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Operações de crédito crescem 16% no ano e somam R$ 4,2 trilhões

Dados do Banco Central mostram expansão do crédito em todas as modalidades, com destaque para o imobiliário, com alta de 14% em um ano

Cédulas de 200 reais

Total de operações de crédito em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) se manteve em 52,6% em julho, segundo o Banco Central | Foto: Agência Brasil

O estoque total de operações de crédito do sistema financeiro subiu 1,2% em julho ante junho, para R$ 4,265 trilhões. Em 12 meses, houve alta de 16,2%, segundo o Banco Central.

Em julho ante junho, houve alta de 1,5% no estoque para pessoas físicas e elevação de 0,8% no estoque para pessoas jurídicas.

De acordo com o BC, o estoque de crédito livre avançou 0,9% em julho, enquanto o de crédito direcionado apresentou alta de 1,6%. No crédito livre, houve alta de 1,6% no saldo para pessoas físicas no mês passado. Para as empresas, o estoque avançou 0,1% no período.

Crédito representa 52,6% do PIB

O BC informou ainda que o total de operações de crédito em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) se manteve em 52,6% na passagem de junho para julho.

O estoque das operações de crédito direcionado para habitação no segmento pessoa física cresceu 1,3% em julho ante junho, totalizando R$ 768,677 bilhões, informou o Banco Central. Em 12 meses até julho, o crédito para habitação no segmento pessoa física subiu 14%.

Já o estoque de operações de crédito livre para compra de veículos por pessoa física subiu 0,2% em julho ante junho, para R$ 229,685 bilhões. Em 12 meses, houve alta de 11,6%.

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O saldo do crédito ampliado ao setor não financeiro subiu 1,4% em julho ante junho, para R$ 12,731 trilhões. O montante equivale a 156,9% do Produto Interno Bruto do Brasil, conforme dados divulgados pelo Banco Central. O crédito ampliado inclui, entre outras, as operações de empréstimos feitas no âmbito do Sistema Financeiro Nacional (SFN) e as operações com títulos públicos e privados.

A medida permite uma visão mais ampla sobre como empresas, famílias e o governo geral estão se financiando, ao abarcar não apenas os empréstimos bancários. No caso específico de empresas, o saldo do crédito ampliado subiu 1,6% em julho ante junho, para R$ 4,331 trilhões. O montante equivale a 53,4% do PIB.

Endividamento das famílias

O endividamento das famílias brasileiras com o sistema financeiro renovou o patamar recorde e ficou em 59,2% em maio, ante 58,3% em abril, informou o Banco Central. Se forem descontadas as dívidas imobiliárias, o endividamento ficou em 36,5% em maio, ante 35,9% em abril.

O cálculo do BC leva em conta o total das dívidas dividido pela renda no período de 12 meses. Além disso, incorpora os dados da Pesquisa Nacional de Amostragem Domiciliar (Pnad) contínua e da Pesquisa Mensal de Emprego (PME), ambas do IBGE.

Em função da metodologia utilizada, os números de endividamento sempre eram divulgados com apenas um mês de defasagem. Em setembro do ano passado, no entanto, o BC adiou a divulgação de dados referentes ao endividamento e ao comprometimento de renda das famílias brasileiras, em função de alterações de datas promovidas pelo IBGE. Agora, o BC atualiza os números, com referência em maio.

Segundo o BC, o comprometimento de renda das famílias com o Sistema Financeiro Nacional (SFN) atingiu 30,6% em maio, ante 30,0% em abril. Descontados os empréstimos imobiliários, o comprometimento da renda ficou em 28,0% em maio, ante 27,5% em abril.

Rotativo do cartão

Em meio ao ciclo de alta acelerada da Selic pelo Comitê de Política Monetária (Copom), o juro médio total cobrado pelos bancos no rotativo do cartão de crédito subiu 4,0 pontos porcentuais de junho para julho, informou o Banco Central. A taxa passou de 327,5% para 331,5% ao ano.

Os números também são influenciados pelos efeitos da pandemia de covid-19 na economia. O rotativo do cartão, juntamente com o cheque especial, é uma modalidade de crédito emergencial, muito acessada em momentos de dificuldades.

No caso do parcelado, ainda dentro de cartão de crédito, o juro passou de 164,5% para 163,6% ao ano. Considerando o juro total do cartão de crédito, que leva em conta operações do rotativo e do parcelado, a taxa passou de 61,4% para 62,0%.

Em abril de 2017, começou a valer a regra que obriga os bancos a transferir, após um mês, a dívida do rotativo do cartão de crédito para o parcelado, a juros mais baixos. A intenção do governo com a nova regra é permitir que a taxa de juros para o rotativo do cartão de crédito recuasse, já que o risco de inadimplência, em tese, cai com a migração para o parcelado.

