close

O que é reflação e como ela afeta a sua vida

Fenômeno que acontece após uma recessão entrou em debates sobre o pós pandemia. Entenda o conceito e como isso ocorre

Impressão de dólares em máquina, alusiva ao movimento de inflação acelerada, com reflação

Estímulos monetários e fiscais nos Estados Unidos para recuperar a economia têm motivado a discussão sobre reflação | Foto: Getty Images

Nos últimos meses, a reflação tem sido pauta constante nos debates sobre o cenário econômico internacional e seus reflexos na economia nacional. O motivo da maior discussão sobre o tema é a retomada econômica pós-pandemia de covid-19 pelo mundo.

O principal mercado onde a reflação preocupa é o americano, onde os estímulos trilionários promovidos pelo governo do presidente Joe Biden e os juros baixos alimentam o debate sofre o efeito nos preços.

A junção desses fatores pode culminar em uma escalada da inflação além do esperado e aumento nos juros dos EUA, afetando diretamente os investimentos no Brasil. Entretanto, o tema reflação provoca dúvidas sobre o seu real significado e possíveis consequências práticas.

O que é reflação

De maneira resumida, reflação é um movimento de alta acelerada dos preços após um período de crise e recessão econômica.

O principal fator gerador de reflação são os estímulos monetários e fiscais promovidos pelo governo de um determinado país.

Leia mais

Esses estímulos são criados para fazer a economia retomar a trajetória de crescimento e geração de empregos.

O economista americano Irving Fischer (1867-1947) foi o criador do termo e o pioneiro no estudo sobre a reflação.

Exemplo

O maior exemplo de como se forma um movimento de reflação está na situação que a originou.

Fischer, o criador do termo, analisava durante os anos 1930 o processo de recuperação dos EUA depois da quebra da bolsa de valores de Nova Iorque, ocorrida em 1929.

Após a gigantesca crise, o governo americano, então liderado pelo presidente Franklin Delano Roosevelt, buscou recuperar a economia com um enorme pacote econômico – chamado “New Deal” – com a promoção de obras públicas para reativar o consumo e a economia do país.

Presidente dos EUA Franklin Delano Roosevelt (ao centro) | Foto: Wikipedia Commons

Roosevelt investiu em infraestrutura, com a construção de hidrelétricas, pontes, estradas e concedeu estímulos a setores básicos da indústria para que os milhões de desempregados encontrassem novos postos de trabalho.

Simultaneamente à criação de empregos, o governo trabalhou em leis e sistemas com foco no ambiente social, como o sistema de seguridade do país, estabelecido em 1935.

Ao passo que o chamado bem estar social voltava à sociedade americana, o consumo aumentou e, com ele, a inflação dos preços.

Reflação no debate atual

O ganho de espaço da reflação na pauta de debate sobre a economia se deve aos pacotes de US$ 1,9 trilhão de apoio social e de U$S 2,2 trilhões de investimentos em infraestrutura do governo federal dos EUA para recuperar a economia, duramente afetada pela pandemia.

O conjunto de medidas envolve a construção de 500 mil estações para carregar carros elétricos, o aumento de impostos a grandes corporações e a elevação do salário mínimo, por exemplo.

Soma-se a isso o fato do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) contribuir com os planos do governo Biden por meio da manutenção do intervalo das taxas de juros entre 0% e 0,25%.

Reflexos das ações dos EUA

Os juros mais baixos, além de ajudar a tornar o crédito mais barato, incentiva os investidores a buscarem os ativos de risco.

Esse movimento acontece porque os títulos do Tesouro americano – considerados os mais seguros do mundo -, que têm remuneração ligada aos juros do Fed (similar à Selic e ao Tesouro Direto, no Brasil) se tornam menos atrativos.

Enquanto os investimentos e o consumo nos EUA caminham, os preços dos produtos voltam a acelerar. A inflação americana medida pelo CPI teve alta de 0,8% em abril ante março.

O avanço representou alta também sobre o mesmo mês de 2020, de 4,2%. O núcleo do índice, que exclui itens mais voláteis, subiu 0,9% na margem, o aumento mais rápido desde 1982.

Caso a inflação chegue a níveis mais elevados do que o Fed espera, os juros podem começar a subir nos EUA, derrubando a atratividade de títulos de outros países, como o Brasil.

Neste caso, o Banco Central, por meio da Ata do Copom (Comitê de Política Monetária) informou estar atento ao risco de reflação, com possibilidade de uma escalada duradoura da inflação americana.

Na visão do Banco Safra, o atual debate é preventivo: busca apenas se antecipar às possibilidades de excessivo gasto fiscal nos EUA.

Assine o Safra Report, nossa newsletter mensal

Receba gratuitamente em seu email as informações mais relevantes para ajudar a construir seu patrimônio

Invista com os especialistas do Safra