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Claudio Felisoni de Angelo

A importância da diversidade. Mas, massa boa se faz com trigo bom

As organizações precisam ser enriquecidas pela participação de indivíduos diferentes, subordinando-a, entretanto, à diversidade de pensamento e à meritocracia

Diversidade nas empresas

Fala-se muito em diversidade, mas pouco em diversidade, eficiência e eficácia | Foto: Getty Images

O jornalista, escritor e teatrólogo pernambucano Nelson Rodrigues dizia que o brasileiro carrega um complexo de cão vira-lata. O perspicaz autor dizia isso devido à postura subserviente muitas vezes manifestada em relação aos ditos países desenvolvidos, em especial os Estados Unidos.

Mas, a proverbial expressão de Nelson Rodrigues pode ensejar uma reflexão: não é tão mau ser um vira lata. Por quê? Simples. Afinal são os cães sem raça definida os mais resistentes. A indefinição de um padrão resulta do fato da miscigenação sem nenhum regramento. Ou seja, não existe endogenia.

Pode-se perfeitamente associar essa ideia com o apelo que hoje felizmente se faz na direção da diversidade. Dito de outro modo a diversidade posta de forma a refutar a endogenia. Embora tal ideia esteja presente em toda a sociedade concentra-se aqui a atenção na importância que essa mudança de mentalidade tem na definição do posicionamento competitivo das organizações.

Em um ambiente volátil e intensamente disputado é absolutamente relevante que o quadro enfeitando a parede seja apreciado considerando diferentes perspectivas, isto é, olhares diferentes observando o mesmo objeto.

Como essa avaliação só pode ser decodificada a partir da experiência dos indivíduos, ou seja, a particularidade das histórias de cada um, é evidente que diferentes olhares ampliam o objeto da observação. Portanto, a diversidade é um requisito para que se possa capturar do cenário o que de fato é relevante.

Porém quando se fala de diversidade qual a natureza desse processo que efetivamente contribui para a gestão das organizações? Há dois aspectos a serem observados: a pluralidade de pensamentos e a meritocracia.

Claro que um maior equilíbrio de gênero, raça, cultura e etc, é relevante, porém se não forem contemplados à luz dos aspectos mencionados no parágrafo precedente tornam-se apenas movimentos periféricos, não produzem de fato mudanças positivas significativas.

Fala-se muito em diversidade, mas pouco em diversidade, eficiência e eficácia. As organizações precisam ser enriquecidas pela participação de indivíduos diferentes, subordinando-a, entretanto, à diversidade de pensamento e à meritocracia.



Claudio Felisoni de Angelo é professor e coordenador de Projetos da FIA Business School, ligada à Fundação Instituto de Administração da USP. Preside o conselho Laboratório de Finanças e Programa de Administração de Varejo da FIA. É professor titular do Departamento de Administração de Empresas da FEA/USP e presidente do IBEVAR - Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo e Mercado de Consumo.

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