Inflação sobe 1,16% em setembro e acumula 10,25% em 12 meses
Pressionado pela conta de luz, inflação oficial medida pelo IPCA é a maior para o mês desde o Plano Real e acumula 6,9% no ano
08/10/2021A inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) teve alta de 1,16% em setembro. Esta é a maior para o mês desde 1994, quando o índice foi de 1,53%, informou nesta sexta-feira, 8, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) .
Com isso, o indicador acumula altas de 6,9% no ano e de 10,25% nos últimos 12 meses, acima do registrado nos 12 meses imediatamente anteriores (9,68%). Em setembro do ano passado, a variação mensal foi de 0,64%.
O resultado da inflação de setembro veio pouco abaixo da estimativa do Banco Safra, de 1,3% no mês e 10,3% em 12 meses.
Conta de luz pressiona a inflação de setembro
Oito dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IBGE subiram em setembro.
Porém, o destaque foi para habitação (2,56%), puxado pelo aumento de 6,47% na conta de energia elétrica.
Só em setembro, a conta de luz registrou alta de 0,31 ponto percentual, acumulando alta de 28,82% em 12 meses.
Em setembro, passou a valer a bandeira tarifária “escassez hídrica”, que acrescenta R$ 14,20 na conta de luz a cada 100 kWh consumidos.
No mês anterior, vigorou a bandeira vermelha patamar 2, em que o acréscimo é menor, R$ 9,49.
Além disso, houve reajustes tarifários em Belém (PA), Vitória (ES) e São Luís (MA).
“A falta de chuvas tem prejudicado os reservatórios das usinas hidrelétricas, que são a principal fonte de energia elétrica no País. Com isso, foi necessário acionar as termelétricas, que têm um custo maior de geração de energia”, explica o gerente do IPCA, Pedro Kislanov.
Gás de cozinha e combustíveis
Além da conta de luz, os preços do botijão de gás de cozinha (3,91%) também continuaram subindo em setembro e pressionaram a inflação.
Com isso, o gás liquefeito de petróleo (GLP) chegou a 16ª alta consecutiva nas análises do IBGE. Em 12 meses, os aumentos acumulam 34,67%.
“A gente tem observado uma sequência de aumentos do GLP nas refinarias pela Petrobras. Há ainda os reajustes aplicados pelas distribuidoras. Com isso, o preço para o consumidor final tem aumentado a cada mês”, diz Kislanov.
O grupo dos transportes, por sua vez, acelerou 1,82%, na esteira da alta dos combustíveis, que subiram 2,43%, influenciados pela gasolina (2,32%) e o etanol (3,79%).
Em 12 meses, a gasolina já aumentou 39,60% e o etanol, 64,77%. Também subiram no mês o gás veicular (0,68%) e o óleo diesel (0,67%).
As passagens aéreas (28,19%) tiveram a maior alta entre os itens não alimentícios no mês, após queda de 10,69% em agosto, registrando o terceiro maior impacto individual no índice geral.
Os preços dos transportes por aplicativo avançaram 9,18% em setembro, sendo que já tinham subido 3,06% no mês anterior.
O IPCA abrange as famílias com rendimentos de 1 a 40 salários mínimos residentes nas seguintes regiões metropolitanas:
- Belém
- Fortaleza
- Recife
- Salvador
- Belo Horizonte
- Vitória
- Rio de Janeiro
- São Paulo
- Curitiba
- Porto Alegre
Também entram na pesquisa do IBGE o Distrito Federal e os municípios de Goiânia (GO), Campo Grande (MS), Rio Branco (AC), São Luís (MA) e Aracaju (SE).
Alimentação desacelera com queda nos preços das carnes
Alimentação e bebidas (1,02%) tiveram uma leve desaceleração em relação a agosto (1,39%) devido ao recuo das carnes (-0,21%), após 7 meses consecutivos de alta.
Isso acabou puxando a alimentação no domicílio para baixo (1,19%), frente ao resultado de 1,63% no mês anterior.
“Essa queda das carnes pode estar relacionada à redução das exportações para a China. No início do mês, houve casos do mal da vaca louca na produção brasileira. Com a suspensão das exportações, aumentou a oferta de carne no mercado interno, o que pode ter reduzido o preço”, explica Pedro Kislanov.
Também recuaram os preços da cebola (-6,43%), do pão francês (-2%) e do arroz (-0,97%).
“No caso do pão francês, tivemos uma redução no preço do trigo no mercado internacional, o que pode ter impactado esse resultado”, disse Kislanov.
Por outro lado, o IPCA continua registrando altas expressivas na alimentação dentro do domicílio.
É o caso das frutas (5,39%), que contribuíram com 0,05 p.p. no índice de setembro, do café moído (5,50%), do frango inteiro (4,50%) e do frango em pedaços (4,42%).
“O frango tem subido bastante por conta da alta do custo da ração animal. Ele também é impactado pela alta da energia elétrica. Por ser um substituto das carnes, o preço do frango costuma subir com a maior demanda”, explica o gerente do IPCA.
Também aumentaram em setembro os preços da batata-doce (20,02%), da batata-inglesa (6,33%), do tomate (5,69%) e do queijo (2,89%).
A alimentação fora do domicílio desacelerou, passando de 0,76% em agosto para 0,59% em setembro. O principal fator foi o recuo do lanche (-0,35%), que havia subido 1,33% no mês anterior.
A refeição teve alta de 0,94%, acima do 0,57% observado em agosto. Além disso, os preços da cerveja (1,32%) e do refrigerante e água mineral (1,41%) também subiram em setembro.
Os grupos habitação, transporte e alimentação e bebidas contribuíram com cerca de 86% do resultado de setembro (1 p.p. do total de 1,16).
Os demais ficaram entre a queda de 0,01% em educação e a alta de 0,90% em artigos de residência.
O aumento dos preços ocorreu em todas as áreas pesquisadas em setembro.
O maior índice foi registrado em Rio Branco (1,56%), influenciado pelas altas nos preços da energia elétrica (6,09%) e do automóvel novo (3,57%).
Já o menor resultado ocorreu em Brasília (0,79%), por conta da queda nos preços da gasolina (-0,81%) e do seguro de veículo (-3,36%).
INPC tem alta de 1,20% em setembro
Além do IPCA, o IBGE divulgou resultados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que abrange famílias com rendimentos de 1 a 5 salários mínimos.
Sendo assim, o INPC teve alta em setembro de 1,20%, também o maior resultado para o mês desde 1994.
No ano, o indicador acumula elevação de 7,21% e, em 12 meses, de 10,78%, acima dos 10,42% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em setembro de 2020, a taxa foi de 0,87%.
Os produtos alimentícios subiram 0,94% em setembro, ficando abaixo da variação observada em agosto (1,29%).
Já os não alimentícios tiveram alta de 1,28%, enquanto em agosto haviam registrado 0,75%.
Todas as áreas registraram alta nos preços em setembro.
O maior resultado foi registrado na região metropolitana de Curitiba (1,65%), influenciado pelas altas nos preços da energia elétrica (6,80%) e da gasolina (4,91%).
Já o menor foi observado no município de Goiânia (0,79%), onde pesaram as quedas nos preços das carnes (-1,65%). (Com Agência IBGE)