Moda pós-pandemia celebra excessos e diverte internet
Mostra reúne em Nova York criações de grandes grifes que viraram memes nas redes sociais do mundo todo após o desfile no Metropolitan
15/09/2021O Met Gala, tradicional festa beneficente organizada anualmente no Metropolitan Museum of Art, em Nova York, confirmou a aposta de especialistas em tendências para os próximos tempos: os excessos e a extravagância dominarão o mundo da moda na retomada.
O evento-vitrine reuniu celebridades como a tenista Serena Williams, a socialite Kim Kardashian e a cantora Rihanna com seu marido Asap Rocky. Os looks passariam despercebidos sobre carros alegóricos no carnaval brasileiro, mas não para os seguidores da papisa fashion Anna Wintour, organizadora do evento.
Em menos de duas horas, a hashtag #MetGala reunia mais de um milhão de posts (só no Instagram), quase todos de memes sobre as criações como a “burca” (assim apelidada pelos internautas) que cobria Kardashian da cabeça aos pés, literalmente.
‘Burca’ de Kim Kardashian no Met Gala incomodou afegãs
Segundo o jornal jornal britânico Daily Mail, muitas afegãs se incomodaram com a aparição da celebridade. “Os meios de comunicação americanos se rendem para elogiar a estrela de reality show por usar efetivamente uma burca no tapete vermelho, enquanto as mulheres afegãs protestam contra sua opressão nas mãos do Taleban”, escreveu colunista de assuntos internacionais do tabloide.
Já os fãs de Harry Potter em todo o mundo se divertiram com a semelhança entre a roupa da grife espanhola e os dementadores, as criaturas sugadoras de vida na série de J. K. Rowling.
O pink dominou a cena: roupas, flores e até o tapete no tom chiclete. Também chamado de Rosa Millenium, pela Pantone, é a cor cravada como tendência geral para 2022 pela consultoria WGSN.
A empresa afirma que, por se tratar de uma cor que funciona igualmente nos meios digitais e físicos, deve ser a ponte para a retomada do consumo de moda.
O relatório também aposta no uso excessivo de tons da paleta como um antídoto ao período depressivo da pandemia, representado pelo azul.
Uma exposição com as roupas (sem as celebridades) entra em cartaz no sábado no museu da Quinta Avenida, na ala dedicada à arte de vestir.
Parte pode ser vista pela página do MET sob o título “In American – A Lexicon of Fashion”. Releituras de roupas de cowboy e imitações de figurinos de filmes que retratam a alta sociedade americana de anos dourados ocupam a maior parte dos manequins do museu, assim que forem devolvidos pelos convidados da editora da Vogue, poucas vezes vista com um vestido tão cheio de flores.
A ideia do evento que abre a mostra é exibir o que o mundo vai consumir de moda em estações vindouras. Essa edição, dedicada ao “léxico americano” faz pensar no efeito real do excesso de referências à cultura norte-americana no mercado mundial de roupas.
A própria Anna Wintour diz que uma foto incrível de moda sem contexto diz tanto sobre o mundo quanto uma manchete do New York Times.
O humor da internet foi até agora a melhor régua de contexto para as invenções do evento, adiado por quatro meses e realizado sem uso de máscaras, talvez outra forma de antecipar o futuro pós-pandêmico.