No mês de março completou-se um mês do início da Guerra da Ucrânia, período marcado por uma das maiores volatilidades já vistas em preços de commodities. Em um mundo absolutamente preocupado em controlar a inflação, parece que esse efeito colateral da guerra fez com que os bancos centrais emitissem comunicados ainda mais duros, de que não haverá transigência com o aumento generalizado dos preços. O tom mais rigoroso gerou ainda mais volatilidade, desta vez nas bolsas e nas curvas de juros. Realmente, 2022 começou com bastante emoção.
Diante disso, o Federal Reserve diz que se manterá firme na sua cruzada de combate à inflação. Os mercados já consideram altamente prováveis aumentos de 0,5 ponto percentual nas próximas reuniões, acompanhados de uma retirada mais rápida de estímulos.
Já no Brasil, a sinalização de encerramento do ciclo foi feita pelo Banco Central através da justificativa de que é necessário esperar os resultados das altas realizadas desde o ano passado. Entretanto, os números da inflação brasileira seguem batendo recordes, com um mês de março com índice recorde desde o início do Plano Real, embora os números de atividade e produção tenham vindo bastante fracos.
Nesse círculo vicioso, os novos lockdowns na China, que mantém a implementação da política de tolerância zero com novos casos de Covid, geram novas dúvidas sobre o crescimento chinês, com consequências para o crescimento mundial. Ainda há receio quanto ao aumento de preços de produtos que deixam de ser produzidos durante as restrições de mobilidade. Em março, por exemplo, o índice de gerente de compras (PMI) entrou em terreno contracionista. Definitivamente, o mundo não precisava ver uma desaceleração mais acentuada no crescimento chinês.
Mesmo assim, os ativos locais desempenharam muito bem. Bolsa para cima e dólar para baixo refletem o diferencial de juros local e internacional e o interesse estrangeiro por ações de empresas vinculadas a commodities negociadas em patamares bastante atraentes. O mesmo foi visto no movimento positivo das curvas de juros prefixadas e de índice de preços. Com isso, os portfólios locais desempenharam muito bem, trazendo os benefícios já esperados nas alocações feitas nos últimos meses. O desempenho do IRF-M foi em linha com o CDI, em torno de 0,84% e 0,88%, respectivamente. Já o IMA-B apresentou ganhos mais consideráveis, de 3,07% em um único mês.
Portanto, a partir da leitura de um cenário ainda bastante incerto, evitamos estabelecer movimentos mais bruscos nos portfólios. Entendemos as preocupações dos bancos centrais e seus objetivos de manutenção do poder de compra diante de tantas incertezas. Sendo assim, nossas modificações foram marginais, com ligeira redução de classes de pós-fixado e multimercados para o aproveitamento dos prêmios ainda bastante relevantes nas classes de ativos locais prefixados.