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Após internação por covid, pacientes enfrentam distúrbios do sono

Se não tratada, a insônia pode levar a outras doenças graves como AVC, diabetes e problemas cardíacos, além queda de qualidade de vida

Mulher com insônia

A insônia é um dos distúrbios do sono mais comuns e tem acometido pacientes curados da covid-19 | Foto: Getty Images

Os sintomas de distúrbios de sono são fáceis de se diagnosticar. Mas nem sempre é fácil identificar as causas para decidir o tratamento. Pesquisadores do Instituto do Sono alertam que as internações por covid-19 têm servido de gatilho para pacientes curados desenvolverem males como a insônia.

Se não tratada, a insônia pode levar a uma série de outras doenças graves como AVC, diabetes e problemas cardíacos, além da imediata queda de qualidade de vida e produtividade.

Especialistas explicam que durante a estadia no hospital, a qualidade do repouso decai em decorrência do acompanhamento médico em horários de descanso e da constância de barulhos e iluminação excessiva. Após o retorno para casa, são comuns os relatos de agitação noturna, pesadelos e dificuldade para retomar um sono sem fragmentação.

Ainda não existem estudos conclusivos que excluam efeitos da infecção no equilíbrio neurológico.

“O ciclo circadiano [relógio biológico controlado pela luz] está interrompido, então manter um horário de dormir e acordar é uma forma de recuperar esse equilíbrio fundamental para que ele possa ter melhora na recuperação”, adverte Priscila Kalil Morelhão, pesquisadora do Instituto do Sono.

A definição de um horário para deitar faz parte do que se conhece como “higiene do sono”, que envolve uma série de regras para garantir uma noite reparadora.

Sono é fundamental para a recuperação da memória e dos músculos

“O sono é essencial para a manutenção da vida. A gente precisa dormir para que os reparos musculares e reparos na memória ocorram. Se eu não tenho uma boa qualidade do sono, o meu sistema musculoesquelético pode ser afetado, pode ser, não necessariamente é, por atrofias musculares, além de questões como mau humor, ansiedade e depressão”, explica Priscila.

Ela destaca que a boa qualidade do descanso é fundamental para a recuperação completa de paciente que tiveram covid-19.

Estudo da School of Medicine da University of Pennsylvania concluiu que pessoas com distúrbios do sono ao menos três vezes por semana são 54% mais propensas a ter diabetes, 98% a ter doença arterial coronariana, 80% mais propensos a ter um ataque cardíaco e 102% mais propensos a ter acidente vascular cerebral (AVC).

A pesquisadora orienta a buscar ajuda profissional especializada assim que sejam percebidos os sintomas.

Orientações para combater a insônia

Além de ter horário regular para deitar e acordar, é importante evitar estimulantes a partir do fim da tarde, como café. Atividades físicas também podem ajudar na regulação do sono. “Nós recomendamos não fazer essas atividades próximo do horário de dormir, porque pode ter aumento da adrenalina”, diz a especialista.

A ingestão de bebidas alcóolicas causam fragmentação do sono. Não é recomendado ainda o uso de eletrônicos, como televisão e celular, antes de dormir. “Todas essas medidas são importantes para que ele possa ter uma melhora da qualidade do sono e consequentemente uma melhor recuperação”, afirma a pesquisadora.

Em paralelo a essas medidas, profissionais de fisioterapia podem avaliar a necessidade de exercícios motores e cardiorrespiratórios. 

O Instituto do Sono sistematizou alguns exercícios que podem ajudar pessoas com dificuldade no sono. Após receber orientação de um profissional, para agilizar o processo de recuperação, o Ministério da Saúde recomenda a realização de exercícios como o de respiração, em casa duas vezes ao dia. O procedimento pode ser feito para reduzir qualquer distúrbio do sono.

Exercício de respiração

  • Respire suavemente, usando o mínimo de esforço possível;
  • Inspire pelo nariz e expire pela boca, franzindo os lábios como se fosse apagar uma vela;
  • Tente liberar qualquer tensão em seu corpo a cada expiração;
  • Gradualmente tente respirar mais lentamente e fechar os olhos para se concentrar na respiração e relaxar.

“A pessoa deve começar de forma lenta, bebendo água no intervalo dos exercícios e aumentando a intensidade à medida que sentir mais confiança. Os exercícios devem ser suspensos em caso de febre, palpitações, dor de cabeça e coração acelerado”, alerta o instituto.

Como identificar distúrbios de sono

Existem ao menos 70 tipos de distúrbios do sono, de acordo com a Associação Brasileira de Medicina do Sono. Especialistas ensinam que a percepção de cansaço e sonolência durante o dia podem ser sintomas de distúrbios do sono.

A insônia é o mais simples de identificar: quem demora para dormir, acorda muitas vezes durante a noite ou muito antes do horário de acordar sabe que sofre de insônia.

Mas existem distúrbios menos conscientes e comuns como o bruxismo (ranger os dentes enquanto se dorme), a apneia (cessar a respiração por até 20 segundos sem consciência) e a narcolepsia, que são acessos de sono irresistível fora do horário de dormir.

Todos podem ser tratados, por diferentes estratégias, na maior parte das vezes, simples. O acompanhamento por especialistas, que podem monitorar a noite de repouso, ou tentativa de repouso, definem a melhor condução do tratamento.

Em geral, o Ministério da Saúde recomenda para evitar, amenizar e ajudar no tratamento dos distúrbios:

  • Horário regular para dormir e despertar.
  • Ir para a cama somente na hora dormir.
  • Ambiente saudável.
  • Não fazer uso de álcool próximo ao horário de dormir.
  • Não fazer uso de medicamentos para dormir sem orientação médica.
  • Não exagerar em café, chá e refrigerante.
  • Atividade física em horários adequados e nunca próximo à hora de dormir.
  • Jantar moderadamente em horário regular e adequado.
  • Não levar problemas para a cama.
  • Atividades repousantes e relaxantes após o jantar.

Fontes: Ministério da Saúde, Associação Brasileira da Medicina do Sono, Academia Brasileira de Neurologia

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