Foi-se a época em que a produtividade do trabalho dependia só da relação direta entre patrões e empregados. Em tempos de diversidade, a competitividade tornou-se uma equação mais plural, cuja solução não depende só de números.
A matemática continua válida, claro, mas deixou de ser a bola da vez, como indicador quantitativo de desempenho. Entraram em campo variáveis qualitativas e, sobretudo, decisivas para motivar o time na busca da vitória.
Para começar, além de rever sua conduta com o RH, a empresa terá que gerir a cultura organizacional de olho no que acontece dentro e fora de campo, pois nenhuma companhia opera no vácuo; ela integra um universo sociocultural maior.
Recomenda-se, igualmente, evitar bola fora pintando o cenário institucional com cores que destoam da realidade social. Por exemplo, conflito é conflito mesmo e faz parte do esquema, lembrando que time bem treinado é capaz de driblar divergências e compartilhar boas jogadas.
A metáfora do jogo pode ser usada também como inspiração para que todos sejam motivados a vestir a camisa da empresa, se comprometendo a entregar resultados. Contribui inclusive para reforçar a sinergia entre turnos, a exemplo dos acertos de posições de jogadores, liderados pelo treinador ou capitão, nos intervalos de cada certame.
Por outro lado, dentro ou fora da empresa, a comunicação corporativa deve funcionar como ponta de lança. Seu papel neste caso é servir de contraponto aos efeitos tóxicos de boatos difundidos pela rádio peão, por exemplo.
O discurso corporativo tem que se mostrar sempre coerente com as práticas relacionais e de negócios da empresa. Para isso, deve expor com objetividade e transparência as crenças e valores que norteiam o propósito da organização, em qualquer circunstância.
Tais atitudes são cruciais para desconstruir narrativas que não expressam corretamente determinados fatos internos ou externos que possam contaminar negativamente o clima organizacional. Elas têm o poder de moldar o pensamento e a percepção dos funcionários no que diz respeito à defesa de interesses pessoais e coletivos.
Ressalte-se que a mentalidade competitiva é de extrema importância para a alavancagem de uma cultura inovadora de negócios. Mas o sucesso dessa estratégia depende, sobretudo, de como a empresa se movimenta, protagonizando ações socioculturais inspiradoras e eficientes, sem ignorar o que ocorre fora de seus portões.
Fatores adversos em relação aos objetivos almejados podem ocorrer dentro ou fora de uma organização, significando que o local e o global influenciam suas ações, onde quer que ela esteja situada. E só uma cultura moldada pela previsibilidade é capaz de sobreviver em meio a instabilidades e incertezas.
Mas para ser eficaz nesse cenário, terá que operar como um conjunto de ferramentas focados em resultados. Assim, de um lado, sua estrutura deve aparar arestas, como um guarda-chuva, e de outro, aliviar os efeitos de determinados danos, como se fosse um amortecedor ou para-choque.
Contudo, é preciso ficar claro que não existe um modus operandi padrão e racional, como dois e dois são quatro, apoiado em algum tipo de reengenharia. Da mesma forma, a cultura não prescreve regras para lidar com viés inconsciente, nem estipula paradigmas milagrosos de gestão de pessoas.
Mas ela é imprescindível para respaldar iniciativas institucionais inspiradas em habilidades, hábitos e comportamentos que facilitem o desenvolvimento de técnicas motivacionais e de treinamento, com foco em desempenho e ganhos de competitividade.
Na prática, impõe-se a necessidade de criação de um método flexível capaz de operacionalizar valores, crenças e pressupostos, buscando alinhar as atitudes e comportamentos dos colaboradores à dinâmica funcional da cultura. E dada sua posição de destaque na hierarquia de organizações de ponta, o RH é o facilitador estratégico na implementação e condução de mudanças culturais disruptivas.
Por fim, passada a fase crítica da pandemia, a empresa que não se deu conta de que são as pessoas que fazem a diferença, não assimilou corretamente o aprendizado do lockdown. Mas ainda há tempo de fazer a lição de casa, empoderando pessoas para acelerar resultados. Portanto, bola para frente.