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Vale e Petrobras derrubam Ibovespa que retorna ao nível de novembro de 2020

Bolsa se descola dos índices americanos e recua 1,45%, aos 98.080 pontos, o pior patamar desde 4 de novembro de 2020

Mercado financeiro

Ibovespa sofre com o temor de recessão mundial e com desempenho ruim de Vale e Petrobras | Foto: Getty Images

O Ibovespa, principal índice da B3, fechou em forte queda de 1,45%, aos 98.080 pontos, o pior patamar desde 4 de novembro de 2020. O índice foi afetado pelo desempenho negativo dos papéis da Vale e Petrobras.

A Bolsa chegou a operar parte do pregão em instabilidade, com os investidores avaliando as medidas das autoridades monterárias para conter a inflação. Na abertura, o índice recuperou a marca dos 100 mil pontos. Mas, inverteu a tendência e passou a recuar.

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O desempenho do Ibovespa nesta quinta-feira foi marcado pela queda nas ações da Vale e da Petrobras. A Vale (VALE3) recuou 3,32% e Petrobras (PETR4) 2,37% e a PETR3 caiu 2,15%.

Os índices americanos, que também operavam em volatilidade, fecharam em alta após novo discurso do presidente do Federal Reserve (Fed, banco central americano), Jerome Powell. Dow Jones subiu 0,64%, S&P ganhou 0,95% e Nasdaq se valorizou 1,62%.

Os investidores continuaram monitorando as medidas dos bancos centrais para conter a alta da inflação no mundo, em meio aos temores de forte desaceleração da economia global.

Nesta quinta-feira, Powell que o objetivo da autoridade monetária, no ciclo atual de aperto quantitativo, é reduzir o balanço de ativos em cerca de US$ 2,5 trilhões e US$ 3 trilhões.

Em testemunho no Comitê de Serviços Financeiros da Câmara dos Representantes dos EUA, Powell reiterou confiança de que o Fed conseguirá reduzir a inflação por meio dos instrumentos atualmente disponíveis.

Ontem, no Senado americano, Powell não descartou aceleração do processo de alta de juros, mas disse que o risco de recessão com o aperto monetário “não é elevado” dada a força da economia americana. Powell afirmou que será necessário levar os Fed funds acima do nível neutro, que seria de cerca de 2,5% no longo prazo.

“A alta dos juros americanos tem levado à saída de dólares do Brasil, uma vez que os investidores vão buscar territórios mais tranquilos para os investimentos, em momento de tensão global já que se olha cada vez mais de perto uma recessão”, diz Piter Carvalho, economista da Valor Investimentos.

Petrobras pesou no Ibovespa

Além do cenário externo, o Ibovespa esbarra no imbróglio sobre a Petrobras, dado que o governo continua persistindo na mudança da Lei das Estatais, embora a instalação da CPI para avaliar a empresa em relação aos preços dos combustíveis não tenha mais tanta força.

Adicionalmente, são crescentes as preocupações com o fiscal no Brasil. O governo tenta evitar perda de apoio em ano eleitoral, principalmente dos caminhoneiros. Por isso, pretende instituir auxílio de R$ 1 mil ante R$ 400 planejado anteriormente à categoria, devido à alta nos preços dos combustíveis.

Com isso, o pacote para reduzir os preços dos combustíveis e o voucher ao setor de transportes deve custar R$ 50 bilhões, ficando fora do teto de gastos. Como medidas desse tipo são vetadas em ano eleitoral, ventila-se a criação de um estado de emergência, o que tende a desagradar ao mercado.

“No âmbito doméstico, amentou o risco fiscal no País, pois o governo tem aumentado o número de bondades e projetos com gastos elevados para lutar contra a alta dos combustíveis. O governo acordou só agora em ano eleitoral e com isso tenta fazer benesses com tudo isso”, analisa Piter Carvalho, da Valor Investimentos. (Com AE)

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