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Limite ao ICMS reduzirá receitas dos Estados em R$ 44,6 bilhões neste ano

Projeto que aguarda sanção presidencial pode afetar arrecação estadual, mas também deve aliviar despesas da União em 2023

Detalhe de frentista enchendo tanque de carro com bomba de combustível, alusivo à redução do ICMS

Safra projeta redução permanente de R$ 89 bilhões nas receitas dos Estados a partir do próximo ano com o teto para aplicação do ICMS | Foto: Getty Images

Os efeitos fiscais do Projeto de Lei Complementar (PLP) 18/2022, que visa limitar a aplicação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), aprovado no Senado e na Câmara, são grandes e se estendem para além de 2022.

A análise está em relatório do Banco Safra, que traz a projeção de R$ 89 bilhões de redução permanente a partir do próximo ano nas receitas dos Estados (beneficiados com aplicação com o imposto) com o projeto, que está no aguardo de sanção presidencial.

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Já para 2022, as perdas devem chegar a R$ 44,6 bilhões, em função da redução de alíquotas sobre combustíveis, energia, telecomunicações e transportes.

O projeto também prevê a redução temporária do PIS/Cofins sobre gasolina e etanol, com impacto de R$ 16,4 bilhões para a União em 2022.

O PLP pode, por outro lado, aliviar as despesas da União em 2023, já que boa parte de gastos indexados à inflação, como a Previdência, deverão subir menos como reflexo da provável redução da variação do IPCA em 2022 de 8,7% para 7,3%.

Conforme o Safra, a correção do Teto dos Gastos pelo índice menor poupará ao governo central R$ 23,5 bilhões no próximo ano.

Além disso, a União também será aliviada com o esperado fim da zeragem do PIS/Cofins sobre gasolina e etanol.

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Arrecadação federal

A arrecadação federal continuou forte em abril, na esteira do aumento do preço do petróleo e outros fatores temporários, e há expectativa da permissão de aumento de tarifas elétricas engordarem o caixa da União ainda esse ano.

O governo central fechou abril com superávit primário de R$ 28,5 bilhões (ante estimativa do Safra de R$ 20,1 bilhões), em função basicamente de despesas abaixo do esperado, especialmente despesas discricionárias (custeio e investimentos).

O setor público consolidado de abril também apresentou resultados melhores que o esperado segundo o Safra, com o superávit primário de R$ 38,9 bilhões superando o consenso de mercado de R$ 30,1 bilhões publicado pela Bloomberg.

No primeiro quadrimestre deste ano, o setor público consolidado acumulou superávit primário de R$ 148,5 bilhões, quase o dobro do acumulado no mesmo período de 2021 (R$ 75,8 bilhões).

Além disso, a capitalização da Eletrobrás deve trazer até R$ 25 bilhões para o governo central em função de bônus de outorgas com a renovação de concessões, com futuro aumento das tarifas de energia elétrica, possivelmente ainda em 2022.

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A sanção da lei resultante do PLP 18/2022 levou o Safra a baixar a projeção de superávit primário do setor público consolidado em 2022 de R$ 48 bilhões (0,5% do PIB) para R$ 25 bilhões (0,3% do PIB).

A eventual aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 16/2022, que faria a União compensar os Estados pela zeragem do ICMS de diesel e gás este ano e que poderia levar a transferências próximas a R$ 30 bilhões (0,4% do PIB), não está nos resultados mencionados acima.

As transferências, por força de emenda constitucional, estariam fora do teto dos gastos. De acordo com o Safra, apesar da cautela das compensações da União até agora, a relação dívida pública sobre PIB deve deteriorar nos próximos 18 meses.

Dívida pública

Somando os efeitos fiscais primários e financeiros do PLP 18/2022 sobre a dinâmica de endividamento, o Safra estima que a dívida bruta do governo alcance 81,3% do PIB em 2022 (ante 81,2% do PIB anteriormente) e 85,4% do PIB em 2023 (ante 84,6% do PIB antes).

O esperado rebote parcial dos preços decorrente da volta da PIS/Cofins em 2023 levou ao aumento do IPCA projetado de 4,5% para 4,8%, elevando o custo médio da dívida e seu volume ao final do ano, mesmo medido em relação ao PIB.

Apesar do Banco Central não ter analisado em detalhe o impacto do PLP 18/2022 sobre os preços e juros no seu comunicado de 15 de junho quando da decisão por uma nova alta de 50 pontos base da Selic, o Safra diz que o projeto pode influenciar o prêmio de risco implícito no custo da emissão de sua dívida que, inclusive, vem subindo nos últimos meses.

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