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Ilton Caldeira

Quem ganha com o pacote trilionário de infraestrutura nos EUA

Vale está entre as empresas que podem ser beneficiadas, assim como os setores de máquinas, equipamentos pesados, energia limpa e equipamentos para redes de telecomunicações

Torre de telecomunicações

A Vale, uma das líderes mundiais na mineração, produz matérias primas vitais para o desenvolvimento e manutenção da infraestrutura da América | Foto: Getty Images

Após muitas semanas de negociações, o Senado Americano aprovou no início de agosto, via um acordo bipartidário, o projeto de infraestrutura de US$ 1,2 trilhão. De acordo com a Casa Branca, o pacote inclui quase US$ 550 bilhões em novos gastos e pode significar milhões de novos empregos na próxima década por meio de investimentos federais em estradas, pontes, internet banda larga, transporte público e geração de energia de fontes limpas.

O projeto agora vai para a Câmara dos Representantes, o que significa que ainda há um longo caminho até a iniciativa ser sancionada como lei.

Os investimentos em infraestrutura geralmente são populares entre os eleitores e parece ser uma das poucas áreas onde existe acordo entre Republicanos e Democratas.

Afinal de contas, manter a posição dos Estados Unidos como a principal economia do mundo não é algo que simplesmente acontece. É preciso investir e a administração Biden deixou bem claro que essa é uma grande prioridade.

É fato que muitas das iniciativas no projeto de lei podem levar alguns anos para apresentar sinais claros. Mas no mercado financeiro, alguns indicadores antecedentes podem dar pistas importantes com reflexos no preço de mercado das ações das maiores companhias ligadas ao setor de infraestrutura.

Conforme os investidores forem tentando se antecipar a uma possível valorização desses ativos, setores correlatos poderão ir a reboque do que talvez possa ser uma nova onda de alta sustentada.

Pelas projeções do governo e de alguns congressistas, os projetos financiados pelos recursos do pacote de infraestrutura podem gerar cerca de dois milhões de empregos por ano, ao longo de uma década.

Na lista dos principais ativos que podem se beneficiar desse cenário estão companhias que atuam nos setores de máquinas, equipamentos pesados, energia limpa oriunda de matrizes solar e eólica, equipamentos para redes de telecomunicações e mineradoras.

No radar das principais casas de análises financeiras os ativos de empresas sediadas nos Estados Unidos, assim como fornecedores externos estão sendo avaliados. Isso pode representar um incentivo para ativos brasileiros, como por exemplo a Vale.

A Vale é uma das líderes mundiais na mineração de níquel e uma importante produtora de cobre, ouro, prata e outros metais, além do minério de ferro. O ferro é usado principalmente na criação de aço, produto vital para o desenvolvimento e manutenção da infraestrutura da América.

Se os Estados Unidos de fato desfrutarem de um boom sustentado de construção, então os produtores de metais industriais de maneira geral deverão ser beneficiados. Isso seria a base para o otimismo dos analistas financeiros com as empresas desse setor listadas em bolsas de valores.

Ainda especificamente sobre a Vale, o enfoque da Lei Bipartidária de Investimento em Infraestrutura e Empregos na sustentabilidade também é um ponto de destaque. Para alguns analistas, chama a atenção o fato de a Vale ter um perfil de certa forma sustentável para uma companhia considerada da velha economia. É visto com bons olhos pelos investidores o fato de que boa parte da eletricidade utilizada pela companhia ser de fontes renováveis, principalmente solar e eólica.

É necessário frisar que isso não significa uma recomendação de investimentos e muito menos que esse cenário esperado irá se concretizar em um futuro próximo. Mas existem fortes indícios de como os mercados financeiros nos Estados Unidos já estão se posicionando na expectativa de que esses projetos se concretizem. Os próximos movimentos nesse tabuleiro deverão revelar em breve quem serão os ganhadores dessa nova onda de investimentos trilionários nos EUA.


Ilton Caldeira é jornalista de Economia e Política e especialista em Relações Internacionais pela FGV-SP. Nos Estados Unidos é Head de Comunicação da Dell’Ome Law Firm e sócio da consultoria Smart Planning Advisers.

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