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Cepa ômicron: vacinados apresentam sintomas leves

OMS classifica a Omicron, encontrada primeiramente na África do Sul, como "variante de preocupação". Entenda as características

Cientistas em laboratório analisando nova variante da covid

O mundo volta suas atenções para o risco de a nova cepa apresentar muitas mudanças na proteína S, a “chave” que permite a entrada nas células | Foto: Getty Images

Desde quinta-feira, 25, o mundo está mais apreensivo com a notícia da descoberta de uma nova variante do coronavírus, causadora da covid-19.

Cientistas ainda tentam descobrir se a variante Ômicron é mais transmissível, se está ligada a casos mais agressivos ou se escapa da proteção da vacina.

Os profissionais de saúde da África do Sul, onde a cepa foi descoberta, reportam sintomas leves entre os vacinados como dores de cabeça, de garganta e no corpo, febre, mal-estar e perda de apetite.

Pacientes que ainda não tomaram vacina são maioria nos casos de hospitalização – cerca de 90% dos pacientes hospitalizados com a nova variante não são vacinados na África do Sul.

A descoberta vem no momento em que os casos da doença avançam pela Europa. Abaixo, um resumo do que se sabe até o momento sobre a variação do vírus.

A única certeza é a de que a nova variante ômicron vai se espalhar pelo planeta: “Podemos estar seguros que essa variante se expandirá. A Delta também começou em um lugar e, agora, é predominante”, afirmou o porta-voz da Organização Mundial da Saúde, Christian Lindmeier.

“Uma vez que é detectada uma variante e se começa a vigilância, ela é encontrada mais e mais. Isso funciona assim. Quando se descobre, é porque já há uma série de casos em mais algum lugar.”

A Delta foi detectada na Índia no segundo semestre do ano passado. Hoje, representa mais de 90% dos casos de covid-19 no mundo.

A cientista-chefe da OMS, Soumya Swaminathan, disse que a Ômicron é “muito transmissível”. “Até que ponto devemos ficar preocupados?”, questionou. “Precisamos estar preparados e cautelosos, não entrar em pânico, porque estamos em uma situação diferente de um ano atrás.”

Swaminathan, porém, afirmou que é “cedo” para tirar conclusões sobre o comportamento da cepa. “Precisamos esperar, espero que seja mais ameno”, disse. Ela destacou que o mundo está “mais preparado” para a variante por conta do avanço da vacinação.

Qual o nome da nova variante que causa a covid

A cepa foi batizada, primeiramente, de B.1.1.529 e, agora, recebeu o nome de ômicron, pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

A entidade fez o mesmo com outras cepas (veja a lista aqui), evitando que as mesmas levassem o nome de origem da identificação.

A OMS usa letras do alfabeto grego para denominar as variantes importantes do novo coronavírus. A última variante registrada havia sido a Mu, que deveria ser seguida das letras gregas Nu (equivalente ao N) e Xi.

As letras, no entanto, poderiam causar confusão, já que Nu em inglês tem pronúncia quase idêntica à palavra new (novo). Enquanto a letra Xi corresponde a um nome comum na Ásia, principalmente na China. A OMS decidiu, então, pular as duas letras.

Onde foi encontrada

Confirmada pelo Instituto Nacional de Doenças Transmissíveis da África do Sul (NICD, na sigla em inglês), a cepa foi encontrada no próprio país.

Ela foi identificada, inicialmente, em 22 pacientes doentes. Além de países vizinhos a Botsuana – África do Sul, Lesoto, Namíbia, Zimbábue e Eswatini (ex-Suazilândia) -, casos da variante Ômicron também foram registrados em outras regiões: Hong Kong, na China, foi a primeira delas. Israel e Bélgica também tiveram registros, casos que seguem isolados.

O Reino Unido confirmou dois casos de contágio pela variante ômicron no sábado, 27 de novembro.

No caso belga e israelense, ambos os governos informaram que os casos são de pessoas que vieram do Egito e Malaui, na África, respectivamente.

Letalidade e transmissibilidade

Em pronunciamento sobre a variante, a líder técnica da OMS Maria van Kerkhove disse que ainda serão necessárias algumas semanas para que se possa determinar o risco exato do novo mutante do Sars-Cov-2.

Porém, há uma preocupação pelo vírus apresentar muitas mudanças na proteína S (de spike, ou espícula), a “chave” que permite a entrada veloz no vírus nas células.

De acordo com a BBC, foram identificadas 32 mutações na proteína S da nova variante.

A OMS definiu nesta sexta-feira, 26, que a cepa entra para a lista de variantes de preocupação (VOCs).

Antes, a ômicron era classificada como uma variante sob monitoramento (VUM).

Além das duas classificações acima, a OMS tem uma terceira divisão de cepas, chamada de variantes de interesse (VOI)

Conforme a OMS, “a evidência preliminar sugere um risco aumentado de reinfecção com esta variante, em comparação com outros VOCs”.

Além disso, a entidade destaca que “o número de casos desta variante parece estar aumentando em quase todas as províncias da África do Sul”.

Replicação da nova variante da covid-19

Como mencionado, ainda não se sabe qual a potência da nova cepa na questão da transmissão.

Mas a única certeza é de que o vírus, capaz de produzir cópias de si mesmo, ganha mais possibilidades de mutação em populações vulneráveis.

Ou seja: há mais chances do vírus ter novas cepas em locais com baixo índice de vacinação.

Na África do Sul, apenas 23,5% da população está totalmente vacinada.

Como comparação, o Brasil tem mais de 60% dos cidadãos totalmente imunizados.

Os dados são da plataforma Our World in Data, da Universidade de Oxford, do Reino Unido.

Restrições em viagens

Até o momento, nove países anunciaram medidas para evitar que a nova cepa do coronavírus se espalhe em seus territórios.

  • Alemanha
    Não permitirá a entrada de viajantes vindos da África do Sul. Alemães que vieram do país terão que cumprir quarentena de 14 dias, mesmo se estiverem vacinados.

  • Estados Unidos
    Os EUA nunciaram restrições de viagens aos seguintes países africanos: África do Sul, Botsuana, Eswatini (Suazilândia), Lesoto, Malaui, Moçambique, Namíbia e Zimbábue. Nova York entrou em estado de emergência no sábado, 27 de novembro.

  • Hong Kong
    Proibiu a entrada de viajantes que estiveram nos últimos 21 dias nos seguintes países africanos: África do Sul, Botsuana, Eswatini (Suazilândia), Lesoto, Malaui, Moçambique, Namíbia e Zimbábue.

  • Israel
    Anunciou a proibição da entrada de estrangeiros das seguintes nações africanas: África do Sul, Botsuana, Eswatini (Suazilândia), Lesoto, Moçambique, Namíbia e Zimbábue.

  • Itália
    Mesma medida anunciada por Hong Kong, mas se aplica a pessoas que estiveram nos últimos 14 dias nos seguintes países: África do Sul, Botsuana, Eswatini (Suazilândia), Lesoto, Malaui, Moçambique, Namíbia e Zimbábue.

  • Reino Unido
    Suspendeu voos dos seguintes países: África do Sul, Malawi, Moçambique, Zâmbia, Angola, Botsuana, Eswatini (Suazilândia), Lesoto, Namíbia e Zimbábue. Britânicos que voltarem de algum desses lcoais terão que cumprir quarentena de dez dias, mesmo vacinados.
  • Singapura
  • Vai restringir a entrada de pessoas do sul da África.
  • Bahrein e Croácia
  • Vão suspender voos de alguns países, ainda a anunciar.
  • França
  • Suspendeu voos vindos do sul da África

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