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Ícone do luxo em couro, Hermès adere ao veganismo

Grife do século XIX abre uma exceção no uso da pele animal, que a tornou famosa, e investe em linha feita de biotêxtil de cogumelo

Bolsa de couro de cogumelos

A primeira peça da maison secular confeccionada com material sintético chega ao mercado neste semestre | Foto: Dilvulgação

A Hermès cravou sua marca na indústria do luxo com o design em couro. Suas bolsas, feitas de pele de animais, chegam a custar US$ 500 mil ( R$ 2,5 milhões), a quem tem paciência para a filas de espera, que só aumentaram na pandemia, garante a grife.

Ainda assim, a maison francesa anunciou sua entrada no mercado vegano, com peças feitas do que a Hermès batizou de Sylvania, ou couro de cogumelo, material biotêxtil feito de fungos, desenvolvido durante os últimos três anos pela startup californiana MycoWorks.

A primeira linha da marca a ser confeccionada com o material sustentável é a bolsa Victoria. Até então, o acessório era feito de couro bovino.

A versão vegana ainda não chegou no mercado e a marca não revelou a tiragem nem o valor com que ela será apresentada nas vitrines das mais de 300 lojas no mundo. Mas divulgou a imagem que mostra a qualidade do tecido feito de fungos em imitar o couro.

A Hermès garante, porém, que ela entrará na próxima coleção da marca com mais de dois séculos de história. Criada no século XIX em um celeiro de Paris, comercializava selas, rédeas e estribos até que, com a decadência das carruagens, passou a usar o couro de seus fornecedores na fabricação de cintos e luvas. Até a primeira metade do século passado, quando mulheres passaram a circular pelos salões parisienses sem ter onde levar seus pertences.

O tecido feito de cogumelos pela empresa de biotecnologia é manufaturado pelos mesmos artesãos de todas as peças da marca em Paris, conhecidos como os mais perfeitos do mundo na arte de criar objetos de design a partir de pele de animal. Cada designer leva, em média, 24 horas para montar uma bolsa Hermès, independentemente do material.

Couro como identidade de marca

A Hermès cria a linha sem origem animal e impacto ambiental como opção a uma fatia ainda crescente de seu público consumidor, os jovens veganos. Mas não pretende deixar de atender tão cedo à clientela fiel que a colocou entre as cinco grifes mais poderosas do mundo.

A empresa diz que seguirá com sua produção em couro que deu origem às duas bolsas mais disputadas em uma casa de leilão da história: uma Birkin, feita de pele de crocodilo, arrematada por US$ 390 mil (R$ 2 milhões) e uma Kelly, por cerca de US$ 450 mil (R$ 2,3 milhões), pela Christie’s.

A atriz Jane Birkin com a bolsa que leva seu nome, arrematada por US$ 390 mil em leilão da Christie’s no ano passado

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