Biodiesel pode ajudar a preservar florestas e reduzir emissões de carbono
Joaquim Levy destaca potencial de culturas nativas como a macaúba e a palma no mercado global de créditos de carbono
28/05/2024O agronegócio do Brasil pode contribuir para o meio-ambiente com bons resultados econômicos, aproveitando o grande potencial para a produção de biocombustíveis, segundo de Joaquim Levy, diretor de Estratégia Econômica e Relações com Mercados no Banco Safra. Durante o evento Natural-based Solutions Investment Summit, em São Paulo, Levy destacou o exemplo de culturas da Amazônia, como a palma e a macaúba.
Joaquim Levy é vice-presidente e responsável pelo Grupo Consultivo Brasil da Glasgow Finance Alliance for Net Zero, coalizão global de instituições financeiras que se comprometem com a transição para uma economia de emissão zero de carbono na atmosfera. O grupo foi criado em 2021, durante a COP 26, em Glasgow, no Reino Unido.
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A Glasgow Finance Alliance for Net Zero tem mais de 675 instituições financeiras em mais de 50 países como membros e que reúnem mais de US$ 100 trilhões em capital. Segundo Joaquim Levy, a palma e a macaúba são plantas nativas do Brasil e a sua exploração comercial pode contribuir para a preservação da floresta e da biodiversidade da Amazônia.
“Temos uma grande oportunidade para o Brasil trazida pela necessidade urgente de descarbonizar as cadeias de produção. A indústria de biocombustíveis pode trazer um desenvolvimento econômico para os estados da Amazônia preservando as áreas nativas”, destacou Levy.
Regulamentação deve estimular produção de biodiesel
O diretor do Safra falou sobre o mercado de crédito de carbono, e a necessidade de aprovação da regulação desse mercado no Brasil. O mercado de carbono é um sistema de compensação de emissões de gases de efeito estufa, o que permite que empresas possam comprar e vender créditos para cumprir metas de redução de emissões. Empresas que comprovem a preservação florestal ou reflorestamento podem vender créditos proporcionalmente à quantidade de CO₂ que retiram da atmosfera.
“É necessário que se estude bem a regulamentação deste mercado para que a legislação atenda o produtor rural. Muitas vezes, buscar o crédito de carbono não tem um retorno tão bom quanto a própria produção”, afirmou Levy.
Segundo um estudo feito pela consultoria Atrium Forest para a WWF-Brasil, a macaúba é oito vezes mais produtiva que a soja na produção de biodiesel. O levantamento indicou que a macaúba pode produzir 6 mil litros de óleo por hectare, contra 500 litros da soja, com a vantagem de não alterar as características do solo e não reduzir o rendimento das pastagens.
No caso da palma, a área plantada no Brasil passa dos 220 mil hectares, concentrada principalmente no Pará. Atualmente, mais de 95% da produção é destinada para a indústria alimentícia.