O dilema do Copom com inflação, risco fiscal e falta de insumos
Acelerar o ritmo de alta da Selic ou manter o aumento dos juros realizado em outubro: o dilema do Copom diante do difícil cenário do 4º trimestre
03/12/2021
Em outubro, foi notável a abertura das curvas de juros em meio ao abalo da âncora fiscal | Foto: Getty Images
Dados recentes da atividade econômica apontam um cenário desafiador no quarto trimestre de 2021. Dentre os principais desafios estão o aumento da inflação, o risco fiscal e a falta de insumos na cadeia produtiva. Este último causa impacto negativos na indústria de transformação, cuja queda foi de -0,2% em comparação a agosto, a oitava queda consecutiva na pesquisa do IBGE.
O comércio varejista recuou 1,3%, variação abaixo das expectativas de mercado e influenciado pelos efeitos da inflação crescente, o que diminui o poder de compra das famílias.
O setor de serviços caiu 0,6%, puxado principalmente por transportes (-1,9%), mas compensado por serviços prestados às famílias, que manteve o fôlego de crescimento e avançou 1,3%. A perspectiva ainda é positiva para esse subsetor.
Copom terá decisão difícil a tomar em dezembro
A inflação segue pressionada pelo aumento nos preços da energia elétrica e combustíveis. No lado da demanda, a flexibilização das atividades comerciais e serviços também contribuem para o crescimento da inflação em outros segmentos.
Diante disso, o Copom terá uma difícil decisão a tomar em dezembro: acelerar o ritmo de alta da Selic ou manter o aumento realizado em outubro.
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Em outubro, foi notável a abertura das curvas de juros em meio ao abalo da âncora fiscal. Entretanto, é esperado uma reação positiva do mercado após a aprovação da PEC dos Precatórios no Senado, por trazer maior visibilidade da trajetória das contas públicas. Isso pode se refletir no fechamento do juro futuro.
Mercado Secundário
No mercado de debêntures incentivadas, o spread médio sobre a NTN-B apresenta trajetória de compressão desde meados do ano, mais acentuadamente em outubro, quando a curva NTN-B teve forte abertura em meio a piora do cenário inflacionário.
Desde então, notamos maior volatilidade nos spreads dos títulos negociados no secundário, possivelmente por conta de uma “reprecificação” do risco do país.
Ao segmentar as debêntures pela duration, observamos que o grupo com duration mais curta (até 2 anos) apresentou fechamento do prêmio negociado durante o mês de novembro. Debêntures de médio prazo, que é o foco da carteira deste mês, apresentou maior estabilidade no spread.