Concessões no crédito livre

As concessões dos bancos no crédito livre caíram 6,8% em julho ante junho, para R$ 356,2 bilhões, segundo o BC. No acumulado dos sete primeiros meses do ano, o avanço ainda é de 15,2% e, nos 12 meses até julho, a alta foi de 7,4%. Estes dados, agora apresentados pelo BC, não levam em conta ajustes sazonais. Os números são influenciados pelos efeitos da pandemia de covid-19 sobre a economia.

Em julho, no crédito livre para pessoas físicas, as concessões subiram 0,4%, para R$ 190,2 bilhões. Em 12 meses até julho, há alta de 11,3%.

Já no caso de pessoas jurídicas, as concessões caíram 13,9% em julho ante junho, para R$ 166,0 bilhões. Em 12 meses até julho, há avanço de 3,5%.

Taxa média de juros sobe para 28,9% ao ano

Em meio ao ciclo de alta acelerada da Selic pelo Comitê de Política Monetária (Copom), a taxa média de juros no crédito livre passou de 28,4% ao ano em junho para 28,9% ao ano em julho, informou nesta sexta-feira o Banco Central. Em julho de 2020, essa taxa estava em 27,3% ao ano.

Com o resultado de julho, a taxa média de juros no crédito livre acumulou alta de 3,4 pontos porcentuais nos sete primeiros meses de 2021.

Para as pessoas físicas, a taxa média de juros no crédito livre passou de 39,9% para 39,8% ao ano de junho para julho, enquanto para as pessoas jurídicas foi de 14,5% para 15,4%.

Cheque especial

Entre as principais linhas de crédito livre para a pessoa física, destaque para o cheque especial, cuja taxa passou de 125,6% ao ano para 123,5% ao ano de junho para julho. No crédito pessoal, a taxa passou de 32,7% para 32,3% ao ano.

Desde 2018, os bancos estão oferecendo um parcelamento para dívidas no cheque especial. A opção vale para débitos superiores a R$ 200. Em janeiro de 2020, o BC passou a aplicar uma limitação dos juros do cheque especial, em 8% ao mês (151,82% ao ano).

Além da limitação do juro, os dados atuais refletem uma revisão realizada na série histórica do BC. Os números passaram a considerar o fato de alguns bancos cobrarem juro no cheque especial apenas após dez dias de atraso no pagamento da fatura. Antes, era considerado todo o período de atraso. Esta mudança fez com que o nível do juro no cheque especial, na nova série histórica, fosse menor em anos anteriores.

Veículos

Os dados divulgados pelo Banco Central mostraram ainda que, para aquisição de veículos, os juros foram de 21,6% ao ano em junho para 21,9% em julho.

Juros no crédito total

A taxa média de juros no crédito total, que inclui operações livres e direcionadas (com recursos da poupança e do BNDES), foi de 20,0% ao ano em junho para 20,4% ao ano em julho. Em julho de 2020, estava em 19,1%.

Indicador de Custo de Crédito

Já o Indicador de Custo de Crédito (ICC) permaneceu em 17,3% de junho para julho. O porcentual reflete o volume de juros pagos, em reais, por consumidores e empresas no mês, considerando todo o estoque de operações, dividido pelo próprio estoque. Na prática, o indicador reflete a taxa de juros média efetivamente paga pelo brasileiro nas operações de crédito contratadas no passado e ainda em andamento.

Spread

O spread em operações de crédito apresentou elevação no último mês. Dados divulgados pelo Banco Central mostram que o spread bancário médio no crédito livre passou de 21,5 pontos porcentuais em junho para 21,7 pontos porcentuais em julho, informou o Banco Central.

O spread médio da pessoa física no crédito livre passou de 32,6 para 32,2 pontos porcentuais no período. Para pessoa jurídica, o spread médio passou de 8,1 para 8,7 pontos porcentuais.

O spread é calculado com base na diferença entre o custo de captação de recursos pelos bancos e o que é efetivamente cobrado dos clientes finais (famílias e empresas) em operações de crédito.

O spread médio do crédito direcionado foi de 3,6 para 3,7 pontos porcentuais na passagem de junho para julho.

Já o spread médio no crédito total (livre e direcionado) foi de 14,4 para 14,6 pontos porcentuais no período.

Inadimplência

Mesmo com as dificuldades de famílias e empresas para fechar as contas, em meio à pandemia de covid-19, a taxa de inadimplência nas operações de crédito livre com os bancos apenas oscilou de 2,9% para 3,0% de junho para julho, informou o Banco Central.

Para as pessoas físicas, a taxa de inadimplência foi de 4,0% para 4,1% no período. No caso das empresas, a taxa continuou em 1,6%.

A inadimplência do crédito direcionado (recursos da poupança e do BNDES) continuou em 1,4% na passagem de junho para julho.

Já o dado que considera o crédito livre mais o direcionado mostra que a taxa de inadimplência seguiu em 2,3%. (AE)

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