Quando pensamos em ESG, logo vêm à mente as questões climáticas. Contudo, o acrônimo engloba muito mais do que os problemas do clima e créditos de carbono, envolvendo dilemas como gestão de resíduos, uso de água e energia, cultivo do solo, controle de desperdícios, proteção da biodiversidade, entre outros.
Nesse contexto, há uma preocupação crescente em transformar esse conhecimento em melhores práticas empresariais, com maior qualidade de vida para a população, o que poderia ser feito com mais investimento em ciência e tecnologia.
No entanto, no Brasil, a maior parte da competitividade das empresas está baseada na produção de bens que utilizam intensivamente os recursos naturais, o que torna urgente a adoção de melhores práticas de sustentabilidade.
Nota-se que esse cenário está mudando com as chamadas greentechs ou ESGtechs – startups focadas em desenvolver soluções inovadoras para apoiar companhias em seus problemas de ESG. O uso da tecnologia na agenda ESG avança, desde a utilização de dados de satélite para monitorar ameaças a florestas e controlar o descarte de resíduos sólidos até a aplicação da tecnologia blockchain para certificar as cadeias de distribuição de produtos em sistemas de logística.
Essas startups estão recebendo diversos aportes de investimentos, e a tendência é o aumento a cada ano, considerando a necessidade de mensurar o impacto gerado pela sociedade. A tecnologia desenvolvida ajuda a orientar decisões de investimento e de gestão estratégica, gerando relatórios de sustentabilidade mais assertivos.
Além de desenvolver e implementar mecanismos de mensuração dos resultados das ações, assim como sua comunicação, as startups ainda podem atuar no desenvolvimento de tecnologias emergentes, como inteligência artificial e internet das coisas, para entregar soluções sob medida para problemas específicos.
Outra frente de atuação das greentechs é desenvolver e implementar estratégias sustentáveis mais concretas dentro das companhias. Muitas empresas sabem que devem atuar, mas não sabem por onde começar, e uma análise externa pode oferecer um caminho a seguir.
Existem, ainda, outras iniciativas globais para promover a inovação na sustentabilidade. O Banco Mundial lançou o The Global Program on Sustainability, que promove o uso de dados de alta qualidade e análises ambientais para ajudar governos, empresas e instituições financeiras a tomarem melhores decisões em sustentabilidade, baseando-se em três pilares: informação, implementação e incentivos.
A Sovereign ESG Data Framework, também do Banco Mundial, apresenta uma vasta coleção de dados sobre a agenda ESG de todos os países. No pilar do meio ambiente, é possível encontrar dados detalhados sobre emissões e poluição; manejo da capital natural; uso e segurança de energia; riscos ambientais e climáticos; e segurança alimentar. No pilar social, são disponibilizados dados sobre educação; emprego; demografia; pobreza e desigualdade; saúde e nutrição; além de acesso a serviços básicos. Já no guarda-chuva da governança, estão disponíveis dados sobre direitos humanos; efetividade do governo; estabilidade da legislação; ambiente econômico; questões de gênero; e inovação.
Porém, mesmo com todas estas inciativas, as empresas ainda reclamam da falta de soluções integradas de tecnologia para avançar na agenda ESG. De acordo com pesquisa recente da Accenture com 560 companhias de grande porte do mundo inteiro, 92% delas têm o compromisso de atingir as metas net-zero até 2030, colocando a tecnologia como uma aliada indispensável para este objetivo. Porém, apenas 7% das empresas conta com integração entre tecnologia, sustentabilidade e estratégias de negócio.
Isso demonstra que a oportunidade é grande para o setor. Cada vez mais empresas demandam soluções capazes de ajudá-las a avançar nas diversas frentes da agenda ESG, e desenvolver estas soluções inovadoras é o desafio dos profissionais de ESG do futuro.