Maksoud Plaza, ícone da hotelaria em São Paulo, fecha as portas
Em recuperação judicial e envolvido em processo trabalhista e disputa entre pai e filho, o hotel Maksoud Plaza deixa de receber hóspedes
07/12/2021O Maksoud Plaza, um dos mais tradicionais hotéis de São Paulo, fecha as portas nesta terça-feira, 7. Clientes que tentam
fazer reserva recebem a notícia que o Maksoud estará fechado a partir de agora sem previsão de retorno.
Em setembro de 2020, o hotel que é um dos símbolos de requinte da hotelaria paulistana, entrou com um pedido de recuperação judicial para pagar as dívidas de 110 milhões de reais.
Ícones de hospedagem e de gastronomia na capital paulistana, o hotel viveu seu auge nas décadas de 1980 e 1990. Abrigava restaurantes famosos e sua casa de espetáculos, a 150 Night Club, recebeu nomes como Frank Sinatra.
Entre os hóspedes célebres, já passaram pelo Maksoud Margaret Thatcher, ex-primeira-ministra britânica, e o músico inglês David Bowie.
O valor total incluído na ação de recuperação judicial, protocolada na segunda-feira, 21, é de pouco mais de R$ 81 milhões, mas os débitos totais, incluindo os trabalhistas, chegariam a R$ 120 milhões, disse uma fonte próxima ao caso.
O hotel voltou a funcionar no último dia 4 de setembro, depois de quase seis meses de portas fechadas por causa da pandemia do novo coronavírus.
A taxa de ocupação, em função do esvaziamento do turismo de negócios, ficou em torno de 3%, segundo informou o hotel na época, por meio de um comunicado. Para reduzir custos, a companhia informou ter cortado 50% dos seus funcionários.
Maksoud Plaza é alvo de disputa judicial entre pai e filho
O hotel foi alvo de uma longa disputa familiar. A briga relativa à herança envolve Henry Maksoud Neto e seu pai, Roberto Maksoud. Um documento assinado pelo avô deu ao neto os direitos sobre a herança. Mas os filhos do primeiro casamento de Henry Maksoud, Roberto e Cláudio, afirmam que a assinatura é falsa e o documento não tem valor legal.
Maksoud Neto, que trabalha no hotel desde os 15 anos, sempre negou a acusação. O hotel foi citado no Panamá Papers, por causa de uma assinatura atribuída ao fundador do hotel, mas que tem data posterior à sua morte.
Dívida trabalhista leva sede do hotel a leilão
Outro imbróglio judicial envolve o edifício do Maksoud Plaza. Em 2011, por causa de uma dívida trabalhista da controladora Hidroservice, o imóvel – avaliado em cerca de R$ 400 milhões – foi a leilão judicial.
Os empresários Fernando Simões e Jussara Simões, da Júlio Simões Logística (JSL), arremataram o edifício como pessoas físicas.
Desde então, iniciou-se uma briga pela propriedade. Em dezembro do ano passado, o Tribunal Superior do Trabalho (TST) considerou esse leilão válido, mas a família continua a recorrer. A decisão foi ao TST porque o hotel foi leiloado para pagar dívidas trabalhistas.
Na petição da recuperação judicial, os advogados do Maksoud Plaza argumentam que a situação econômica da empresa vinha melhorando. O hotel, segundo o documento, faturou R$ 72,5 milhões em 2019, contra R$ 36,8 milhões obtidos em 2013, na gestão anterior.
A empresa diz ter reduzido o total de processos trabalhistas de mais de 400 para cerca de 30.
Hotel viveu seu auge nos anos 1980 e 1990
O Maksoud, que viveu seu auge nos anos 1980 e 1990, é o que restou de uma empresa muito maior. A documentação da recuperação judicial lembra que a Hidroservice, uma empresa de engenharia, chegou a ter 10 mil trabalhadores em seu auge.
A companhia desenvolveu projetos como os aeroportos Tom Jobim (Galeão, no Rio de Janeiro), Eduardo Gomes (Manaus), o Terminal Rodoviário Tietê (em São Paulo). (Com AE)