Juro da dívida pressiona geração de caixa no trimestre
Com fim do ciclo de cortes da Selic, custo da dívida continua pressionando a capacidade de geração de caixa livre das empresas, segundo análise do Banco Safra
19/08/2024No segundo trimestre de 2024, o Banco Central interrompeu o ciclo de cortes na taxa básica de juros (taxa Selic), motivado pelo risco de descolamento da expectativa de inflação em relação à meta, em que pesou uma atividade econômica mais forte, depreciação cambial e pressão inflacionária externa – ainda que dados recentes de atividade da economia nos EUA sejam
mais favoráveis ao início do corte de juros pelo Fed.
Nesse sentido, mesmo que a demanda agregada favoreça os resultados financeiros, principalmente para aquelas empresas ligadas ao consumo e a commodities de energia, o custo da dívida continua pressionando a capacidade de geração de caixa livre, segundo análise do Banco Safra.
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Há ainda a necessidade de refinanciar a dívida e sustentar desembolsos com despesas de capital, o que cria pressão adicional para companhias com perfil de risco elevado e dificuldade de acesso ao mercado de crédito.
Emissão de títulos bate recorde
O volume de emissão de debêntures, CRAs e CRIs bateu recorde no segundo trimestre de 2024 (R$ 158 bilhões no segundo trimestre deste ano vs. R$ 56 bilhões no segundo trimestre do ano passado e R$ 99 bilhões no segundo trimestre de 2022), o que pode ser lido de duas maneiras:
- (i) crescente necessidade de tomada de dívida, potencializada pelo mercado de IPO restrito e
- (ii) uma forte demanda por títulos de crédito privado, decorrente do alto patamar do juro nominal e da migração do fluxo de capital de fundos exclusivos, multimercados e de ações.
Beneficiam-se desse cenário as companhias de maior porte e com baixo risco de negócio e que, consequentemente, têm fácil acesso ao mercado de crédito privado.
O Banco Safra não vê retorno atrativo o suficiente que justifique um aumento na demanda por títulos de companhias com rating de risco.
Na sua área de cobertura, o Safra destaca nomes com forte potencial de geração de caixa livre:
Arteris Litoral Sul, cujos reajustes tarifários e redução substancial de despesas de capital a colocam em trajetória sustentável de desalavancagem;
BRF, devido ao cenário externo de preços e demanda mais favoráveis e menor custo com insumos, que foram fatores essenciais para a robusta geração de caixa; e
CSN Mineração, em virtude da alta relevante no volume exportado, que mais do que compensou a queda no preço do minério e o aumento no custo
do frete.