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Inverno tende agravar covid, que já matou meio milhão no Brasil

Fiocruz alerta para o agravamento das curvas de contágio e de óbitos nas próximas semanas com o início do inverno

Pessoa atravessa rua no frio, de gorro e máscara

Com nível ainda elevado de contágio e mortes, covid tende a piorar nas próximas semanas, segundo análise da Fiocruz | Foto: Getty Images

O Brasil ultrapassou neste sábado, 19, a marca de meio milhão de mortes provocadas pela covid-19, em um momento em que a situação tende a se agravar com a chegada do inverno, segundo alerta do Boletim do Observatório Covid-19 Fiocruz.

No período de 30 de maio a 12 de junho, houve um pequeno crescimento das taxas de incidência (casos novos) e de mortalidade no Brasil, com a manutenção de um nível ainda elevado de transmissão.

As taxas de ocupação de leitos de UTI Covid-19 para adultos no Sistema Único de Saúde (SUS) mostram que o quadro geral ainda é muito preocupante.

Dezoito estados e o Distrito Federal apresentam taxas de ocupação de pelo menos 80%, sendo que em oito deles as taxas de ocupação são iguais ou superiores a 90%. E 16 capitais estão com taxas de ocupação de pelo menos 80% e 9 com taxas iguais ou superiores a 90%.

Doença atinge cada vez mais os jovens

A análise mostra também que a tendência do rejuvenescimento da pandemia se mantém. A Semana Epidemiológica 22 (SE 22) apresenta idade média dos casos internados de 52,5 anos versus idade média de 62,3 anos na SE 1.

A mediana de idade nas internações − ou seja, a idade que delimita a concentração de 50% dos casos − foi de 66 anos na SE 1 e 52 anos na SE 22. Para óbitos, os valores médios foram 71,4 anos (SE 1) e 61,2 anos (SE 22). Valores de mediana de óbitos foram, respectivamente, 73 e 59 anos.

“Possivelmente o cenário atual de rejuvenescimento prosseguirá e poderá perpetuar um cenário obscuro de óbitos altos até que este grupo etário esteja devidamente coberto pela vacina. O padrão de transmissão do Sars-CoV-2 no país ainda é extremamente crítico”, afirmam os pesquisadores.

Com o inverno, reforço de medidas sanitárias

Segundo eles, é essencial continuar reforçando a necessidade do uso de máscaras e manter distanciamento físico e social, sempre que possível. “Somente desta forma haverá como conter a disseminação do vírus, enquanto o país não consegue avançar na cobertura vacinal adequada nas faixas etárias mais jovens”.

As tendências observadas para as taxas de incidência de Síndromes Respiratórias Agudas Graves (SRAG) nos estados, com dados reportados até 12 de junho, indicam crescimento em quatro unidades da Federação e um total de 20 estados com taxa de incidência superior a 10 casos por 100 mil habitantes, considerada extremamente alta, sendo que em três deles a média móvel excedeu 20 casos por 100 mil habitantes.

Polêmica sobre a terceira onda

Conforme já observado nas semanas anteriores, há deslocamento da curva em direção a faixas etárias mais jovens. Na análise atual verifica-se ainda um estreitamento da curva de casos e um alargamento da curva dos óbitos. Isto, segundo os pesquisadores, sugere que o país pode estar entrando em uma fase de “compressão da morbimortalidade”.

Os pesquisadores afirmam que nas últimas semanas forjou-se o termo ‘onda’ para definir o comportamento da série histórica. De acordo com eles, o termo é controverso, pois parte do pressuposto de que o país passou por fases claramente distintas de ocorrência de casos e óbitos.

“Semana após semana, cria-se a expectativa de que podemos iniciar a temida terceira onda, abandonando a ideia de que ainda temos um quadro crítico, como se tivéssemos, para entrar na terceira onda, saído da segunda”, alertam os especialistas.

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