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Agência Estado

Boa gestão entra em campo

O futebol brasileiro demorou para entrar na era da boa gestão, mas um novo processo surgiu, com clubes bem administrados dominando o cenário, como ocorre na Europa

Pôster oficial de divulgação da final da Conmebol Libertadores entre Palmeiras e Flamengo

Pôster oficial de divulgação da final da Conmebol Libertadores entre Palmeiras e Flamengo | Foto: Divulgação

O futebol brasileiro demorou muito para entrar na era da boa gestão de clubes de futebol. Por conta disso, durante muito tempo muitos times que se sagravam campeões acumulavam perdas enormes, mesmo com os títulos conquistados.

As dívidas aumentavam, mesmo com a boa performance, o que mostrava que nos faltava um modelo de gestão que levasse os bons exemplos aos títulos.

Entretanto, um novo processo surgiu no Brasil, com clubes bem administrados conquistando títulos e dominando o cenário, como ocorre em geral na Europa. Em 2021 atingimos o ápice do domínio, com quatro clubes organizados e bem administrados disputando as finais das duas competições mais importantes da América do Sul.

Flamengo x Palmeiras será a final da Libertadores da América. Athletico Paranaense e Red Bull Bragantino se enfrentarão na final da Copa Sul-Americana.

A hegemonia brasileira atual é fruto da força do nosso mercado e da organização dos clubes. Times como Corinthians, São Paulo, Cruzeiro, Vasco, Botafogo estão longe em termos esportivos e de gestão dos quatro finalistas.

Administração alavanca os times em campo

Flamengo, Palmeiras, Athletico Paranaense e Red Bull Bragantino têm em comum um modelo de administração equilibrado. Orçamentos controlados, maximização de receitas e controle das dívidas ajudaram aos times em campo.

Athletico Paranaense

O Athletico é o precursor em um modelo eficiente de administração. Segundo dados da Sports Value, o clube paranaense acumulou superávits de mais de R$ 323 milhões nos últimos 6 anos.

Na última década os ganhos acumulados passam de R$ 600 milhões. Tem ativos de R$ 1 bilhão, com pouco mais de 1% da torcida brasileira.

Atualmente, seus custos com departamento de futebol são do tamanho da receita total de Vasco ou Botafogo.

Flamengo

Maior clube do Brasil, o Flamengo viveu dias complicados. Até 2013 não crescia, faturava menos que Corinthians e São Paulo e suas dívidas passaram dos R$ 820 milhões. Uma nova gestão mudou os rumos do clube. Hoje deixou todos para trás, conquistando títulos e mais receitas.

Atualmente é o clube com maior faturamento do Brasil e das Américas. Seus custos com futebol estão em mais de R$ 600 milhões anuais, tem o elenco mais valioso e projeta receitas inéditas de R$ 1 bilhão em 2021.

Em seis anos acumulou superávits de R$ 445 milhões. Seus ativos estão avaliados em R$ 1 bilhão.

Palmeiras

O caso do Palmeiras é um pouco diferente dos demais. Já que teve no início o auxílio financeiro do ex-presidente Paulo Nobre, que emprestou dinheiro ao clube com juros mais baixos.

Depois, veio a era Crefisa. A empresa pagando altos valores para patrocinar o clube e auxílio em contratações contribuiu para o desenvolvimento do projeto. E o Palmeiras se organizou e soube aproveitar.

O clube é a segunda maior receita do Brasil e das Américas, seu custo com departamento de futebol já chega a R$ 520 milhões por ano e os superávits acumulados dos últimos 6 anos foram de R$ 39 milhões.

Os ativos do clube somam R$ 676 milhões e se transformarão no maior do Brasil, quando o estádio Allianz Parque for incorporado 100% aos bens e direitos do clube.

Red Bull Bragantino

O Red Bull Bragantino faz parte de uma holding de ativos esportivos da empresa global de energético. O clube finalista da Copa Sul Americana tem em seu grupo empresarial times na Áustria, EUA, Alemanha e Brasil.

É uma empresa de futebol, hoje mais valiosa que times tradicionais. Seus custos com futebol eram de R$ 30 milhões em 2019 e saltaram para R$ 112 milhões em 2020, mais do que os do Vasco e similar aos do Botafogo. E mesmo assim fechou 2020 com superávits de R$ 13 milhões.

Seus ativos totais já somam R$ 200 milhões.

Segundo estudo da CIES FIFA, é o time que tem os jogadores mais jovens do Brasil. Atletas que vão ter grande potencial de venda e depois de revenda. O craque do time, Claudinho, foi vendido em agosto deste ano para o Zenit, da Rússia, por R$ 90 milhões.

São quatro modelos bem diferentes. Cada um ao seu estilo, mas que, de alguma maneira, comprovam que a boa gestão é o único caminho para títulos, mas com saúde financeira.


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