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Ilton Caldeira

Alfabetização financeira como ferramenta de impacto social

Administrar o orçamento e gerenciar bem contas e gastos pode evitar problemas financeiros, independente do tamanho da renda. E muita gente aprende isso da pior forma possível

Educação financeira

Atualmente existem 43 projetos de Lei em 21 estados americanos com o objetivo de ampliar o ensino de finanças, ou exigir que as escolas ensinem alfabetização financeira | Foto: Getty Images

Quando se fala sobre finanças é quase uma constante ouvir de algumas pessoas: “isso não é para mim”, “nunca tive dinheiro suficiente”, “isso é coisa de rico”, entre outras frases baseadas apenas em senso comum, sem nenhuma reflexão mais apurada, infelizmente.

Isso acontece no Brasil e também nos Estados Unidos. Administrar o orçamento e gerenciar bem contas e gastos pode evitar problemas financeiros, independente do tamanho da renda. E muita gente aprende isso da pior forma possível.

Uma pesquisa realizada pela Logica Research em 2021, em uma amostra nacional com mil americanos com idades entre 21 e 75 anos, revelou que apenas um em cada três tem um plano financeiro escrito. Dos que não tinham um, metade afirmou que achava que não tinha dinheiro suficiente para que um plano valesse a pena, enquanto outros disseram que era muito complicado ou que não sabiam por onde começar.

Outro dado do National Bureau for Economic Research aponta que trabalhadores de baixa renda que participaram de um programa de educação financeira patrocinado pelo empregador tinham 11,5% mais chances de participar de planos de aposentadoria e economizar mais para a velhice do que os colegas que optaram por não participar da iniciativa de alfabetização financeira.

A inflação mais alta em quatro décadas nos Estados Unidos está impactando diretamente o poder de compra. Entre a população total, os mais jovens, quase duas gerações de americanos, não sabem o que é viver sob esse cenário. Mudanças de comportamento e mais educação financeira têm sido as apostas em muitas regiões do país.

Muitos estados estão intervindo para exigir que os alunos aprendam mais sobre finanças pessoais na escola. Flórida, Nebraska, Ohio e Rhode Island aprovaram recentemente leis que tornam os cursos de finanças pessoais um requisito de graduação para alunos do ensino médio.

O impulso vem depois que a pandemia de coronavírus causou estragos na economia americana, abalando as finanças de muitas famílias.

Alabama, Mississippi, Missouri, Carolina do Norte, Tennessee, Utah e Virgínia exigem que os alunos do ensino médio façam pelo menos um semestre de um curso de finanças pessoais antes da formatura; Iowa está atualmente implementando essa exigência no currículo escolar.

A Flórida é o estado mais recente, e o maior, a tornar as aulas de finanças pessoais um requisito de graduação. A partir do ano letivo de 2023-2024, os alunos do ensino médio serão obrigados a cursar essa matéria para se formarem.

Atualmente existem 43 projetos de Lei em 21 estados americanos com o objetivo de ampliar o ensino de finanças, ou exigir que as escolas ensinem alfabetização financeira como critério obrigatório para graduação.

Um dos objetivos dessas iniciativas é tentar evitar que estudantes cheguem à vida adulta acumulando problemas financeiros. Os planos de aula incluem gestão de conta corrente, investimento, poupança para a faculdade, compreensão do crédito ao consumidor, comportamentos econômicos, empreendedorismo, impostos, seguros, ética, entre os principais tópicos. A ideia é que

esse conhecimento seja compartilhado em casa, junto com as famílias, ampliando o impacto social com resultados concretos.

As qualificações profissionais e acadêmicas são importantes para caminharmos no mundo, assim como a educação financeira. Mas é crucial que as pessoas entendam a importância da alfabetização financeira, porque na verdade ela poderá ser a chave para desfrutar uma vida futura com qualidade

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Ilton Caldeira é jornalista de Economia e Política e especialista em Relações Internacionais pela FGV-SP. Nos Estados Unidos é Head de Comunicação da Dell’Ome Law Firm e sócio da consultoria Smart Planning Advisers.

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