close

Ricardo Leite

Chocolate oferece janela estratégica para o agronegócio

O Brasil não precisa ser apenas fornecedor de matéria-prima: pode ser protagonista em uma nova era do cacau — mais sustentável, rastreável e rentável

Chocolate Kopenhagen

Produtores de cacau fino conseguem até US$ 5.500 por tonelada | Foto: Getty Images


Com um consumo mundial médio de 7,2 milhões de toneladas de chocolate por ano, o cacau segue sendo um dos ingredientes mais valiosos do mundo moderno — e também um dos mais desafiadores em termos de produção e cadeia logística.

As oportunidades do Brasil no mercado global de chocolate estão entre os temas do Agrishow deste ano. Um artigo no Agrishow Digital detalha o modelo de produção sustentável de cacau cabruca, realizado sob a sombra das árvores da Mata Atlântica. O texto cita um estudo sobre os preços do cacau especial: enquanto uma tonelada de cacau comum é vendida por US$ 3 mil na bolsa de New York, produtores de cacau fino conseguem até US$ 5.500 por tonelada!

Mercado global de chocolate em números

  • O mercado de sementes de cacau movimentou cerca de US$ 9,91 bilhões, com destaque para a Costa do Marfim (1º) e Gana (2º) como os maiores produtores.
  • O mercado de chocolate em si alcançou impressionantes US$ 36,8 bilhões, liderado por exportações da Alemanha, Bélgica e Itália.
  • Já os maiores consumidores/importadores estão na Europa e EUA, com Reino Unido, Alemanha e EUA no topo do ranking de demanda. Os dados são de 2023.

Projeções e potencial brasileiro

  • O Brasil tem potencial para atingir 13% do mercado mundial de cacau até 2030, gerando até US$ 2,3 bilhões em receita e criando aproximadamente 300 mil empregos (Globo Rural).
  • Em 2025, espera-se que a produção nacional supere 180 mil toneladas, podendo ultrapassar 200 mil toneladas em 2026 (Summit Agro Estadão).

Melhores Regiões Produtoras no Brasil

  • Pará: Maior polo atual, com alta produtividade e crescimento apoiado por grandes investimentos.
  • Bahia: Referência histórica, com destaque para o cultivo em sistema cabruca, que integra o cacau à floresta nativa.
  • Rondônia e Espírito Santo: Novas fronteiras com clima favorável e espaço para expansão.

Riscos e Desafios

  • Doenças como a vassoura-de-bruxa, que compromete até 90% da área produtiva se não for controlada.
  • Mudanças climáticas, que impactam diretamente a produtividade.
  • Volatilidade de preços: O preço da tonelada de cacau ultrapassou US$ 10 mil em 2024/2025, com impacto direto sobre a indústria e os produtores (Forbes Agro).


Oportunidades Estratégicas

  • Sustentabilidade como diferencial competitivo: o sistema cabruca, os selos orgânicos e a rastreabilidade têm atraído mercados premium, especialmente na Europa.
  • Processamento e agregação de valor: A cadeia do cacau se desdobra em quatro produtos principais (conforme mostrado na imagem da revista): Nibs (pedaços torrados do grão), Pasta (moagem do grão), Manteiga (gordura extraída usada em chocolates premium e cosméticos) e  Pó (base para achocolatados e alimentos industriais).

    O Brasil não precisa ser apenas fornecedor de matéria-prima: pode ser protagonista em uma nova era do cacau — mais sustentável, rastreável e rentável. Com governança, inovação e posicionamento estratégico, o país pode aproveitar o momento de alta nos preços e a demanda global por qualidade.


Executivo de finanças com especialização em Inovação pelo MIT (Massachusetts Institute of Technology). Superintendente executivo do Safra Empresas.

Assine o Safra Report, nossa newsletter mensal

Receba gratuitamente em seu email as informações mais relevantes para ajudar a construir seu patrimônio

Invista com os especialistas do Safra