Nubank tem vantagem competitiva e cresce acima da média
Tecnologia avançada e capacidade de atender à demografia mais jovem e com conhecimento digital dão uma vantagem competitiva ao Nubank, avalia a Safra Corretora
27/09/2024O Nubank é um dos casos mais impressionantes no setor de serviços financeiros no Brasil, tendo adicionado mais de 100 milhões de clientes na última década, segundo análise da Safra Corretora. Combinando forte crescimento de receita com custo controlado para servir, o que se traduziu em lucratividade crescente, o Nubank registrou ROE de aproximadamente 30% no segundo trimestre de 2024.
A abordagem digital-first, a integração simples e experiência de usuário (UX) superior permitiram que o Nubank escalasse localmente, dominando o segmento massificado, e agora está expandindo limites para aumentar sua relevância em faixas de alta renda e outras geografias latino-americanas (ou seja, México e Colômbia).
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Próximos capítulos e desafios para o sucesso do Nubank
O Nubank continua focado em suas três prioridades estratégicas, segundo a análise da ação feita pela Safra Corretora:
- (i) crescer em faixas de alta renda;
- (ii) escalar em empréstimos consignados;
- (iii) vencer no México e na Colômbia.
O segmento afluente mostra uma competição mais acirrada de empresas tradicionais e players que priorizam o investimento, como XP e BTG Pactual.
O Nubank cresceu consideravelmente acima da indústria neste segmento, mas os ganhos de participação de mercado foram mais modestos e devem levar mais tempo para se materializar. Embora a expansão em empréstimos consignados deva ser uma questão de tempo, o Banco Safra vê um desafio mais complexo em sua expansão para o México.
Ao contrário do Brasil, onde a Nubank capitalizou em um mercado ávido por disrupção digital, o México impõe barreiras estruturais e culturais além de competir com os titulares para ganhar relevância e ser um vencedor de longo prazo.
“A Nu é uma vencedora de longo prazo para nós, embora não tenha surpresas de lucros de curto prazo”, diz o relatório de avaliação da Safra Corretora.
Apesar desses desafios, o potencial de longo prazo da Nubank continua significativo. Sua tecnologia avançada e capacidade de atender a uma demografia mais jovem e com conhecimento digital lhe dão uma vantagem competitiva.
No entanto, com sua avaliação atual já refletindo muito desse potencial de crescimento, o Safra vê um aumento limitado de curto prazo. “Para nós, os investidores de longo prazo são mais adequados para a Nubank, pois sua capacidade de inovar e se adaptar provavelmente produzirá resultados ao longo do tempo. Em contraste, investidores de curto prazo podem achar as ações menos atraentes, pois não apresentam um fator de surpresa nos lucros, dado o consenso já otimista em vista dos desafios de curto prazo”, aponta o relatório da Safra Corretora.
Execução fina, mas valuation esticado…
A Safra Corretora está iniciando a cobertura da Nu Holdings com uma recomendação Neutra. Na avaliação do Safra, a Nu deve continuar a entregar resultados fortes, e as previsões de lucro líquido de US$ 2,06 bilhões, US$ 2,95 bilhões e US$ 4,20 bilhões em 2024, 2025 e 2026 estão 5%, 3% e 4% acima do consenso VA, respectivamente.
No entanto, quando limitamos o consenso por “atualizações recentes”, os números da Safra Corretora estão amplamente alinhados com a rua.
A avaliação para a Nu é baseada em um modelo DDM baseado em USD, usando um custo de capital próprio (Ke) de 13% e taxa de crescimento terminal (g) de 4,5%, chegando a um preço-alvo de US$ 16,50 com potencial de alta de 19% em relação aos níveis atuais.
Como tal, a Safra Corretora não vê alta suficiente para justificar uma recomendação de Compra, mas também não acredita que a ação seja cara em comparação com os pares globais.
O Safra vê a Nu sendo negociada a 16,1x P/L e 4,5x P/VP 2025; 12,4x P/L e 3,3x P/VP 2026.
Principais riscos para a tese:
- (i) Deterioração do ambiente macroeconômico, com impacto na inadimplência, margens e taxas de crescimento;
- (ii) riscos de execução no México e na Colômbia;
- (iii) mudanças desfavoráveis no ambiente regulatório;
- (iv) possível competição irracional de incumbentes; e
- (v) desvalorização das moedas locais versus o USD.