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Nelson Rosamilha

As habilidades para gerenciar projetos transformadores

Estudo do World Economic Forum apresenta as profissões que mais vão crescer no mundo até 2025 e as habilidades em destaque

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A expectativa é que 97 milhões de vagas sejam criadas em função das novas tecnologias, segundo o estudo | Foto: Getty Images

A função de gerente de projetos ocupa a décima primeira colocação entre as 20 profissões que mais crescerão no mundo até o ano de 2025. No Brasil, o cargo ocupa a oitava posição. Os dados são de estudo World Economic Forum realizado em 26 países, que investigou 15 setores industriais.

No Brasil, as novas profissões em alta são, nesta ordem: especialistas em inteligência artificial e machine learning; analistas e cientistas de dados; especialista em internet das coisas; especialista em transformação digital; especialista em big data; analista organizacional e de gestão; especialista em marketing digital e estratégia; gerente de projetos; especialista em automação de processos; e gerente administrativo.

Por sua vez, as tecnologias que irão popularizar esses cargos são: computação na nuvem; big data; segurança e encriptação de dados; inteligência artificial; internet das coisas; processamento de texto, imagem e voz; e-commerce e comércio digital; realidade aumentada; robotização; e blockchain.

No lado oposto temos as profissões redundantes, que estão mais vulneráveis a serem substituídas por automação: digitadores; secretários administrativos e executivos; funcionários contábeis, contadores e de folha de pagamento; contadores e auditores; gerentes administrativos; empacotadores e montadores; trabalhadores de atendimento ao cliente; gerentes de operação; mecânicos de manutenção; estoquistas; e analistas financeiros.

A pesquisa poderia ser alarmante, já que aponta um declínio de quase 15% em profissões redundantes, com 85 milhões de vagas que deverão ser substituídas pela automação e tecnologia. Mas em compensação, a expectativa do estudo é que 97 milhões de vagas sejam criadas em função das novas tecnologias.

Para além da alta e do declínio das profissões, o estudo aponta habilidades que serão exigidas de profissionais de todas as áreas até 2025: estratégias ativas de aprendizagem; pensamento analítico e inovação; criatividade, originalidade e iniciativa; liderança e influência social; inteligência emocional; pensamento crítico e análise; resolução de problemas complexos; resiliência, tolerância ao estresse e flexibilidade; design de tecnologia e programação; orientação de serviços; raciocínio, resolução de problemas e ideação; solução de problemas e experiência do usuário; uso da tecnologia, monitoramento e controle; análise de sistemas e avaliação; e persuasão e negociação.

De volta aos gerentes de projetos, algumas dessas habilidades merecem uma reflexão mais profunda. Ter pensamento crítico e análise, por exemplo, implica em não seguir o líder quando houver uma solução melhor disponível, mas também em estar mais preocupado e acertar do que estar certo, evitando tanto tirar conclusões precipitadas e chegar a julgamentos apressados quanto realizar análises excessivas que levam à paralisia na tomada de decisão.

No contexto de novas tecnologias, outra habilidade que é absolutamente essencial é a resolução de problemas complexos. E para isso é preciso conhecer algumas técnicas, por exemplo, o Método 8D de Solução de Problemas, que tem o intuito de identificar, corrigir e eliminar problemas recorrentes, aumentando a sinergia entre os integrantes das equipes de modo que todos possam dar sua contribuição para a solução do problema, partindo da crença fundamental de que o todo é maior do que a soma das partes.

Essa metodologia é bastante adequada a essa habilidade exigida pela nova economia e é composta por oito etapas: estabelecimento da equipe; descrição do problema; desenvolvimento do plano de contenção provisório; verificação e definição da causa raiz; verificação e escolha do plano de ação corretiva permanente; prevenção à recorrência; e reconhecimento do trabalho da equipe.

No contexto de pandemia e de manutenção da saúde mental, a habilidade de resiliência, tolerância ao estresse e flexibilidade também pede um olhar atento. Antes, tínhamos uma crença de que o profissional resiliente era aquele que “apanha, mas não quebra”. Mas será que ele não quebra mesmo?

Hoje, temos o conceito bem desenvolvido do antifrágil, que é um profissional que reflete e aprende com seus erros para “não apanhar mais”, que se coloca em situação de risco e stress e se beneficia disso e que em última instância se preocupa com errar muito e aprender com seus erros, sabendo que quanto mais erros diferentes cometer, mais aprendizados diferentes irá possuir.

Por fim, dois pontos que devem sempre estar no radar do profissional de projetos. A habilidade de design de tecnologia e programação pode não ser o centro da sua atuação, mas lembre-se, é importante conhecer conceitualmente a tecnologia para sugerir aplicações e trazer a experiência para o cliente final, aportando valor ao projeto. E orientação a serviços deve estar sempre presente no dia a dia, para ampliar a percepção de valor durante toda a jornada, com impactos significativos na entrega final e na lembrança da experiência.

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Nelson Rosamilha é coordenador dos MBAs em Gerenciamento de Projetos e Metodologias Ágeis e Logística e Supply Chain da Trevisan Escola de Negócios. É formado em processamento de dados pelo Mackenzie com MBAs na Califórnia, Pensilvânia e Tel-Aviv com ênfase em Administração, Telecomunicações e Gerenciamento de Projetos, mestre em Administração de Empresas pela PUC-SP.

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