close

O que são e como identificar as síndromes pós-covid

Sintomas atingem ex-pacientes tanto de casos graves quanto leves da doença depois da alta médica e podem durar semanas

O pneumologista Fabio Arimura

O pneumologista Fabio Arimura: sintomas pulmonares são os mais comuns no pós-covid, mas todos os órgãos podem ser atingidos | Foto: Divulgação

Com todo o sistema de saúde brasileiro absorvido para salvar vidas em quadros agudos de covid-19, um efeito importante causado pelo novo coronavírus tem recebido menos atenção do que precisaria: as síndromes pós-covid.

Também chamada de covid prolongada, esse tipo de síndrome atinge pacientes tanto de casos graves quanto leves da doença, depois da alta médica e do fim da recomendação de isolamento total.

Sintomas podem ser graves ou silenciosos

Alguns dos sinais mais comuns da covid prolongada são mais evidentes: tosse, falta de ar e febre recorrentes, que duram semanas e muitas vezes exigem a volta do paciente ao atendimento hospitalar

Mas existem prolongamentos mais silenciosos, como a fadiga crônica (cansaço), a cefaleia (dor de cabeça) e falta de memória, que as notificações mostram que podem se estender por mais 12 semanas depois do fim do quadro agudo.

Outras síndromes pós-covid podem indicar problemas menos administráveis como taquicardia (aceleração dos batimentos cardíacos) e a falta de ar, sobretudo em pacientes com doenças pré-existentes e com idades mais avançadas.

Sequelas do coronavírus

Existem hipóteses de que, em alguns casos de síndromes pós-covid, o efeito no novo coronavírus no organismo pode até se tornar permanente, em diferentes órgãos do corpo humano.

Coordenador da área de fibrose da Sociedade Paulista de Pneumologia, o médico Fabio Arimura diz que embora as alterações mais evidentes no pós-covid sejam de natureza pulmonar, existem registros de sintomas prolongados em todos os órgãos do corpo humano.

Sintomas que, em alguns casos, podem se tornar crônicos. Leia a seguir a entrevista completa com o pneumologista.  

O Especialista – Passado mais de um ano do início da primeira onda da covid-19, já é possível observar casos de problemas que vieram depois do fim do quadro infeccioso? Quais são os mais comuns deles?

Fabio Arimura – As principais alterações pós-covid são pulmonares: manutenção da falta de ar e tosse. Também vemos alterações cardíacas com queixa de palpitação e neurológicas, especialmente cefaleia e perda de memória. Já foram descritas alterações crônicas em praticamente todos os órgãos do corpo.

Em que momento eles podem ser identificadas?

A maioria dos problemas já aparecem durante o quadro infeccioso, mas alguns podem aparecer depois, como queixas neurológicas, especialmente cefaleia e esquecimento. Pacientes mais idosos e com quadros piores tendem a sofrer sintomas mais persistentes

Quais são os sinais a que um ex-paciente de covid-19 deve ficar atento?

O ex-paciente com covid deve ficar atento tanto à persistência dos sintomas conhecidos como ao aparecimento de novos. Nesses casos, todos os sintomas devem ser discutidos com especialistas em uma reavaliação precoce com exames específicos que podem ajudar a elucidar se se está, de fato, diante de uma síndrome pós-covid.

Como identificar uma possibilidade de sequelas?

Ainda não dá para falar que as sequelas sejam definitivas, pois os trabalhos ainda mostram seguimento de relativo curto prazo, mas é provável que uma parcela, felizmente pequena, evolua para uma sequela irreversível, seja pulmonar, neurológica ou cardíaca

O colapso na capacidade de atendimento de emergâncias de agravamento de quadros de covid-19 é imenso e evidente. E quanto à estrutura (profissional, inclusive) para os problemas pós-covid?

A estrutura para os problemas pós-covid também passam por problemas estruturais, especialmente no SUS, já que depende de equipe multiprofissional, assim como diversas equipes, a depender da patologia, seja pneumogia, cardiologia, neurologia, além de fisioterapia, terapia ocupacional e fonoaudiologia.

Além da prevenção da doença, com o isolamento, o uso de máscaras e higiene das mãos, há algo que se pode fazer para amenizar os sintomas em caso de contaminação?

Em caso de contaminação, a primeira ação é evitar contágio de outros, em qualquer caso da doença. É extremamente necessário um acompanhamento mais especializado, já que eventuais medicações também têm o tempo ideal para serem ministradas. Medicações específicas devem ser discutidas com os respectivos especialistas, assim como o acompanhamento clínico.

Assine o Safra Report, nossa newsletter mensal

Receba gratuitamente em seu email as informações mais relevantes para ajudar a construir seu patrimônio

Invista com os especialistas do Safra