Metabolismo não diminui na meia-idade, mostra pesquisa
Estudo desfaz a crença no declínio a partir dos 20 e pode mudar tratamentos para retardar as doenças da velhice
23/08/2021Diferentemente do que se acreditava até agora, o metabolismo adulto começa a entrar em declínio apenas por volta dos 60 anos de idade.
De acordo com estudo realizado em 29 países pela Universidade de Aberdeen, da Escócia, nenhuma mudança na taxa metabólica do corpo ocorre após os 20 anos de idade até a entrada na terceira idade.
O estudo foi realizado com 6.400 pessoas saudáveis. Foram analisados os metabolismos de bebês de oito dias de vida até idosos de 95 anos de idade.
A conclusão é que o motor de energia do corpo, considerando o grande responsável pela manutenção da forma física, entre muitas funções vitais, atinge seu pico com um ano de idade, muda pouco na adolescência e só começa a declinar a partir da sexta década de vida.
“É um quadro que nunca visto”, disse John Speakman, um dos pesquisadores da universidade escocesa, à BBC de Londres. “O surpreendente é que não há mudança durante a vida adulta. Se você está vivendo uma crise da meia-idade, não pode mais culpar o declínio da taxa metabólica”.
O estudo, publicado pela revista Science, concluiu que o desempenho metabólico:
- Do nascimento até 1 ano sobe para o ponto mais alto de toda a vida, 50% acima da população adulta
- Desacelera suavemente ocorre até os 20 anos, sem nenhuma alteração pela puberdade
- Mantém-se o mesmo dos 20 aos 60 anos
- Entra em declínio permanente, com quedas anuais que dos 60 aos 90 anos
- Por volta dos 90 anos, cai para 26% abaixo do da meia-idade
Novo entendimento sobre metabolismo pode mudar tratamentos para muitas doenças
Os pesquisadores afirmam que a compreensão completa das mudanças no metabolismo pode ter impactos na medicina.
Os estudiosos dizem que isso pode ajudar, por exemplo, a revelar se os cânceres se espalham de maneira diferente conforme o metabolismo muda e se as doses de medicamentos devem ser ajustadas durante as diferentes etapas.
Deve colocar em discussão também as drogas que retardam doenças da velhice.
Rozalyn Anderson e Timothy Rhoads, da Universidade de Wisconsin (EUA), afirmaram para o canal britânico que o estudo “sem precedentes” já trouxe “importantes novas descobertas sobre o metabolismo humano”.
E que “não pode ser coincidência” que doenças da velhice surgem no momento em que o metabolismo decai.