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Agência Estado

Mais um ano decisivo pela frente

País precisa modernizar sistema tributário e torná-lo mais justo, atraindo investimento e melhorando ambiente de negócios

Foi com um certo alívio que encerramos 2020, que já ficou marcado na história de todos nós por conta da mais relevante crise sanitária global dos últimos 100 anos, com importantes reflexos econômicos e sociais. Fomos obrigados a nos reinventar sob diversos aspectos, ou seja, pessoais, profissionais e nos negócios.

Enfrentamos uma carga de desafios que, talvez, nunca tivesse sido suportada anteriormente pela indústria brasileira de eletroeletrônicos, realidade que certamente também foi vivenciada por mais setores da indústria.

Não foi nada fácil terminarmos o ano com a missão de minimizarmos as perdas registradas no período mais crítico da primeira fase da pandemia que, infelizmente, ainda continua e promete nos dar bastante trabalho neste ano que se inicia, inspirando, ainda, uma série de cuidados para estancarmos as taxas de contágio.

Os números de 2020 são surpreendentes e revelam uma verdadeira saga pautada por muita garra e determinação das nossas indústrias. Logo após um primeiro trimestre estável, de crescimento tímido, fomos forçados a lidar com um ambiente caótico de mais de 80% de nossas fábricas paralisadas, grandes centros comerciais em lockdown e uma grave crise logística que afetou empresas de todas as nossas linhas setoriais.

Esse cenário, mais do que desafiador, provocou graves perdas e uma necessidade setorial de procurar alternativas de estímulo ao consumo e, consequentemente, novos meios de sustentação dos nossos negócios.  Fomos surpreendidos de forma muito positiva pelos bons indicadores que demonstraram reação na economia, revelando acerto do governo na reação à crise, e que nos permitiram registrar um terceiro trimestre de forte recomposição em nossas perdas com crescimento bastante próximo a 40%.

Com a demanda significativa observada no atendimento da Black Friday e Natal, trabalhamos duro para solucionar dificuldades pontuais ao acesso de insumos, problema agravado com a intensa variação cambial. Soubemos aproveitar o impulso de consumo motivado por desejos de melhoria e acesso a novos produtos para milhares de famílias, que se viram sem a opção de convívio social e restritos fisicamente aos seus lares.

Acreditamos que existe uma forte convergência de interesses entre os diversos setores econômicos, assim como por parte dos trabalhadores, para que tenhamos em 2021 um cenário mais estável, com a continuidade das políticas de estímulo ao consumo, assim como na criação de perspectivas de crescimento econômico com foco na geração de renda para todos.

Entretanto, a crise sanitária não apenas continua como sofreu um agravamento por conta da segunda onda que chegou com força ao Brasil, além de outros fatores preocupantes como uma diversidade na variação das cepas do novo coronavírus, tornando-o ainda mais transmissível.

Desta forma, se a necessidade de imunização estava na agenda global de prioridades, este novo e grave cenário faz com que o tema ganhe altíssima urgência. Confiamos e contamos com a capacidade do Poder Público, incluindo o Governo Federal e os Governos Estaduais, em solucionarem todos os gargalos para que consigamos suprir esta demanda de vacinas e insumos. Sabemos que, sem a vacinação, não haverá retomada da economia, pois a origem da crise econômica é a crise sanitária.

Se fossemos pensar no que nosso setor esperaria para 2021, o ideal seria que conseguíssemos retomar o volume produtivo que alcançamos em 2019. Apesar de todos os esforços e ainda que os dados das vendas de dezembro ainda não tenham sido compilados, acreditamos que devemos fechar 2020 com um resultado negativo entre 5% e 10% no comparativo com o ano anterior.  

Outro ponto de atenção para nosso setor neste ano são as necessárias reformas estruturantes, em especial a Reforma Tributária. Entendemos a necessidade de modernizar nosso sistema tributário e torná-lo mais justo, atraindo investimento e melhorando o nosso ambiente de negócios.

Mas, ainda a respeito da Reforma Tributária, gostaríamos de poder contar com muita responsabilidade do Governo Federal e do Congresso Nacional no sentido de promover um modelo de forma que seja geograficamente igualitária, preservando as políticas de desenvolvimento regional.

Por fim, esperamos enquanto segmento que representa perto de 4% do PIB da indústria, podermos dar sequência ao bom diálogo que desenvolvemos com o governo. Entendemos que apesar de ser um ano pré-eleitoral e que já comecem as articulações no campo político para 2022, precisamos manter essa união entre o poder público e a iniciativa privada para que consigamos juntos sair o mais rapidamente virar esse capítulo de crises sanitária e econômica.


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