‘Freio de arrumação’ na economia vai derrubar juros, afirma Haddad
Ministro da Fazenda citou reformas promovidas na economia no primeiro semestre e programa desenrola como fatores que devem derrubar os juros
02/08/2023O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que os juros do cartão de crédito rotativo vão cair, mas que as taxas devem permanecer altas até que o governo chegue a um consenso com os bancos e a um “sistema mais saudável”. No dia em que o Copom vai iniciar o corte da taxa básica de juros, a taxa Selic, o ministro garantiu que os juros vão cair também para os consumidores que utilizam cartões de crédito.
“Vai cair. Quando eu falo gradualmente, não é que vai cair de 430% para 420%. Vai cair muito, mas, mesmo caindo muito, vai continuar alto por um tempo até a gente cumprir uma transição. O que vamos contratar no sistema bancário é uma transição para um sistema que seja mais saudável do que esse.”
Em entrevista a emissoras de rádio no programa Bom Dia, Ministro, Haddad destacou o “freio de arrumação” dado pelo governo na economia neste primeiro semestre – incluindo a redução da inflação, o que abre espaço, segundo ele, para a queda dos juros.
“Está todo mundo trabalhando na mesma direção, para arrumar a casa. Ao arrumar a casa e tendo esses benefícios – queda da inflação, queda do dólar –, tudo isso aponta numa direção técnica de um corte mais consistente. Hoje, o mercado está pendendo mais para 0,5 do que para qualquer outro número”, completou Haddad.
Já sobre o Desenrola, programa de renegociação de dívidas, o ministro fez um balanço: quase R$ 3 bilhões em dívidas renegociadas até agora. O montante, segundo ele, pode chegar a R$ 50 bilhões até o fim do ano. Em setembro, o programa entra na fase de renegociação de dívidas de serviços, lojas e contas básicas, como água e luz.
Haddad reforça apelo a corte de juros pelo Copom
Ao reforçar o apelo para a queda na taxa Selic, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que, quando se manifesta sobre a taxa de juros, procura ser o mais técnico possível e se baseia em informações das secretarias do Ministério da Fazenda.
“Não é porque você está discutindo que você não está sendo técnico”, afirmou Haddad. “Procuro me basear nas informações das secretarias do Ministério da Fazenda, que têm funcionários tão qualificados quanto os do Banco Central, não são menos, nem mais qualificados”, acrescentou o ministro, reforçando que há “milhares de técnicos” trabalhando na Fazenda e também no Banco Central.
Haddad mencionou que muitas vezes existe a dualidade entre um lado “político” e outro “técnico”, mas que algumas vezes isso é uma “meia verdade”.
“Tecnicamente falando, você pode discutir. Você tem uma situação em que a discussão é possível, com base em indicadores. É possível abrir debate técnico para verificar melhores possibilidades”, explicou o ministro, reforçando que as análises podem divergir de um técnico para o outro e que sempre tratou o presidente do Banco Central e seus diretores tecnicamente. “Dá impressão que um lado é técnico e outro, não; isso é um demérito para técnicos da Fazenda”, disse.
O ministro também lembrou que muitas vezes as decisões do próprio Comitê de Política Monetária (Copom) não são unânimes. “E se não fosse assim, você não teria opiniões divergentes no mercado financeiro sobre a intensidade de corte na Selic na reunião desta semana, de 0,25 ponto porcentual, 0,50 ou 0,75”, reforçou.
Para Haddad, ao longo de todo o período em que a taxa Selic ficou em 13,75% ao ano, tanto o Brasil quanto a economia global mudaram. “O Congresso, os judiciários, e as agências de rating trabalharam muito”, citou o ministro, dizendo que é preciso valorizar o que foi feito por parte do governo “na prática” para “colocar a casa em ordem”.
Haddad também justificou que as críticas do presidente Lula em relação ao nível de juros nunca pretenderam ofender prerrogativas estabelecidas em lei. “Durante todo o processo eleitoral, Lula deixou claro que iria conviver com as instituições que ele recebesse de legado. Ele sempre defendeu instituições e nunca pretendeu ofender prerrogativas estabelecidas em lei, mas isso não o impede de discutir taxa de juro.” (Com Agência Brasil e AE)