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Levi Strauss se une a gigantes da moda e suspende vendas na Rússia

Criadora da icônica calça jeans azul, companhia anuncia a doação de US$ 300 mil para ajudar na acolhida de refugiados ucranianos

Detalhe de etiqueta branca e vermelha colada em calça jeans da Levi Strauss

Cerca de 4% da receita líquida da Levi Strauss vem da região do leste europeu, sendo a Rússia responsável por metade desse volume | Foto: Getty Images

A Levi Strauss, dona da tradicional marca de jeans Levi’s, anunciou nesta segunda-feira, 7, que suspendeu todas as vendas na Rússia.

Além disso, a companhia informou que vai interromper novos investimentos no país.

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O motivo é o mesmo que levou outras gigantes da moda, como Adidas, Balenciaga, H&M, Nike e Net-a-porter, a paralisar as atividades por lá: a invasão unilateral da Ucrânia.

Conforme anúncio oficial, cerca de 4% da receita líquida da Levi Strauss vem da região do leste europeu.

Nesse sentido, o mercado russo é responsável por metade dessa receita.

Porém, a empresa se comprometeu em “apoiar seus funcionários, parceiros e suas famílias afetadas por esta decisão nos próximos meses” na Rússia.

Adicionalmente, a empresa anunciou que doará mais de US$ 300 mil a organizações sem fins lucrativos para apoiar a acolhida aos refugiados da Ucrânia.

“Quaisquer considerações comerciais são claramente secundárias ao sofrimento humano experimentado por tantos. A comunidade LS&Co. continua entristecida pelo conflito devastador na Ucrânia e nossos pensamentos estão com todos aqueles que foram afetados, incluindo nossos funcionários, parceiros e seus entes queridos”, afirmou a Levi Straiss, em nota.

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Influência da Levi Strauss na era soviética

Fundador da marca, Levi Strauss inventou a icônica calça jeans azul, tão popular e atemporal.

No entanto, durante a Guerra Fria, entre o final da década 1940 e o início dos anos 1990, os jeans se tornaram um símbolo de fuga do socialismo imposto na União Soviética.

Após Moscou sediar o Festival Internacional da Juventude e dos Estudantes, a peça se tornou febre no país.

Contudo, o item representava o que mais havia de popular no ocidente e começou a ser um símbolo do capitalismo aos olhos das autoridades soviéticas.

Logo, iniciou-se uma campanha contra os jeans ocidentais, com a produção doméstica das calças dentro da União Soviética.

Mas os jeans ocidentais, com os da Levi Strauss, desbotavam com o tempo, o que dava ainda mais valor à peça. Já as peças soviéticas, não.

Sendo assim, tornou-se perigoso, principalmente para os jovens, andar com um par de calças jeans do Ocidente.

Seu valor era tamanho, inclusive, que uma reportagem da Life Magazine, de 1972 apontou que jovens estadunidenses bancavam suas viagens pela União Soviética apenas vendendo pares antigos de calças jeans, que custavam até 200 rublos - ou um mês de salário no país.

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