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Ilton Caldeira

Aposentadoria em um cenário econômico incerto

A inflação é a principal preocupação no momento, tornando 2022 um pesadelo para os aposentados, com a perda de poder de compra

Aposentados

Esse ambiente começa a ser observado com cautela pelos agentes econômicos diante de possíveis efeitos na dinâmica do mercado de trabalho | Foto: Divulgação

O planejamento para um dia conquistar a aposentadoria com segurança nunca foi uma tarefa das mais simples de ser colocada em prática. Em um cenário econômico incerto, e com os preços de itens e serviços básicos ainda longe de algum equilíbrio, os projetos para concretizar esse “gran finale” na fase profissional tornaram-se um pouco mais complexos.

O cenário analisado tem como base os aposentados e os que estão próximos de se aposentar nos Estados Unidos. Mas é possível transportar as mesmas questões postas à mesa para o Brasil, guardadas as devidas proporções e a forma como cada população lida com renda, consumo e o valor do poder de compra.

A inflação é a principal preocupação no momento, tornando 2022 um pesadelo para os aposentados, assistindo a perda de poder de compra e vendo que talvez suas reservas não sejam suficientes como imaginado em tempos mais estáveis. Vale destacar que nos EUA, quase a totalidade dos que estão se aposentando agora fizeram seus planos e construíram suas reservas ao longo dos últimos 40 anos, onde a inflação era uma miragem no retrovisor, cada vez mais distante.

As mais recentes previsões do Fundo Monetário Internacional (FMI), divulgadas este mês de outubro, apontam que a inflação global atingirá o pico de 8,8% ao fim de 2022 e permanecerá elevada por mais tempo do que o esperado, até cair para 6,5% em 2023 e 4,1% em 2024.

Diante de tal cenário, o governo americano anunciou um aumento das aposentadorias, na tentativa de mitigar os impactos da alta do custo de vida sobre os aposentados. A Previdência Social é a maior fonte de renda de aposentadoria para a maioria dos americanos e fornece quase toda a renda para 1 em cada 4 idosos. A correção de 8,7% é a maior já feita desde 1981 e representa, em média, um acréscimo de US$146 extras por mês aos 70 milhões de beneficiários.

Levantamento feito pelo American Advisors Group descobriu que mais de um terço dos americanos se sentem despreparados atualmente para a aposentadoria. Uma outra pesquisa da BlackRock indica que quase um terço dos idosos dizem estar planejando trabalhar além dos 70, ou nunca se aposentarem.

Existem ainda outras questões no radar como longevidade, custos com saúde, e circunstâncias familiares. Nesse último quesito, o risco de sofrer um impacto nas finanças pode surgir com um divórcio, a morte de um cônjuge ou filhos adultos ficando doentes ou desempregados. Nos EUA, cerca de um terço das pessoas com 65 anos ou mais transferem dinheiro para outros membros da família.

Esse ambiente começa a ser observado com cautela pelos agentes econômicos diante de possíveis efeitos na dinâmica do mercado de trabalho. Segundo um outro levantamento, conduzido pela American Staffing Association e The Harris Poll, cerca de 14% dos aposentados afirmaram estar abertos ou procurando ativamente trabalho e 41% disseram que procurariam um emprego se pudessem ter um horário de trabalho flexível.

Com tantas pontas soltas, nunca foi tão complicado ter uma compreensão precisa dos verdadeiros riscos que podem afetar a aposentadoria. Isso pode distorcer as decisões que as pessoas tomam, incluindo a idade em que decidem parar de trabalhar, como gastar e investir seu dinheiro vislumbrando uma renda vitalícia.

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Ilton Caldeira é jornalista de Economia e Política e especialista em Relações Internacionais pela FGV-SP. Nos Estados Unidos é Head de Comunicação da Dell’Ome Law Firm e sócio da consultoria Smart Planning Advisers.

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