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Olaf Scholz é eleito pelo Parlamento alemão e era Merkel chega ao fim

Parlamento da Alemanha elegeu Olaf Scholz como o novo chanceler do país encerrando oficialmente o mandato de 16 anos de Angela Merkel

Scholz

Olaf Scholz defende que a Alemanha retome investimentos em países em desenvolvimento no setor de energias renováveis Foto: Divulgação

O Parlamento da Alemanha (Bunderstag) elegeu Olaf Scholz como o novo chanceler do país nesta quarta-feira, encerrando oficialmente o mandato de 16 anos de Angela Merkel na quarta maior economia do planeta, atrás dos EUA, China e Japão.

Entre os 736 parlamentares, uma maioria confortável de 395 votou “sim” para a nomeação de Scholz, ante 303 votos contrários e seis abstenções.

Líder do Partido Social-democrata, o novo chanceler governará por meio de uma coalização de três legendas, ao lado do Partido Verde e do Partido Democratas Livres.

Scholz, de 63 anos, ocupava os cargos de vice-chanceler e ministro das Finanças do país desde 2018. Advogado, entrou na política na década de 1970 e fez carreira no parlamento alemão.

“Quero que estes anos signifiquem um novo ponto de partida”, declarou Scholz à revista alemã Die Zeit. Ele disse que deseja aplicar a “maior modernização industrial” da história recente, “capaz de parar a mudança climática provocada pelo homem”.

Scholz também promete um governo com política pró-Europa, com o objetivo de “aumentar a soberania estratégica da União Europeia” e defender de maneira mais eficiente “os interesses europeus comuns”.

Governo Scholz terá mesmo número de homens e mulheres

O novo governo alemão terá pela primeira vez o mesmo número de homens e mulheres e estas ocuparão ministérios fundamentais, anunciou Scholz.

“Estou particularmente orgulhoso de que as mulheres agora estarão a partir de agora à frente de ministérios que tradicionalmente não eram ocupados por elas”, declarou.

Além da pasta das Relações Exteriores, mulheres comandarão os ministérios do Interior, Defesa, Desenvolvimento, Construção, Meio Ambiente, Família e Educação.

Os partidos que formam a coalizão que vai assumir o poder na Alemanha começaram a indicar quem serão as pessoas que vão governar o país esta semana.

Epidemiologista será ministro da Saúde

O especialista em questões de saúde Karl Lauterbach será ministro da Saúde. Lauterbach se tornou uma figura proeminente durante a pandemia, apelando por lockdowns e vacinação na televisão e nos jornais.

Ele pediu medidas mais rígidas para controlar a pandemia desde que o coronavírus surgiu (defendeu medidas como tornar a vacina obrigatória, restringir mais as opções dos não vacinados e fechar todos os bares e clubes até o fim da quarta onda de infecções. Lauterbach, de 58 anos, estudou epidemiologia em Harvard.

Logo caminho até a vitória

O caminho para a eleição de Scholz começou há meses, logo após a vitória nas eleições de setembro.

Apesar de liderar a legenda mais votada, o Partido Social-Democrata (SPD), Scholz precisou de paciência e habilidade para costurar um acordo inédito com dois partidos: o Democrático Liberal (FDP), de centro-direita, e os Verdes, de centro-esquerda. Líderes das três legendas anunciaram que os termos do acordo haviam sido alcançados em novembro, mas cada um precisou aprovar a aliança internamente.

O documento final, de 177 páginas, foi firmado e apresentado ontem no museu Futurium, em Berlim. Nele, o novo governo adota como prioridade a contenção da pandemia. No entanto, é possível identificar outros aspectos centrais, como as mudanças climáticas, a modernização da economia e a introdução de políticas sociais mais liberais.

A união dos três partidos foi alcançada com relativa rapidez, segundo analistas. Scholz prometeu fortalecer a democracia ao redor do mundo e criticou a movimentação militar russa na fronteira com a Ucrânia. Com a maioria garantida, a transferência de poder acontecerá hoje de maneira imediata, logo após a votação.

Com Scholz, a centro-esquerda retornará ao poder pela primeira vez desde o governo de Gerhard Schröder, chanceler de 1998 a 2005. Mas Merkel sai apresentando marcas pessoais: primeira mulher a governar a Alemanha, ela deixa o cargo após 5.860 dias, apenas 9 a menos do que seu mentor, Helmut Kohl.

Merkel foi reeleita quatro vezes

A trajetória de Merkel é marcada por momentos de brilho, como a recepção de migrantes, em 2015, e sua capacidade de administrar crises, mas também pela falta de ambição na luta contra as mudanças climáticas e na modernização da Alemanha. No balanço, pesam a favor dela quatro reeleições.

“Angela Merkel foi uma chanceler de êxito”, elogiou Scholz, que ocupava até então o cargo de vice-chanceler e demonstrou, em muitos momentos, sintonia com ela. “Ela permaneceu fiel a suas ideias durante 16 anos marcados por várias mudanças.”

Apesar da homenagem, o novo chanceler não nega que pretende trilhar seu próprio caminho. “Quero que esses anos signifiquem um novo ponto de partida”, disse. (AE)

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