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Prévia da inflação gera revisões para o IPCA

Avanço dos preços em setores específicos de serviços e indústria motiva revisões para a alta do IPCA para janeiro e para 2021

Prévia da inflação recua e força revisão de projeções do IPCA

Preços dos setores de serviços e indústria apresentaram alta acima do esperado, aponta Safra | Foto: Getty Images

O IPCA-15, que representa uma prévia da inflação, para janeiro surpreendeu com uma alta de 0,78% nos preços, projeção inferior ao esperado.

A média de projeções do mercado para o IPCA-15 era de um avanço de 0,83% e os especialistas do Banco Safra projetavam aumento de 0,82% .

Mesmo com um resultado abaixo do esperado, a abertura do índice traz sinais de cautela, segundo os analistas.

Os economistas do Safra destacam que, ao analisar detalhes do indicador, percebe-se que os preços nos setores de serviços e indústria apresentaram altas maiores do que o previsto.

Dessa forma, os núcleos do IPCA-15, medida que exclui itens mais voláteis para analisar a tendência dos preços, também se elevaram.

Por isso, o Safra colocou suas projeções sob revisão para o IPCA, a inflação oficial, de janeiro (0,30%) e de 2021 (3,4%).

Resultado do IPCA-15

O IPCA-15 utiliza a mesma metodologia do IPCA, o índice oficial de inflação do governo, mas é aplicada a um período de coleta diferente. Neste caso, o período foi de 12 de dezembro a 14 de janeiro.  

Entre os nove grupos de produtos e serviços pesquisados em janeiro, oito apresentaram alta nos preços.

O maior impacto veio do grupo de “Alimentação e bebidas”, com avanço de 1,53%, contribuindo para uma alta de 0,32 ponto percentual no índice.

No entanto, o registro mostra uma desaceleração sobre o resultado de dezembro, quando o aumento foi de 2%.

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Composição completa do IPCA-15 de janeiro | Arte: Banco Safra

Influência sobre a política monetária

Acompanhar a inflação medida pelo IPCA é importante para analisar o poder de compra da população ao longo do tempo.

Isso também é relevante para as definições de política monetária do Banco Central.

Nesta terça-feira, 26, foi revelada a ata da reunião da última semana do Comitê de Política Monetária (Copom).

Na ocasião, o BC manteve a taxa Selic em 2% ao ano, mas retirou a prescrição futura (forward guidance), instrumento usado em seu comunicado que sinalizava a manutenção dos juros baixos.

Manter a taxa Selic em um patamar baixo significa estimular a economia – o que pode gerar inflação.

A ata trouxe mais detalhes sobre as discussões que levaram à decisão de retirar a prescrição futura.

O documento reforça que, na visão do Copom, as projeções de inflação em seu cenário básico estão suficientemente próximas da meta de inflação para o horizonte relevante de política monetária.

Esta era uma das condições para a manutenção da prescrição futura. As demais condições – manutenção do regime fiscal e expectativas de inflação de longo prazo ancoradas – permanecem.

Estímulo extraordinário

A ata do Copom mostrou que alguns membros do comitê questionaram se seria adequado manter o grau de estímulo extraordinariamente elevado, dada a normalização do funcionamento da economia nos últimos meses.

Desde maio de 2020, quando o Copom passou a caracterizar o estímulo monetário como “extraordinário”, foi observada uma reversão da queda na inflação, assim como em suas expectativas, além da redução na ociosidade da economia.

Assim, os membros questionadores defenderam que o BC passe a considerar o início do processo de normalização parcial da política monetária.

Na semana passada, após a decisão do Copom, os analistas do Banco Safra afirmaram que um aumento na taxa Selic pode começar já no primeiro semestre.

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