Mercado financeiro global aguarda novos sinais do Fed em Jackson Hole
Investidores do mundo aguardam o discurso de Jerome Powell, no simpósio anual do Federal Reserve, sobre os rumos dos juros nos EUA
25/08/2023Investidores do mundo estão com as atenções voltadas hoje para a cidade de Jackson, no Estado de Wyoming, nos Estados Unidos, onde ocorre o Simpósio de Jackson Hole, promovido pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos). Todos querem saber os rumos da economia do país mais rico do mundo e, especialmente, o que dirá o presidente do Fed, Jerome Powell, que fala nesta sexta-feira. A perspectiva de juros elevados por mais tempo tende a valorizar o dólar perante outras divisas, em especial pelo diferencial de juros ante rivais de países desenvolvidos.
Ontem, o dólar se valorizou perante outras moedas após dirigentes do Federal Reserve reforçarem que os juros devem permanecer elevados por tempo prolongado. Dados de emprego, atividade econômica e encomendas de bens duráveis sinalizaram a resiliência da economia dos EUA, mesmo após as altas dos juros para conter a inflação. A grande expectativa é de que o presidente do Fed adote uma postura hawkish (adjetivo derivado de hawk, falcão em inglês, referência a uma política monetária mais severa contra a inflação). Se confirmada, isso fará com que os juros dos Treasuries voltem a subir.
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No fim de julho, Jerome Powell declarou que o Federal Reserve está preparado para apertar mais a política monetária, caso seja necessário. No entanto, ele se recusou a fornecer um direcionamento mais explícito sobre os rumos da política de juros nos Estados Unidos, sob a justificativa de um nível elevado de incertezas. Em entrevista após decisão de aumentar juros em 25 pontos-base, Powell admitiu que “há riscos” para os dois lados do processo – tanto para o de fornecer um aperto insuficiente quanto para apertar de maneira exagerada. Segundo ele, os preços moderaram desde meados do ano passado, mas ainda precisam percorrer um caminho longo para retornar à meta de 2%.
Realizado anualmente pelo Fed de Kansas City, o encontro reúne presidentes de bancos centrais, economistas e políticos de todo o mundo. O simpósio é palco para anúncios importantes da autoridade monetária americana aos mercados, uma vez suas decisões afetam todo o mundo.
O que é o Simpósio de Jackson Hole
Criado em 1978, o Simpósio de Jackson Hole nasceu com o objetivo de discutir como a política monetária afeta o desenvolvimento agrícola nos EUA. À época, foi batizado de “Comércio Agrícola Mundial: O Potencial de Crescimento”.
As primeira edições foram realizadas em Kansas City, cidade onde fica a regional do Fed, que foi sucedida por Vail e Denver, duas cidades do Estado do Colorado. A partir de 1982, o evento foi transferido definitivamente para a atual cidade.
Após ganhar tração com a presença de todos os presidentes do Fed ano a ano, o simpósio se consolidou para o cenário internacional a partir de 1989.
Naquele ano, o então dirigente máximo do Federal Reserve, Alan Greenspan, ofereceu perspectivas do banco central ao lado de representantes dos bancos centrais de Alemanha e Canadá sobre o tema “Questões de política monetária na década de 1990”.
Foi a primeira vez que um presidente do Fed teve um papel formal no programa, iniciando uma tendência que continua até hoje.
Por ano, cerca de 120 pessoas participam dos painéis estruturados pelas 12 regionais do banco central americano no evento. Desde 1982, quando a internacionalização dos participantes foi iniciada, 70 países tiveram representantes no encontro em Wyoming. Todos os participantes do simpósio, incluindo membros da imprensa, pagam uma taxa para participar.
Cidade do Velho Oeste
Sede do simpósio anual, a cidade de Jackson é pequena, com menos de 11 mil habitantes, e está situada no vale conhecido como Jackson Hole, que dá nome ao evento, no Condado de Teton.
Com um núcleo de hotéis e resorts, a região de Jackson Hole tem como atrativo o Parque Yellowstone, o primeiro com chancela nacional dos EUA.
O local é conhecido pelo turismo de neve no inverno, com os famoso gêiseres que disparam água fervente em intervalos regulares sendo a principal atração.
Porém, como uma cidade mais interiorana do Velho Oeste, no verão o fluxo de turistas aumenta devido aos rodeios. (Com AE)