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ONS alerta para risco de ‘perda do controle hidráulico’

Operador Nacional do Sistema Elétrico divulga plano de manejo das reservas das usinas hidrelétricas na bacia do Rio Paraná

Rio Paraná

Margem do Rio Paraná, cuja bacia responde por 53% da capacidade nacional de geração de energia do País | Foto: Getty Images

Para atravessar o período seco e manter a segurança do abastecimento de energia, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) quer liberar mais vazão do reservatório de Furnas e Mascarenha de Moraes e segurar água nas cabeceiras dos rios que abastecem a maioria das usinas do País nos próximos meses.

Diante do quadro de emergência hídrica, o órgão defende ainda o acionamento de todo o parque de termelétricas, que geram energia mais cara, para manter a governabilidade das bacias ao longo do ano.

Se a operação for mantida sem as alterações propostas pelo ONS, haverá “perda do controle hidráulico de reservatórios da bacia do Rio Paraná” no segundo semestre, segundo uma nota técnica divulgada pela entidade. Isso significa que as usinas teriam de operar como se não tivessem reservatórios, a fio d’água, dependendo de chuvas para manter o funcionamento, arriscando inclusive paralisações.

Sozinha, a Bacia do Paraná responde por 53% da capacidade nacional de geração de energia do País. Hoje, o volume de água armazenada é de 28% de sua capacidade, o segundo pior nível de armazenamento dos últimos 21 anos nesta bacia.

Hidrovia Tietê-Paraná será trancada em julho

Mesmo com essas medidas, o ONS prevê paralisar a hidrovia Tietê Paraná em meados de julho, quando os volumes armazenados em Porto Primavera ficarão menores. Porém, a entidade avalia que a operação é a que melhor traduz o uso equilibrado das cascatas e múltiplo das águas.

A nota técnica aponta uma situação crítica para as hidrelétricas que têm reservatórios atendidos pelas bacias dos rios Paranaíba, Grande, Tietê e Paranapanema, no Sudeste e Centro-Oeste do País.

O plano traçado pelo ONS considera o pior cenário possível, em que as chuvas, que normalmente voltam no fim de setembro e início de outubro, somente chegariam em novembro. É com essa previsão, que pode não se concretizar, que a entidade trabalha para assegurar o abastecimento de energia no País. Assim, em qualquer cenário o abastecimento será garantido.

Para evitar o colapso do sistema, o ONS propõe a adoção de ações claras, entre elas liberar mais água em Furnas e Mascarenhas de Morais, que hoje têm 37% e 55,8% de armazenamento, respectivamente, entre junho e novembro, para poupar outros reservatórios em situações mais críticas. Nesta região encontram-se as usinas como Marimbondo (6,6%), Água Vermelha (7,4%), Nova Ponte (16,2%), Emborcação (22,1%), Itumbiara (19%), São Simão (11,3%), Ilha Solteira (47,4%) e Três Irmãos (48,6%).

“Essas usinas e respectivos reservatórios são de extrema importância para a operação do Sistema Interligado Nacional (SIN), pois os recursos neles estocados são capazes de garantir energia nos períodos secos, quando não há contribuições significativas das usinas instaladas na região Norte do País”, diz trecho do relatório.

Segundo o ONS, o conjunto de reservatórios localizados na bacia do rio Paraná corresponde a 76% da capacidade máxima de armazenamento do Subsistema Sudeste/Centro-Oeste e a 53% da capacidade de armazenamento de todo o SIN.

Jupiá e Porto Primavera reduzem fluxo

Desde a primeira quinzena de maio, a Cesp e a CTG, responsáveis pelas usinas de Jupiá e Porto Primavera, realizaram os testes de redução do fluxo de água. O objetivo e guardar mais água nos reservatórios de Jupiá e Porto Primavera. Essa decisão será tomada gradualmente ao longo dos próximos quinze dias, após tratativas com o Ibama e a Agência Nacional de Águas (ANA), além das empresas donas das usinas, Cesp e CTG. 

O objetivo é monitorar e diminuir os impactos para o turismo, pescadores, fauna e meio ambiente. Além de medidas na região onde a crise hídrica tem mostrado efeitos mais severos, a autarquia pretende guardar mais água também na região Nordeste, e desta maneira despachar mais térmicas.

Na semana passada, o governo emitiu alerta de emergência hídrica para os cinco Estados banhados pelos rios: Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Paraná. (AE)

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