08%).

Siderurgia e mineração tinham ficado bem para trás com as preocupações sobre a China, a perspectiva negativa sobre a economia chinesa que havia prevalecido nos últimos dias. O minério de ferro fechou, nesta terça, no maior patamar em três semanas, o que favoreceu também a Vale, ação com maior peso individual no Ibovespa e que se mantém muito descontada.

Destaques do pregão de recuperação do Ibovespa

No fechamento, a ação da mineradora era cotada nesta terça-feira a R$ 62,58, ainda cedendo 7,21% no mês e 26,21% no ano. A tonelada do minério, no contrato futuro mais negociado em Dalian (China), subiu nesta terça 4,47%, a US$ 110,42.

Petrobras ON e PN também avançaram nesta terça-feira, respectivamente, 1,33% e 1,32% (máxima do dia no fechamento) mesmo com o sinal negativo do Brent e do WTI, em Londres e Nova York, na sessão. Na ponta do Ibovespa, IRB (+9,14%), Vibra (+7,61%) e Eztec (+6,99%), com Marfrig (-1,83%), Petz (-1,47%) e Carrefour Brasil (-0,97%) puxando a fila oposta.

Apesar do fôlego mostrado pelo índice em um dia de giro bem fraco, o fluxo externo para a B3 se mantém como um fator de preocupação. Nos primeiros 18 dias do mês, com apenas uma alta diária no intervalo – na última sexta-feira -, quase metade do fluxo de ingresso de capital estrangeiro em 2023 tomou a porta de saída, reduzindo o saldo líquido do ano desse importante segmento a R$ 13,466 bilhões.

Nesse contexto, o mercado global estará atento a mais uma edição do simpósio anual de Jackson Hole, especialmente ao pronunciamento do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, na sexta-feira, em busca de eventuais pistas sobre a política monetária americana, com os juros de referência por lá já na faixa de 5% ao ano. Os dados, em particular os do mercado de trabalho nos EUA, continuam a vir fortes, o que modifica aquele viés que prevalecia quanto às chances de pausa, de proximidade de fim de ciclo de alta dos juros americanos, que guiava também a retomada de otimismo do mercado no fim de julho.

Dólar volta a cair e fecha cotado a R$ 4,92

O dólar à vista experimentou um recuo mais firme na sessão desta terça-feira, 22, voltando a fechar abaixo de R$ 4,95 pela primeira vez desde o último dia 11. Segundo operadores, houve um movimento de realização de lucros e ajuste de posições no mercado futuro, embalado pelo avanço das commodities metálicas, como minério de ferro, e pelo recuo das taxas dos Treasuries de 10 e 30 anos, que na segunda-feira, 21, haviam atingindo o maior nível desde 2007. Apetite por ações locais muito descontadas, que levaram o Ibovespa a subir mais de 1%, e a perspectiva de votação final do arcabouço fiscal na Câmara dos Deputados ainda nesta terça contribuíram para a apreciação do real.

Em baixa desde a abertura do pregão e com mínima a R$ 4,9265 pela manhã, o dólar à vista encerrou o dia em baixa de 0,76%, cotado a R$ 4,9407. Com isso, a moeda passou a apresentar queda de 0,55% nas duas primeiras sessões desta semana, diminuindo a valorização em agosto, que chegou a se aproximar de 6%, para 4,47%.

A liquidez foi mais uma vez reduzida, o que sugere falta de apetite por apostas mais contundentes. Principal termômetro do apetite por negócios, o contrato de dólar futuro para agosto movimentou menos de US$ 10 bilhões.

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