Como investir nas gigantes internacionais de inovação em saúde
Produtos financeiros especializados encurtam distância de setores estratégicos da economia global com pouca representatividade no Brasil; confira as opções
20/09/2024As ações das principais empresas globais de saúde têm vivido boa performance de rentabilidade. O setor é marcado pela resiliência, inovação e boas projeções para negócios no futuro, mas também por uma dificuldade para investir nesses ativos diretamente do Brasil, pela baixa representatividade no País. Para acessá-los, a rota é majoritariamente internacional.
O caminho está, portanto, em investimentos que acessem ativos ligados a essas empresas no exterior. “A rota para captar essas oportunidades está na diversificação internacional, com possibilidade de retornos mais significativos”, aponta Bruno Bonini, superintendente executivo de distribuição da Safra Asset. O especialista aponta o setor de inovação em saúde como particularmente interessante no médio e longo prazos.
Uma base para acompanhar o desempenho desses ativos é o MSCI World Health Care Index, que representa a performance de empresas do setor de saúde. Nos últimos 12 meses, o indicador que engloba indústrias farmacêuticas, de biotecnologia e de serviços de saúde em todo o mundo registrou valorização de mais de 19% em dólares.
Investimento em inovação em saúde pode ter proteção e rentabilidade
Na linha das projeções positivas, Banco Safra lançou três produtos de investimentos desenhados para captar as oportunidades no setor de inovação em saúde: um focado na Novo Nordisk, outro que busca ativos de grandes empresas do setor e um estruturado para investidores mais cautelosos.
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O J. Safra Health Innovation é um Certificado de Operações Estruturadas que captura o potencial de retorno do setor de Health Innovation global, oferecendo exposição a uma cesta composta por empresas líderes nas pesquisas por inovação e novos tratamentos. A estratégia tem vencimento em 36 meses, capital protegido e limitador de 200% na alta.
Para Jerckns Cruz, especialista da Tesouraria do Banco Safra, o produto é ideal para quem busca captar oportunidades sem renunciar à proteção em seus investimentos. “O desenho não traz limitação de ganho e é voltado para quem quer participar da totalidade do potencial de crescimento desse setor”, afirma. Ele lembra que o investimento funciona bem em uma composição de carteira que inclua também os outros dois fundos.
Um desses outros fundos, que busca ativos de grandes empresas do setor, é o Safra Health Innovation, composto por oportunidades de ETFs em empresas como Novo Nordisk, Astra Zeneca e Johnson & Johnson. A estratégia tem investimento mínimo de R$ 5 mil com liquidez em 4 dias úteis e busca oportunidades em setores inovadores da indústria de saúde, como biotecnologia e genoma.
“Utilizamos a expertise da gestão Safra na alocação, mesclando ETFs com alocação diretamente nas companhias com bom pipeline de novos medicamentos”, explica Bonini. Como diferencial dessa estratégia, o especialista destaca que esse modelo de gestão implementa mais agilidade e a possibilidade de alocar em empresas que não estão em outras carteiras de ETFs do setor.
Por fim, a instituição lançou um fundo passivo com formato inédito no Brasil. O Safra Novo Nordisk investe exclusivamente nas ações de uma das empresas mais valiosas do mundo, e que chegou a ser a mais valiosa da Europa no ano passado. A Novo Nordisk é a líder do mercado de diabetes, fabricante do medicamento Ozempic e possui presença significativa em outras áreas terapêuticas, como para tratamento de hemofilia e terapias hormonais. O fundo tem investimento mínimo e liquidez iguais ao Safra Health Innovation.
“A composição do portfólio ligada à inovação em saúde concede acesso a ativos indisponíveis a partir da bolsa brasileira, como biotecnologia e genética, por exemplo, e promove opções para diversos perfis de investidores, desde os que buscam retornos mais atrativos até os que buscam proteção do capital investido”, finaliza Cruz.
Futuro com mais idosos exigirá inovação
O setor de saúde tem projeções de crescimento de investimentos e na demanda. A inovação no segmento, mais do que uma tendência, mostra-se uma necessidade.
O rápido envelhecimento populacional já é uma preocupação da Organização Mundial da Saúde (OMS) e, com pessoas cada vez mais idosas, as doenças crônicas não transmissíveis vão se tornar um desafio global. Neste cenário, o setor de saúde é um dos que mais precisa se preparar para este futuro – e as empresas com pipeline de medicamentos mais relevantes cumprem um papel fundamental nessa frente.
As doenças crônicas são a principal causa de mortalidade no mundo, representando 60% dos óbitos, ainda segundo a OMS. A representatividade é consideravelmente mais alta na terceira idade. As estimativas são de que 75% das pessoas com mais de 60 anos têm alguma doença crônica de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Uma população global mais velha, portanto, tende a aumentar a importância de tratamentos de doenças como demência, câncer e outras ligadas a questões cardiovasculares.
Uma projeção no Brasil dá a dimensão do possível cenário. Cerca de 53 milhões de pessoas têm pelo menos uma doença crônica no Brasil, de acordo com dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). O número deve crescer consideravelmente, já que projeções do Censo Populacional do IBGE de 2022 estimam que os idosos serão maioria da população em 2046, representando 28%, e serão 37,8% da população brasileira em 2070.
O aumento da expectativa de vida e os fatores de risco, como obesidade, sedentarismo e estresse, apontam para uma estimativa de 50% de crescimento do índice de doenças crônicas até 2030 segundo a OMS. O investimento em melhorias no setor, portanto, se mostra inegociável.
Para fomentar a inovação, olhar está em tecnologia e IA
As melhorias em eficiência tendem a vir de novas tecnologias, como a Inteligência Artificial. Segundo um mapeamento feito pela Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp) e Associação Brasileira de Startups de Saúde (ABSS), 62,5% dos hospitais privados já usam a tecnologia. Mais da metade das empresas consultadas investiu em IA com o objetivo de obter melhorias e resoluções de problemas.
Hoje, a maioria do foco do investimento em Inteligência Artificial na saúde está em otimização na análise de diagnóstico por imagem, personalização de tratamentos, redução de custos e no processamento de grandes bases de dados, identificando tendências, probabilidades e padrões. Contudo, por se tratar de uma tecnologia com crescimento exponencial, este deve ser só o começo, e o potencial se amplia para a criação de novos medicamentos e vacinas e inovação em setores como biotecnologia e genética.
A IA ainda pode ser aplicada na análise de dados de saúde pública. Ferramentas podem ser aplicadas para modelar a propagação de vírus globais, como a COVID-19, prevendo surtos e identificando fatores de risco. Com a melhoria desses modelos, muitos sistemas de saúde podem reagir de forma mais rápida no futuro, com medidas preventivas que aloquem recursos de maneira estratégica.
Outro fator perene do setor é a resiliência independentemente do cenário macroeconômico e de negócios. Os produtos e serviços essenciais se tornam mais essenciais em períodos de crise, afetando pouco a demanda do segmento. Em períodos de expansão econômica, o setor de saúde também cresce.
Até mesmo o aumento de renda das famílias, que buscam por mais serviços de assistência médica, incrementando as despesas com saúde, mexem positivamente os ponteiros do segmento.