Seja por escolha, necessidade, vocação ou todos os três misturados, empreender e desenvolver o próprio negócio sempre é algo bastante desafiador. A pandemia impactou as vidas das pessoas ao redor do mundo de diferentes formas. E uma delas foi dar um maior impulso para novas formas de se fazer negócios, estimulando um rearranjo desse segmento.
O relatório Global Entrepreneurship Monitor (GEM), realizado pelo Sebrae e pelo Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade, divulgado recentemente, aponta, por exemplo, que em 2021 os empreendedores novatos revelaram maior grau de instrução que no ano anterior. Os dados mostram que 28,5% dos entrevistados concluíram o ensino superior, comparado a 24,4% em 2020.
No entanto, essa melhora na escolaridade ainda não se reflete em avanço significativo de renda. Cerca 57% dos empreendedores informaram uma remuneração de menos de três salários mínimos no ano passado. Apenas 10% relataram ganhar mais de nove salários mínimos.
O crescimento dos empreendedores já estabelecidos, que são as pessoas à frente de um negócio por um período igual ou superior a três anos e meio, cresceu de 8,7% (2020) para 9,9% (2021). Esse dado mostra que os novos negócios abertos pouco antes da pandemia, e que conseguiram atravessar esse período crítico, contaram com programas de acesso a crédito e novas tecnologias para seguirem operando.
Em 2021, o número de pessoas entre 18 e 64 anos de idade que tinham um negócio próprio formalizado ou decidiram iniciar um empreendimento quase chegou a 43 milhões. Resultado abaixo dos cerca de 44 milhões de pessoas registradas um ano antes.
Com isso, a Taxa de Empreendedorismo Total (TTE), que mede o percentual da população adulta ocupada como empreendedor, também caiu para 30,4% no ano passado, na comparação com 31,6% de 2020. Mesmo assim, houve uma melhora do Brasil no ranking global com 47 nações.
O país saltou do sétimo lugar em 2020, para o quinto lugar em 2021. Nas primeiras posições ficaram República Dominicana (45,2%); Sudão (41,5%); Guatemala (39,8%) e Chile (35,9%). As primeiras posições acabaram ficando com países com economias ainda em desenvolvimento e onde os efeitos da pandemia foram sentidos de forma mais severa. Os Estados Unidos aparecem na 14ª posição, com TTE de 24,5%.
Algumas características diferenciam no momento os EUA dos demais países no tocante ao comportamento empreendedor. Muitos jovens da geração Z, nascidos entre a segunda metade dos anos 1990 até o início do ano 2010, estão optando em ser parte da força de trabalho de novas empresas já estabelecidas, principalmente no setor de TI. Eles estão deixando a janela empreendedora para um momento futuro. Por outro lado, muitos profissionais, um pouco mais experientes e com carreiras consolidadas, estão se reinventando e partindo para a formação de companhias próprias.
Com um formato diferenciado, poucos são os que desejam um dia serem empregadores intensos de mão-de-obra. O Global Entrepreneurship Monitor (GEM) aponta que em 2021 nos EUA, aqueles que esperam continuar sendo o único funcionário de sua empresa aumentaram 20% em relação ao ano anterior.
Empresas individuais estão se tornando o modelo mais comum de negócio, permitindo que os proprietários iniciem um trabalho paralelo, como complemento de renda e laboratório para outras iniciativas em um período de até cinco anos.
Independente do modelo, as linhas de acesso ao crédito, e sistema financeiro, seguem sendo de vital importância para empreender. Com base nisso, o governo americano repaginou um programa adotado na crise de 2008 e planeja distribuir nos próximos meses cerca de US$ 10 bilhões para ajudar empresas iniciantes a obter acesso ao capital, em uma tentativa de impulsionar os negócios em comunidades desfavorecidas e estimular uma recuperação econômica mais ampla.