Ibovespa cai 2,25% na semana, para o menor nível desde 5 de junho
Com piora do cenário externo, Bolsa fecha a sexta-feira em queda de 0,74%, aos 113,15 mil pontos; dólar cai 0,43%, cotado a R$ 5,3
20/10/2023
O dólar à vista encerrou a sessão desta sexta-feira, 20, em queda de 0,43%, cotado a R$ 5,0313 | Foto: Getty images
Mesmo com o desempenho negativo de carros-chefes da B3, como Vale e Petrobras, o Ibovespa moderou perdas ao longo da tarde e conseguiu reter a linha dos 113 mil pontos no fechamento desta última sessão da semana, em intervalo no qual encadeou nesta sexta-feira, 20, a quarta retração diária, que resultou em queda de 2,25% no acumulado desde a segunda-feira – na semana anterior, tinha avançado 1,39%.
Nesta sexta-feira, o índice da B3 oscilou de 112.533,33 a 114.089,58 pontos, encerrando em baixa de 0,74%, a 113.155,28 pontos, no menor nível de fechamento desde 5 de junho, então perto dos 112,7 mil pontos. O giro financeiro foi a R$ 24,1 bilhões, reforçado pelo vencimento de opções sobre ações nesta véspera de fim de semana. No mês, o Ibovespa cede 2,93%, limitando o ganho do ano a 3,12%. Em Nova York, os principais índices de ações mostraram perdas maiores do que as vistas aqui na sessão, com o Dow Jones em baixa de 0,86%, o S&P 500, de 1,26%, e o Nasdaq, de 1,53%, no fechamento do dia – na semana, caíram 1,61% (Dow Jones), 2,39% (S&P 500) e 3,16% (Nasdaq).
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Na B3, a cautela externa mais uma vez deu o tom aos negócios nesta sexta-feira, de forma a favorecer, entre os ativos de risco, apenas o petróleo em parte do dia, com o Brent negociado acima de US$ 93 por barril nas máximas da sessão – ao fim, a commodity também perdeu força e encerrou em baixa, após anúncio do governo norte-americano de que realizará novas compras para repor estoques estratégicos.
Petrobras ajudou a derrubar o Ibovespa
Na Bolsa brasileira, a Petrobras não acompanhou o movimento nas cotações da commodity mesmo quando essas subiam, aparando os ganhos acumulados pelas ações da empresa na semana a 3,79% (ON) e 4,33% (PN). Na quinta à noite, depois do fechamento da Bolsa, a estatal anunciou reajuste nos preços domésticos do diesel (aumento) e da gasolina (redução) nas refinarias, em vigor a partir deste sábado, 21.
No encerramento desta sexta-feira, Petrobras ON caía 1,09% e a PN, 1,28%, em dia também ruim para Vale ON, em queda de 2,70%, com o tombo de 3,17% nos contratos futuros do minério de ferro em Dalian, China, em meio à retomada de temores sobre o setor imobiliário no país asiático. Os grandes bancos também foram mal na sessão, tendo à frente Bradesco (ON -1,27%, PN -1,87%, ambas nas mínimas do dia no fechamento). Na ponta perdedora do Ibovespa, Magazine Luiza (-4,35%), Azul (-3,51%) e CSN (-3,29%). No lado oposto, Grupo Casas Bahia (+4,00%), BRF (+3,85%) e Natura (+2,96%).
Além das preocupações com o cenário externo, o desempenho sinalizado nesta sexta pelo IBC-Br para a atividade econômica, na mais recente leitura do índice – considerado dado antecedente do PIB -, contribuiu para cautela adicional em relação a segmento da Bolsa já amassado, o de varejo, assim como observações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sobre o desempenho da economia neste terceiro trimestre, em desaceleração, acrescenta o analista.
Nesta semana, os dados divulgados sobre os setores de varejo e serviços no Brasil mostraram desaceleração em agosto. O consumo de bens e serviços pelas famílias vem arrefecendo ao longo dos últimos meses. O IBC-Br de agosto, divulgado nesta sexta, pior do que o esperado, trouxe queda de 0,77% ante julho, o que reforça a percepção sobre desaceleração da economia brasileira. Os dados de agosto, em conjunto, sugerem menor demanda dos agentes econômicos e possível acomodação da atividade neste terceiro trimestre, segundo analistas.
Dólar cai 0,43%, cotado a R$ 5,03
O dólar à vista encerrou a sessão desta sexta-feira, 20, em queda de 0,43%, cotado a R$ 5,0313, no mercado doméstico de câmbio, em dia de sinal predominante de baixa da moeda norte-americana e recuo das taxas dos Treasuries longos. Pela manhã, a moeda até ensaiou uma alta firme e se aproximou do teto de R$ 5,10, quando registrou máxima a R$ 5,0986 em movimento atribuído por operadores ao recuo de mais de 3% do minério de ferro. Apesar da crise no setor imobiliário, o Banco do Povo da China, (PBoC, o BC chinês) optou por manter suas principais taxas de juros inalteradas.
Passado o momento de estresse, houve uma onda de realização de lucros intraday, com o mercado local se alinhando à queda da moeda norte-americana no exterior, em especial em relação ao principais pares do real, os pesos mexicano e colombiano. Na mínima, o dólar à vista tocou a casa de R$ 5,02 (R$ 5,0259).
Com investidores correndo para o abrigo dos Treasuries na véspera do fim de semana, dada a incerteza sobre os desdobramentos da guerra no Oriente Médio, com eventual invasão da Faixa de Gaza por tropas israelense, as taxas dos papéis caíram. O retorno da T-note de 10 anos, que na quinta-feira se aproximou de 5%, operava no fim da tarde ao redor de 4,91%.
Na semana, contudo, o yield da T-note de 10 anos – referência para os negócios de renda fixa no mundo – subiu mais de 6%, diante de preocupações com o déficit americano, que pode aumentar em razão da ajuda prometida pelo governo Joe Biden a Israel e à Ucrânia, e desequilíbrios técnicos entre oferta e demanda. A secretária do Tesouro norte-americano, Janet Yellen, reforçou nesta sexta o pedido de Biden para que o Congresso aprove orçamento suplementar.
Mesmo com a alta das taxas dos Treasuries, que costuma castigar divisas emergentes, o dólar termina a semana com queda de 1,12% no mercado doméstico. O real ostenta nesse período o melhor desempenho entre as principais divisas latino-americanas. Com a valorização nos últimos cinco pregões, a moeda agora apresenta apenas ligeira alta em outubro (+0,09%). A valorização do real na semana é atribuída em parte ao avanço das cotações do petróleo e dados recentes positivos da economia chinesa. (AE)