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Juros caem com correção de excessos e declarações do secretário do Tesouro

Aceleração da queda ocorreu após Paulo Valle afirmar que o órgão pode atuar de maneira conjunta com o Banco Central 'em caso de necessidade'

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No balanço do mês, a avaliação de que a política monetária terá de ser agressiva para recolocar a inflação na meta foi crescendo nas últimas semanas e, com isso, a curva fechou outubro com a inclinação praticamente zerada | Foto: Getty Images

Os juros futuros fecharam a semana em queda, firmada ao longo da sexta-feira, 29,  depois de elevada pressão na primeira hora de negócios. O movimento de correção de excessos que pautava a curva ganhou força no fim da sessão com declarações do novo secretário do Tesouro, Paulo Valle.

O analista de Investimentos Renan Sujii afirma ter havido volatilidade intraday muito grande e que a amplitude do movimento na sexta, 29, de um DI como o de janeiro de 2023, cujo spread foi de quase 100 pontos entre a máxima e a mínima, dá a dimensão sobre como o mercado está perdido diante das incertezas fiscais e seus impactos sobre a Selic.

“O mercado de juros está muito saturado, tendo de, a todo momento, ficar reprecificando mudanças no regime fiscal. Quando se tem muita coisa ruim embutida nos preços, qualquer fato positivo, por menor que seja, abre espaço para um ajuste”, afirmou o especialista.

Após terem subido mais de 40 pontos no começo do dia, refletindo ainda algumas zeragens de posições e reação negativa à fala crítica do presidente Jair Bolsonaro aos lucros da Petrobras na quinta à noite, o mercado passou a corrigir prêmios, com mínimas sendo atingidas na última hora da sessão regular.

A aceleração da queda ocorreu após Paulo Valle afirmar que o órgão pode vir a atuar de maneira conjunta com o Banco Central em caso de necessidade, quando questionado sobre a inclinação da curva de juros após confirmação de mudanças na regra do teto de gastos, e em meio a um ciclo de alta da Selic. “O Tesouro tem uma mesa de operações e trabalha de maneira coordenada com o BC”, afirmou.

Funcionário de carreira do Tesouro, onde comandou por muito anos a área da dívida pública, Valle tem grande credibilidade junto ao mercado financeiro. “Ele sempre fez um bom trabalho e agora chegou chegando”, diz um gestor.

Outubro fecha com inclinação de curva quase zerada

No balanço do mês, a avaliação de que a política monetária terá de ser agressiva para recolocar a inflação na meta foi crescendo nas últimas semanas e, com isso, a curva fechou outubro com a inclinação praticamente zerada, tomando-se o miolo contra a ponta longa.

O Ibovespa sofreu mais uma semana de queda, ainda pressionado pela cautela dos investidores ante incertezas com as contas públicas. O índice de ações perdeu 2,6% no período, aos 103,5 mil pontos. No mês de outubro, a queda foi de 6,7%, o destaque negativo entre as principais bolsas.

O índice segue portanto sem conseguir sustentar ganho mensal neste segundo semestre.

Com a falta de acordo para aprovação da PEC dos Precatórios na Câmara dos Deputados, a prorrogação do auxílio emergencial passou a ser ventilada em Brasília, reduzindo ainda mais a previsibilidade da trajetória fiscal do País.

O mercado de juros, em especial com vencimentos mais curtos, refletiu bastante as dúvidas dos investidores com o equilíbrio das contas públicas e com a reação do Banco Central ao cenário. A taxa para janeiro de 2023, por exemplo, que chegou a ser negociada em torno de 9% em outubro, operou acima de 12% no último pregão do mês.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 fechou em 8,364%, de 8,417% no ajuste de quinta-feira, e a do DI para janeiro de 2023 caiu de 12,416% para 12,13%.

O DI para janeiro de 2025 fechou com taxa de 12,20%, de 12,516% na quinta, e a do DI para janeiro de 2027 cedeu de 12,474% para 12,20%. O diferencial entre as taxas de janeiro de 2023 e janeiro de 2027 ficou nesta sexta em apenas 7 pontos-base, ante 150 pontos no fechamento de setembro. (AE)

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