Na COP-26, Levy defende liderança do setor financeiro na sustentabilidade
Em painel da Conferência do Clima da ONU, diretor do Safra detalha os esforços das instituições no financiamento de projetos verdes
11/11/2021O diretor de Estratégia Econômica e Relações com Mercados do Banco Safra, Joaquim Levy, reforçou nesta quinta-feira, 11, durante a Conferência do Clima da ONU (COP-26) a importância do setor financeiro liderar iniciativas que visem à sustentabilidade.
Participando do painel “ESG no Brasil”, promovido pelo Ministério do Meio Ambiente em Glasgow, na Escócia, o ex-ministro da Fazenda destacou o aperto das normas de compliance promovidas pelo Brasil para as empresas se enquadrem nos padrões ESG.
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A sigla trata das questões que envolvem a sustentabilidade nos âmbitos ambiental, social e de governança.
“A regulação no Brasil está mudando muito rápido. Cada vez mais estamos integrando considerações sobre o clima em nossas análises de risco e em nossas políticas de empréstimo e gerenciamento de risco em geral no banco”, disse Levy.
Na visão do executivo, as grandes instituições financeiras do País já se mostram comprometidas com a nova ordem sustentável.
“No Banco Safra, o ESG, não somente com o ambiental, mas também com a governança e a responsabilidade social, está no nosso DNA e que segue por 180 anos. Então, os compromissos de longo prazo estão na base de todas as nossas atividades”.
Um dos exemplos usados por Levy é o apoio do Safra desde o início ao RenovaBio, programa do governo federal criado em 2016 para expandir a produção de biocombustíveis, menos poluentes e de fontes sustentáveis. Porém, a alcance do financiamento vai a outros setores.
“Há muitas áreas com as quais o setor financeiro está agora comprometido no Brasil e o Safra está liderando, ao lado de outros bancos, esse esforço. Não somente financiando energia limpa, mas também atividades de proteção às florestas e à biodiversidade”.
Liderança do País
O evento foi moderado pelo secretário especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital do Ministério da Economia, Caio Mario Paes de Andrade, e teve participação do secretário de Inovação, Desenvolvimento Rural e Irrigação do Ministério da Agricultura, Fernando Silveira Camargo.
Além de Levy, o setor privado foi representado ainda por Kevin Lowder, diretor-geral da EIG (especializada em investimentos na área de energia), e Marta Eluf Pinheiro, diretora executiva de ESG & Business Development da XP.
Dados do governo federal apresentados durante o painel mostram que há atualmente 80 mil produtores rurais na Região Amazônica. Nesse sentido, o governo lançou recentemente o Plano Setorial de Adaptação e Baixa Emissão de Carbono na Agropecuária (ABC+).
Em linha, Levy lembrou que o “Banco Central tem apertado as regras em relação ao setor agro, em apoio às novas tecnologias que permitem a economia de baixo carbono.”
Isso porque a prática da agricultura sustentável e com baixo nível de emissões tende a beneficiar a ela mesma.
“Nós somos muito dependentes da saúde da Floresta Amazônica para as chuvas que servem à nossa agricultura, para a nossa energia devido às usinas hidrelétricas que fornecem a maior parte da nossa energia a partir de rios que se originam a partir dessa área”, afirmou o ex-ministro.
“Nós acreditamos que o Brasil deve ser um líder na proteção da Terra e contra as mudanças climáticas”.
Instrumentos financeiros sustentáveis
Durante o painel, Levy expôs exemplos de veículos de investimento do Safra acessíveis aos investidores que permitem o fomente a ações sustentáveis.
Entre eles estavam os certificados de operações estruturadas (saiba tudo sobre COEs), que, além de serem “verdes”, protegem o investidor de grandes oscilações.
Além disso, um caminho apontado por Levy é o desenvolvimento dos mercados de crédito de carbono, que no Brasil ainda está em discussão.
No Safra, os clientes podem investir no ambiente de negociação europeu, o mais evoluído do mundo na questão, via o fundo multimercado Safra Direct Carbon (detalhes).
A importância destes fundos foi ressaltada pelo secretário Camargo para que o Brasil cumpra suas novas metas de reduzir as emissões de carbono em 50% até 2030 – ou 1,1 bilhão de toneladas de carbono equivalente.
“Aqui em Glasgow temos falado muito sobre o ABC+ e em como trazer dinheiro para este novo plano no Brasil dentro dos próximos dez anos. E muitos destes ótimos fundos como os da EIG, do Banco Safra e da XP, podem promover o plano ABC+ e suas novas metas”, disse Camargo.