Ibovespa volta aos 109 mil pontos, mas agosto foi o melhor mês do ano

Em dia de dados sobre o desemprego no Brasil, o Ibovespa, principal índice da Bolsa local, mudou o rumo na parte final do pregão seguindo os índices americanos, mesmo com o bom desempenho das ações da Petrobras, e fecha no vermelho na mínima da sessão.

A Bolsa recuou 0,82%, aos 109.522 pontos. A máxima intradiária foi de 111.364 pontos. O volume financeiro girou em R$ 30,95 bilhões. O desempenho do índice em agosto foi o melhor do ano, com ganho 6,16%. No ano, porém, a valorização é de 4,48%.

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Na abertura, o Ibovespa caía com mais força, mas recuperou o fôlego seguindo os índices americanos. No início da tarde, no entanto, o mercado americano inverteu o rumo e passou a cair pressionando a Bolsa local para vermelho. Dow Jones fechou o dia em queda de 0,88%, S&P 500 e Nasdaq caem 0,78% e 0,56%, respectivamente. No mês, os índices acionários de Nova York também acumularam perdas: Dow Jones recuou 3,27%, S&P 500, 3,82% e Nasdaq 4,07%.

Nesta quarta-feira, a presidente da distrital do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) em Cleveland, Loretta Mester, disse que é muito cedo ainda para concluir que a inflação nos EUA já atingiu o pico, ressaltando que o Fed tem mais trabalho pela frente para controlar os preços.

Mester, que vota nas reuniões de política monetária do Fed este ano, prevê que o BC dos EUA precisará continuar elevando seus juros básicos para até “um pouco mais” de 4% até o começo de 2023 e, posteriormente, mantê-los nesse nível.

Além disso, o índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) dos Estados Unidos medido pelo Instituto para Gestão da Oferta (ISM, na sigla em inglês) de Chicago subiu de 52,1 em julho para 52,2 em agosto, segundo pesquisa da própria instituição. O resultado deste mês superou a previsão de analistas consultados pelo The Wall Street Journal, que previam queda do indicador a 52,0. Estes eventos fizeram os índices americanos mudarem de rota e fecharem no vermelho.

O mercado avaliou o indicador de desemprego de julho divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD) no Brasil que mostrou que a taxa de desemprego ficou em 9,1% no trimestre encerrado julho.

O indicador é 1,4 ponto percentual (p.p.) menor em relação ao trimestre de fevereiro a abril de 2022 (10,5%) e 4,6 p.p. ante mesmo período de 2021 (13,7%). 

Segundo os dados, o número de desempregado soma 9,9 milhões de pessoas. Contudo a renda dos brasileiros, de acordo com a pesquisa, caiu 2,9% em relação ao mesmo período do ano passado, chegando a R$ 2,693 mil ante R$ 2,773 mil. Já no comparativo com o trimestre imediatamente anterior ocorreu alta de 2,9%.

Simone Pasianotto, economista chefe da Reag Investimentos, pondera, no entanto, que a queda da taxa de desemprego no trimestre foi puxada pelo aumento do mercado informal. No período, número de pessoas com trabalho informal bateu o recorde da série histórica e chegou a 13,1 milhões de pessoas. Com isso, trabalhadores informais compuseram quase 40% da força de trabalho no país.

Segundo ela, no mercado já se discute qual seria o impacto da queda no desemprego na inflação. Em outras palavras, quanto menor o desemprego maior a pressão dos trabalhadores por maiores salários, o que poderia impactar em alta nos preços.

O que se observa, contudo, que a recuperação no mercado de trabalho se deve majoritariamente por uma acomodação da massa de trabalhadores desocupadas dentro do mercado informal, que tem repercutido pouco sobre um possível aumento do salário real.

“Ou seja, os trabalhadores alocados no mercado informal aceitam trabalhar por salário menores aos praticados no mercado formal”, diz Pasianotto. “Com isso, projetamos que a taxa de desemprego deverá permanecer no patamar médio de 9%, com alguma movimentação para cima este ano.”

Os papéis da Petrobras e Vale, que na véspera despencaram e pressionaram o Ibovespa para o vermelho, têm uma sessão de recuperação. A estatal, que abriu em queda, inverteu o curso, e fechou em alta de 2,47% (PETR4) e 2,94% (PETR3). Estas ações deram força para o índice permanecer no azul.  Já a mineradora que operava no azul mudou a rota e caiu 0,72%.

Dados europeus também pressionaram Ibovespa

No exterior, o mercado avalia a taxa anual de inflação ao consumidor (CPI, pela sigla em inglês) da zona do euro atingiu a máxima histórica de 9,1% em agosto, superando o recorde anterior de 8,9% observado em julho.

O resultado ainda foi pressionado pela disparada dos preços de energia em meio à guerra da Rússia na Ucrânia. Os dados preliminares foram divulgados nesta quarta-feira, 31, pela agência de estatísticas da União Europeia, a Eurostat.

O CPI de agosto superou a expectativa de analistas consultados pelo The Wall Street Journal, que previam estabilidade da taxa em 8,9%. Apenas os custos de energia deram um salto anual de 38,3% neste mês, após subirem 39,6% em julho.

Os preços recordes ampliam as pressões para que o Banco Central Europeu (BCE) siga elevando juros. O BCE, que busca inflação constante de 2%, aumentou suas principais taxas de juros em 50 pontos-base em julho e a expectativa é que volte a ajustá-los em reunião de política monetária na próxima semana.

O núcleo do CPI, que desconsidera os preços de energia e de alimentos, teve acréscimo anual de 4,3% em agosto. Neste caso, a projeção do mercado era de alta de 4,1%. (Com AE)