close

Inflação mais alta deve antecipar elevação da Selic

Projeção do IPCA em 12 meses chega a 6,7% em meados do ano, mas alta deve desacelerar e fechar o ano em 3,4%, segundo o Safra

Inflação pode levar a alta de juro

IPCA de janeiro registrou alta de 0,25% sobre dezembro, inferior à projeção do mercado de 0,31% | Foto: Getty Images

Apesar de a inflação oficial medida pelo IPCA de janeiro ter vindo abaixo do esperado pelo mercado, o cenário de inflação apresenta pressões altistas principalmente no curto prazo, com foco no primeiro trimestre.

O IPCA de janeiro registrou alta de 0,25% sobre dezembro, inferior à projeção do Banco Safra de 0,30% e da mediana da previsão do mercado de 0,31%

Os preços dos serviços continuam subindo mais do que o compatível com a meta de 2021, e a inflação dos bens industriais acelerou, segundo a análise do Safra.

O IPCA acumulado em 12 meses alcançou 4,57% em janeiro e a previsão do banco é de que deverá continuar subindo até 6,7% no meio do ano,

Assim, a despeito da surpresa positiva no IPCA cheio de janeiro, a divulgação da semana passada não deve trazer conforto para o Banco Central.

A projeção da inflação de fevereiro sofreu revisões altistas, que podem se estender por março, o que levou o Safra a revisar a inflação do trimestre de 1,0% para 1,3%.

A confirmação da bandeira tarifária amarela de energia elétrica em fevereiro adicionou 10 pontos base na projeção do banco para o mês, sendo que a mudança para bandeira verde pode não se dar sequer em março, o que teria impacto na projeção também no próximo mês.

Outra pressão altista veio dos combustíveis derivados de petróleo. A Petrobras reajustou o preço da gasolina em 8% no dia 8 de fevereiro – acima do que era previsto em face da defasagem que vinha sendo identificada entre preços domésticos e externos. No momento, o Safra não prevê outro aumento no trimestre.

Por ora, o Safra segue com a projeção de IPCA de 2021 em 3,40%, contando com a atenuação ou reversão de alguns dos processos altistas.

O que acompanhar no IPCA

No caso das tarifas de eletricidade, mesmo que a bandeira não volte para verde nos próximos meses, a inflação do ano não deve ser afetada segundo o Safra, porque estava previsto que a bandeira em dezembro seria amarela.

No caso da gasolina, o banco considera os recentes aumentos como antecipações de elevações que se dariam quando o preço do Brent chegasse a US$60 por barril, o que acabou de acontecer.

O banco não projeta, por enquanto, um Brent acima de US$ 65 o barril, e há uma possibilidade de alívio na medida em que o câmbio se aprecie até R$ 5 por dólar até o final do ano.

Finalmente, os preços da alimentação no domicílio, que seguem pressionados no primeiro trimestre, devem cair no meio do ano, de acordo com sazonalidade desse grupo de itens de consumo.

O Safra também espera que as médias de núcleos e medidas subjacentes comecem a desacelerar a partir do mês de fevereiro, mantendo-se os primeiros em 2,8% (valor próximo ao observado em 2020), enquanto os serviços subjacentes aceleram de 2,6% para 3,1% entre 2020 e 2021.

O banco alerta para o risco de consequências de choques inesperados tais como a piora de condições sanitárias dos rebanhos suínos na China, cuja diminuição de tamanho começa a causar impacto nos preços da cadeia proteica.

Próxima reunião do Copom

A próxima decisão do Copom se dará em 17 de março. O Safra projeta que o Banco Central deverá iniciar a normalização da política monetária, com aumento de 0,25 ponto percentual na Selic, levando a taxa de 2% para 2,25% ao ano.

motivos importantes para o Copom aumentar os juros já em março, apesar da incerteza a respeito de vários fatores importantes para as decisões.

Fatores que pressionam a Selic

  1. Os juros reais negativos diante de uma inflação mensal próxima a 0,4% ao mês;
  2. A possibilidade de aumento de gasto fiscal por conta do auxílio emergencial;
  3. A possível aceleração da economia americana com implicações para as taxas de juros de longo e curto prazo naquele país, apesar das palavras tranquilizadoras do presidente do banco central americano, o Fed, recentemente.

Uma antecipação do primeiro aumento da Selic pode facilitar a resposta do Brasil a um eventual aperto das condições financeiras globais, segundo o Safra. Isso porque pode ser vantajoso já deixar a economia brasileira mais preparada para uma evolução mais rápida das condições dos EUA.

Para o banco, a fragilidade da recuperação do emprego no Brasil e a persistência da pandemia não podem ser descartadas, apesar do início das vacinações em janeiro, com quase 4,5 milhões de pessoas já vacinas, reflexo de uma média de vacinações diárias excedendo 200.000 pessoas.

Com isso, o Banco Central pode se sentir confortável em começar a normalizar as taxas de juros reais de curto prazo, trazendo a Selic até 3,75% até o começo do quarto trimestre, conforme a projeção atual do Safra.

Assine o Safra Report, nossa newsletter mensal

Receba gratuitamente em seu email as informações mais relevantes para ajudar a construir seu patrimônio

Invista com os especialistas do Safra