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Isolamento da Rússia no mercado mundial pode atrair recursos ao Brasil

Movimento de exclusão do país de índices globais deve ganhar força e favorecer Bolsas de outros mercados emergentes no médio prazo

Aérea de avenida próxima ao Parque Ibirapuera, em São Paulo, com o Obelisco ao fundo, em pôr do sol, alusivo aos investimentos que devem vir ao Brasil saindo da Rússia

Fornecedoras globais de índices de ativos MSCI e FTSE Russel anunciaram a retirada da Rússia de seus índices de ativos em renda variável | Foto: Getty Images

A retirada da Rússia de índices de referência de investimentos de mercados emergentes pode favorecer o Brasil ainda mais nas próximas semanas.

Na noite de quarta-feira, 2, a fornecedora global de índices de ativos MSCI anunciou que a Rússia deixará de fazer parte do índice MSCI Emerging Markets para ser classificada como um mercado independente.

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A mudança passa a valer a partir do dia 9 e foi decidida porque já não há mais acessibilidade e capacidade de investimento no mercado russo.

Na prática, essa alteração impede empresas russas de ter acesso a uma parte relevante dos fundos de investimentos. A tendência é de que os recursos que seriam aportados na Rússia sejam distribuídos entre outros mercados emergentes, como o Brasil.

Outra fornecedora de índices do mercado de ações, a FTSE Russel decidiu retirar a Rússia de todos os seus índices de renda variável. Investidores globais, como a BlackRock, vêm pressionando para a remoção do país desses índices.

De acordo com uma fonte, a retirada da Rússia de outros índices deverá ocorrer em ritmo maior a partir da próxima semana.

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Segundo cálculos do Itaú, apenas com a mudança feita pela MSCI, US$ 27,1 bilhões poderiam deixar a Rússia.

Considerando que o Brasil tem um peso de 4,97% no índice, ele poderia receber US$ 1,34 bilhão desse total. Juntas, as Bolsas de toda a América Latina ficariam com US$ 2,12 bilhões.

Essa saída de recursos, porém, está travada por enquanto. Isso porque o mercado de ações russo está fechado desde segunda-feira, e as sanções adotadas contra o País tornam as transações financeiras bastantes difíceis.

Ainda assim, o fundo soberano norueguês, por exemplo, que possui US$ 1,3 trilhão sob gestão, já anunciou que venderá seus ativos russos, compostos por ações de 47 empresas, com um valor aproximado de US$ 2,83 bilhões.

Caminho de médio prazo para os investimentos que estão na Rússia

Mesmo com o movimento de exclusão se intensificando a partir de segunda-feira, 7, a realocação de ativos estrangeiros não deve ocorrer no curto.

A análise é de Anatole Kaletsky, sócio-fundador e economista-chefe da Gavekal Research, uma das casas de análise mais importantes do mundo.

A razão é que os investidores não vão conseguir liquidar suas posições no mercado russo e, se tentarem, os preços vão a zero.

Kaletsky observa que, como a crise na Ucrânia estava se desenhando há pelo menos 3 meses, alguns investidores já vinham mudando o destino de seus recursos.

E o Brasil recebeu fluxos adicionais, influenciado por ser uma economia produtora de commodities, que se beneficiam do novo cenário mundial.

Outro atrativo é que os preços no mercado doméstico estavam depreciados, comparado a outros emergentes.

Reconquista de terreno

Por enquanto, conforme analistas, é mais certo que a América Latina e o Brasil reconquistem importância nos índices que balizam investimentos nos mercados emergentes e nas carteiras de fundos dedicados a esses países.

Levantamento recente do BTG Pactual mostra que os fundos que apenas compram ativos de países emergentes tinham, em 2021, 5% do total no Brasil, na mínima histórica, sendo que o máximo foi de 16,9% em 2009.

Se forem considerados os fundos globais, que são aqueles que podem investir em todo o mundo, a fatia que o Brasil ocupa é de apenas 0,23% - já foi de 1,9%, também em 2009.

No fundo dedicado aos Brics, a participação chega hoje a 10,6%, longe do pico de 35% observado em 2010.

Já no índice de emergentes da MSCI, a China tem um peso 12,7% superior à média dos últimos 22 anos, enquanto o Brasil e o México recuaram em 5,1% e 3,2% em suas respectivas participações, de acordo com o Itaú.

A Rússia representava 1,47%, tendo perdido espaço desde a última revisão do índice em fevereiro, quando detinha 3,41%. (AE)

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